E se de repente... perdesse a visão?
É esta a premissa de “Blindness”, a adaptação cinematográfica do livro “Ensaio Sobre A Cegueira” do Nobel da Literatura, José Saramago.
A história tem início quando, sem razão aparente, várias pessoas começam a perder a visão. Sem conseguir perceber o que realmente se passa, o governo opta por colocar em quarentena, num hospital abandonado, todos aqueles que ficaram cegos. Julianne Moore interpreta a única personagem que, embora não sofra da “doença”, vai para o hospital por forma a acompanhar o marido, um médico interpretado por Mark Ruffalo. Lá, ela acaba por se tornar o pilar de apoio dos doentes confinados àquelas quatro paredes...
Embora tenha reconhecido em Mark Ruffalo características que me deixaram inicialmente desagrada com a sua prestação certo é que, com a continuação do filme, ele conseguiu a merecida “redenção”, tornando mesmo a sua personagem numa das mais complexas e interessantes. Já Julianne Moore está perfeita no papel. A sua inexpressividade em algumas situações não deixam antever as ideias e acções futuras da personagem, o que acaba por prender o espectador. O restante elenco revela-se competente, nomeadamente Danny Glover e Gael Garcia Bernal.
A nível técnico, há que mencionar aquele que, para mim, é o aspecto mais significativo: a fotografia. A fotografia do filme é de uma crueza impressionante, conferindo bastante realismo à fita. As cenas do hospital roçam mesmo o perfeito pois conseguem fugir a planos bonitos, focando-se numa vertente mais suja, fria e decadente, perfeitamente descritiva da situação em que as personagens se encontram.
“Blindness” é assim, uma adaptação bem conseguida, com toques de cariz apocalíptico, que consegue ser bastante “pesada” em algumas cenas. Recordo-me de uma em particular que envolve as mulheres que se encontram no hospital e que, por forma a obterem comida, se vêem numa situação completamente degradante para qualquer ser-humano. Quem teve oportunidade de ler o livro, ou ver o filme, saberá certamente a que cena me refiro.
É um bom filme, e prova disso, é que teve a capacidade de comover mesmo o próprio Saramago.
“The only thing more terrifying than blindness is being the only one who can see.”
Nota Final: 8 / 10
- Somewhere
- 127 Hours
- Blue Valentine
- The Dilemma