“Hit me. I'm serious, I can't feel anything, hit me! Again, do it harder! I can't feel anything, this is awesome!”
É de uma forma brutal e descontrolada que “Treze” tem início, deixando antever desde logo o que poderá ser visto no filme: a forma como uma vida pode mudar de um dia para o outro, quase ao ponto de se ver destruída.
E a vida de Tracy (Evan Rachel Wood), não era assim. Há 4 meses atrás era uma carinhosa jovem de 13 anos, boa aluna, amiga da família... Até se deixar fascinar pelo mundo de Evie (Nikki Reed). Um mundo de extremos, que envolve sexo, crime, drogas e álcool, e no qual Tracy se deixa cair por forma a ser aceite no grupo mais popular do liceu.
Mas, afinal, a jovem já não se encontrava totalmente bem. Fumava, auto-mutilava-se... tudo por forma a aliviar a dor que sentia pela separação dos pais. A relação com Evie só veio piorar as coisas, e tudo começa a desabar no mundo de Tracy. Resta saber se terá ainda forças para escapar a essa contínua espiral de destruição...
A fita que marcou a estreia de Catherine Hardwicke enquanto realizadora, teve a sua única nomeação ao Óscar na categoria de Melhor Actriz Secundária para Holly Hunter, que interpreta Melanie, a mãe de Tracy, sendo pois obrigatório referir a prestação dos actores. Desde Hunter até às protagonistas Reed e Rachel Wood, há um esforço que se pode (e deve) confundir com uma chamada de atenção para as diversas situações descritas no filme, e que conseguem através de uma enorme entrega, bem visível nas cenas de maior carga dramática.
Para isso, bem como para uma maior veracidade do argumento, contribuiu também a co-autoria do guião a cargo de Nikki Reed. Juntamente com a realizadora, a actriz que agora podemos ver no fenómeno “Twilight”, curiosamente também ele realizado por Hardwicke, pôde dar um pouco mais de si à fita ao abordar situações pelas quais ela própria passou enquanto adolescente.
O recurso à técnica de filmagem “câmara na mão” é também bastante abonatório para a ideia que se pretende transmitir. São acções complicadas de explicar, mudanças repentinas, um mundo complexo, um turbilhão de emoções, factores cuja visualização se torna mais fácil e credível com os rápidos e trémulos movimentos da câmara. Bem pensado e executado.
Com bons pormenores, nomeadamente no jogo de cores que atravessa todo o filme, caracterizando também ele a destruição de Tracy enquanto pessoa, “Thirteen” desenha-se como um retrato nú e perturbador de infâncias perdidas e de erros que podem ser irremediáveis. Alguns espectadores poderão mesmo encará-lo quase como que uma versão (muitíssimo!) mais light de “Requiem For a Dream”, ou como um sucessor da história de Christiane F. de “Os Filhos da Droga” mas, ainda assim, por mais paralelismos que se encontrem, consegue seguramente dar cartas na sua categoria. Choca e dá que pensar.
Nota Final: 8 / 10
- Somewhere
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