No passado ano, Steven Soderbergh produziu uma película de 4 horas e 28 minutos de duração, dividida em duas partes, que se centra na história de uma das mais carismáticas figuras políticas de todos os tempos: Ernesto “Che” Guevara (Benício Del Toro).
Valendo-se de saltos temporais aleatórios, esta primeira parte da fita aborda desde a entrada do argentino para as tropas de Fidel, até à sua participação na revolução cubana, em 1959, e ao dia em que discursou como representante de Cuba, nas Nações Unidas, em 1964.
Médico, soldado, político, o homem que foi considerado uma das personalidades mais importantes do século XX pela revista Time, é aqui retratado de forma isenta de potênciais tendências mais ou menos abonatórias. Benício Del Toro tem uma interpretação invejável, jogando com o seu semblante carregado, mas ao mesmo tempo cativante, que permite expôr o vasto leque de facetas de um homem encarado como assassino por uns, e herói por outros. Todo o restante elenco revela-se competente nas suas prestações, conferindo consistência ao filme.
Visualmente agradável, introspectivo, numa latente pacatez de narrativa, “Che, O Argentino” vale-se ainda de imagens reais para conseguir a solidez necessária à história. O cuidado com a fotografia não foi esquecido, verificando-se um jogo de imagens coloridas com outras a preto e branco, para enaltecer emoções, e demarcar os espaços temporais em que a história se encontra.
De referir ainda que a banda sonora, embora discreta, é a mais indicada, apresentando-se somente em determinados momentos. E foi boa a metodologia de manter o espanhol como língua dominante da fita.
Em tom conclusivo, penso que o único senão é mesmo a falta de dinâmica em determinadas cenas. Mas é sem dúvida um filme bem conseguido, e das mais interessantes estreias desta semana. Fico à espera da segunda parte.
“Patria o muerte!”
Nota Final: 7.5 / 10
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