Não fosse eu uma fã confessa de filmes passados em mundos fantásticos, não teria aguardado expectante por esta adaptação do primeiro livro da série “His Dark Materials” de Philip Pullman.
Embora não tivesse ainda lido o livro, a sua premissa pareceu-me interessante, por isso, encontrei no escuro de uma sala de cinema o palco ideal para conferir este filme. Decorria o Natal de 2007, e foi sem dúvida uma opção que me agradou. E até certo ponto, não me arrenpendi. Gostei realmente do filme embora consiga apontar-lhe algumas das falhas que o levaram a ser tão criticado, e a ver mesmo a sua continuidade enquanto trilogia comprometida.
Mas antes de mais, a sinopse. “A Bússola Dourada” conta-nos a história de Lyra Belacqua (Dakota Blue-Richards), uma jovem que reside, juntamente com outros orfãos, no Jordan College, em Oxford, num mundo paralelo ao nosso. Nesse mundo, o espírito de um indíviduo não está no seu interior, mas sim lado a lado com o seu dono, sob a forma do animal que melhor o caracteriza, a que se dá o nome de daemon. Lyra, por exemplo, por ser ainda uma criança, vê o seu daemon sofrer várias alterações ao longo da história, isto porque a sua personalidade ainda está em formação. Já deu para reparar que foi uma das partes que mais me agradou no filme, não é verdade? Mas continuando...
No colégio, ela ouve uma conversa entre o director e Fra Pavel (Simon McBurney), um representante do Magisterium, a ordem religiosa que governa aquele mundo, onde este assume a ameaça que a ordem sente pela descoberta da “Poeira”, uma estranha partícula que permite a transição entre os mundos paralelos e cuja menção foi proibida. Quem fez essa descoberta foi precisamente Lord Asriel (Daniel Craig), o tio de Lyra, que por querer prosseguir com o estudo de tal fenómeno vê a sua vida correr grande perigo. Isso, bem como o desaparecimento do melhor amigo Roger e a chegada da misteriosa Mrs. Coulter (Nicole Kidman) são os principais motivos que levam Lyra a embarcar na viagem da sua vida, rumo às Terras do Norte. Com a ajuda do seu daemon, Pan, e com o auxílio de uma estranha bússola que permite ao seu portador reconhecer a verdade das situações, conseguirá a pequena jovem salvar o seu mundo, e o nosso?
Levantando uma onda de contestação por parte da igreja católica, que chegou até a emitir um comunicado contra o filme e série de livros, ou não fossem as semelhanças com a estruturação hierárquica praticada no Vaticano, “The Golden Compass” brilha em efeitos especiais, (especialmente os utilizados na concepção dos daemons), efeitos sonoros, fotografia e guarda-roupa.
Existe porém uma edição excessiva do filme que acaba por corromper o desenvolvimento de alguns segmentos da história, confundindo o espectador. E o facto de ter sido concebido para seguir a linha de “filme de Natal para crianças” fez perder um pouco o fulgor que poderia ter sido retirado da história de Pullman.
A nível interpretativo, contamos com nomes sonantes como Nicole Kidman, Daniel Craig, Eva Green e Sam Elliot, que se encontram competentes nos seus papeís. Mas quem se destacou foi sem dúvida a estreante Dakota. Embora deva dizer que a personagem de Nicole me conseguiu intrigar em determinados momentos, deixando-me de sobremaneira curiosa quanto ao que o destino lhe reserva.
Não será certamente o melhor filme dentro do género cinematográfico em que se insere, mas ainda assim, penso que está capaz de captar uma interessante dose de atenção. E agora, resta aguardar pela sua continuação...
“There are many universes and many Earths parallel to each other. Worlds like yours, where people's souls live inside their bodies, and worlds like mine, where they walk beside us, as animal spirits we call daemons.”
Nota Final: 7 / 10
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