Baseado no livro homónimo de Neil Gaiman (o mesmo criador de “Stardust"), eis que Henry Selick, o realizador responsável pelo fantástico “The Nightmare Before Christmas”, nos faz chegar “Coraline”, uma menina de 11 anos que acaba de se mudar com os pais para a cidade de Oregon, para uma mansão com mais de 100 anos chamada “Palácio Cor-de-Rosa”.
Apesar do local ser apto a explorações, de conhecer um estranho rapazinho da sua idade, e de os restantes inquilinos da mansão serem algo caricatos (as artistas Spink e Forcible, e o Sr. Bobinsky), Coraline (Dakota Fanning) depressa se aborrece. Os pais estão cheios de trabalho e não dispensam muita atenção à filha, sugerindo a esta que explore a casa. E é durante a sua incursão que Coraline dá de caras com uma estranha porta que serve de passagem para um mundo alternativo onde a sua vida é em tudo mais alegre. Ou pelo menos, é o que parece...
Conseguindo abranger um público mais vasto, “Coraline e a Porta Secreta” pode em alguns momentos chegar a ser desconfortável para as crianças. Não digo que não seja direccionado para elas, pelo contrário, mas alguns segmentos, nomeadamente o final, vai um pouco mais além do habitual em matéria de “susto”. Ainda assim, é inegável o facto de estarmos perante uma boa aposta dentro do género.
Com animadas e coloridas sequências, como o florescer do jardim do outro mundo, por exemplo, e pelos próprios personagens, cuidadosamente criados pelo processo de stop motion (uma modalidade de animação em que são utilizados modelos reais, a partir dos quais são necessárias 24 frames para cada segundo de filme, sendo que os modelos são fotografados frame a frame), Selick brinda-nos com uma película criativa, inteligente e visualmente irrepreensível que nos transmite a ideia de que, por vezes, aquilo que desejamos pode não ser o melhor para nós. E que se soubermos esperar, se tivermos paciência, os bons momentos chegam para ficar. Selick não se opõe ao sonho, apenas enaltece uma realidade de acordo com o que temos. E fá-lo através de uma personagem que, embora criança, apresenta já uma personalidade vincada e que não nos deixa indiferentes.
Devo ainda parabenizar a dobragem portuguesa, em especial Nuno Lopes, que dá voz ao curioso Mr. Bobinsky, e a Ana Bola e Maria Rueff que nos deliciam com as divertidas Miss Spink e Miss Forcible.
Com tamanha qualidade, não se admire pois o espectador de ver atribuída a “Coraline” uma nomeação a melhor filme de animação na próxima cerimónia dos Óscares. É sobejamente merecida!
“You probably think this world is a dream come true... but you're wrong.”
Nota Final: 8.5 / 10
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