A história de “Caramel” prende-se com 4 amigas, Layale, Nisrine, Jamale e Rima, que trabalham, ou no caso de Jamale, frequenta, um cabeleireiro em Beirute, o Si Belle. Layale (Nadine Labaki) é uma bela mulher que mantém um relacionamento com um homem casado, embora desconheça tal facto. Nisrine (Yasmine Al Masri) é uma jovem de origem muçulmana que se encontra de casamento marcado. Porém, algo compromete a sua felicidade plena... Apaixonada, teme a reacção do noivo Bassam (Ismail Antar) ao descobrir que ela já não é virgem. Jamale (Gisele Aouad) é uma antiga actriz de novelas e estrela da publicidade. Divorciada e mãe de dois filhos, trava uma batalha contra o seu envelhecimento, ao qual não se consegue adaptar. E Rima (Joanna Moukarzel), que nunca se tendo apaixonado, tenta agora lidar com a atracção que sente por outras mulheres, em especial por uma cliente do salão.
As suas vidas estão interligadas com mais duas outras personagens que, a meu ver, são dois fortíssimos valores deste filme: Lili e Rose. Lili (Aziza Semaan) é uma idosa que vive presa à ideia de um amor passado, dedicando-se agora a apanhar qualquer papel que encontre na rua, dizendo sempre tratar-se de cartas de, ou para, esse seu amor. Facto, é que a sua personagem transmite o receio de qualquer idoso: mais que o abandono físico, o sentimental, aquela proximidade de alguém que realmente se importe. E para ocupar esse lugar, Lili tem Rose (Sihame Haddad), a sua irmã mais nova. Porém, chegou a vez de Rose se apaixonar, mas... conseguirá ela conjugar esse amor com todos cuidados que Lili necessita?
Seguindo um ritmo bastante interessante, sem se deixar cair no exagero dramático e jogando com uma fotografia em tons predominantemente dourados (extemamente bem conseguidos diga-se, um festival visual simples e irrepreensível), esta película permite ao espectador deliciar-se com uma história que, embora coerente, desenvolve um considerável número de temáticas, desde o amor na terceira idade, até ao adultério, homossexualidade, menopausa entre outros.
Abordando todos os focos da narrativa com extremo bom gosto, este “Sukkar Banat” é sem dúvida uma mais valia dentro dos filmes do género, permitindo um envolvimento imediato com todas as personagens que nos são introduzidas, bem como com todos os seus sentimentos, sejam eles de medo ou confiança, alegria ou desânimo.
Para essa condição contribuiu, não só a latente entrega de todos os actores do filme (todos num elevado nível de representação) como também a criatividade de diversas cenas que conseguem produzir no espectador um vasto leque de emoções.
Sedutora, fascinante e genuína. Assim é esta apaixonada dedicatória da directora, e protagonista, Nadine Labaki ao seu país de origem. A não perder!
Nota Final: 7.5 / 10
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