Olho para o lado, e sinto o braço que lhe suporta a cabeça a deslizar lentamente. Inclino-me na cadeira da sala de cinema, e vejo que sim, ela já adormeceu. A uma meia hora do fim. Como é que tal é possível, com tanto barulho?!
Deixa-me incrédula, a princípio, mas até percebo. Não é só por ela estar cansada. É também porque, de facto, a fita está uns furos abaixo do primeiro filme, mais a nível de história que propriamente de acção. E esse foi um factor sentido por todos nós que nos deslocámos ontem ao Colombo para assistir a "Homem de Ferro 2".
A história tem lugar pouco tempo depois da que nos foi narrada no primeiro filme. Tony Stark (Robert Downey Jr.), que todos sabem ser a verdadeira identidade do Homem de Ferro, acaba de inaugurar a Stark Expo, uma exposição que pretende reunir as melhores invenções das mais brilhantes mentes criativas de todo o mundo, com um só objectivo: criar um futuro melhor para as gerações seguintes.
Mas nem tudo são rosas na vida do carismático Stark. Se por um lado se vê a braços com o governo norte americano e com o empresário Justin Hammer (um versátil Sam Rockwell), que quer a todo o custo ver-lhe cedida a tecnologia do fato do Homem de Ferro, por outro, a própria saúde de Tony tem-se vindo a deteriorar, por culpa do gerador que o mantém vivo, e que funciona à base de paládio, um composto que tem proporcionado um aumento dos níveis de toxicidade do sangue do empresário.
Para complicar ainda mais as coisas, surge uma entidade em busca de vingança... Ivan Danko (Mickey Rourke), filho de Anton Vanko, um físico russo que trabalhou, juntamente com Howard Stark, o pai de Tony, na criação do já referido gerador. Agora, usando essa mesma tecnologia, Ivan pretende repor a justiça para o seu pai, que morreu em declínio e absoluto esquecimento.
E claro, não descurando a vertente amorosa do filme, eis que também a relação de Tony e Pepper Pots (Gwyneth Paltrow) se ve "ameaçada", não só pelo facto de Tony tentar omitir o seu verdadeiro estado de saúde, como ainda pela presença de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) que vem como que balançar os sentimentos de Stark.
Uff... parece que abordei todos os pontos da história. Novos personagens, novas histórias que condimentam q.b. o caminho para o aguardado filme "The Avengers", com estreia prevista para 2012. Muitos pormenores podem ser referidos, desde o aparecimento do escudo do Capitão América, bem como a cena pós créditos em que aparece nada mais nada menos que um famoso martelo de um herói da Marvel...
Mas voltando à fita em questão. A profundidade e estudo dos personagens é um pouco descurada, é verdade, mas dado que está já confirmado um terceiro capítulo da série, pode ser que o espectador veja colmatada essa falha. De abonatório aparecem as sequências de acção que, embora tenham uma resolução demasiado rápida (tudo parece fácil para o herói vermelho e dourado), estão bastante bem conseguidas. E claro, a faceta de one man show do protagonista Downey Jr. ajuda amplamente na qualidade da fita, já para não falar da excelente banda sonora, numa onda maioritariamente AC/DC. Bom toque Jon Favreau.
É um blockbuster, e cumpre a sua função. Mas a verdade, é que um maior cuidado com a história teria sido bem vindo.
"It's good to be back!"
Nota Final: 7 / 10
- Somewhere
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