Coube a “Rogue”, filme australiano do mesmo realizador de “Wolf Creek”, dar as boas vindas a todos aqueles que no dia 2 deste mês se dirigiram ao Cinema São Jorge para a sessão de abertura do MOTELx.
Como diria o Diogo, “o videoclip do malogrado Michael Jackson, “Thriller”, foi a curta metragem non-official a passar antes do filme”, à semelhança de todas as sessões dos restantes dias do festival que contaram com o visionamento de uma curta (portuguesa ou internacional) antes da película em si.
Na presença de John Landis, responsável pelo já mencionado videoclip, desenrolou-se pois um filme que, contra alguma desconfiança, visto tratar-se de um monster movie (algo que me faz alguma confusão desde o triste “Lake Placid”), se provou um bom valor dentro do género.
A história passa-se numa Austrália remota, onde se encontra Pete McKell (Michael Vartan), um jornalista para uma revista de viagens. Lá, Pete embarca juntamente com outros turistas num passeio pelo rio do Kakadu National Park, por forma a observar crocodilos. Mas o que eles não esperavam era tornarem-se no principal alvo da besta...
Certamente pensará o espectador (e com razão) que estamos perante uma ideia mais que vista. O que diferencia então este “Rogue” dos restantes monster movies? A meu ver, a construção de personagens. Os momentos iniciais da fita são dedicados a conhecer os diversos tripulantes e a observar as belas paisagens com que Greg McClean nos brinda, tudo num estilo quase documental e que não deixa antever o momento que marcará o início do pesadelo para os personagens.
Num filme parco em sequências gore (uma vez que a maioria das mortes acontece em off-screen), Radha Mitchell e Michael Vartan (mais conhecido pelo seu papel na série Alias) são protagonistas à altura e não se excedem no típico “romance no meio de uma situação difícil”, construindo antes uma relação de mútuo respeito. Sam Worthington, mesmo que mal aproveitado, provou boas capacidades interpretativas, que certamente o ajudaram a conseguir o protagonismo em “Terminator Salvation”, a par de Christian Bale. A ter em atenção.
Pecando um pouco nos efeitos especiais finais do crocodilo e trabalhando alguns dos momentos de maior tensão com uma adequada banda sonora, “Rogue” é acima de tudo um filme consistente, que nos coloca em intímo contacto com a complexidade humana e que, dentro das suas impossibilidades, consegue ainda assim ser plausível em determinados pontos, fugindo do ridículo a que se renderam alguns dos seus antecessores.
Uma abertura digna!
“Are you sure you want to be the last one across?”
Nota Final: 8 / 10
- Somewhere
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- Blue Valentine
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