Se deixar a crítica em branco fosse uma fiel representação do silêncio que se abateu sobre a sala 3 do cinema São Jorge após a visualização desta curta, então, seria mesmo isso que deveria fazer.
Por falta de compreensão do final (confesso que foi o meu caso) ou simplesmente por desilusão, certo é que “Lazarus Taxon” não arrancou sequer um solitário bater de palmas.
Encarando as mudanças climatéricas como agente apocalíptico, acompanhamos a jornada de um pai (Ariel Casas) que transporta o cadáver da filha (Maia Jenkinson), para que esta possa ser ressuscitada.
Paleontológicamente falando, o nome desta curta de Denis Rovira van Boekholt refere-se a uma espécie que deixou de existir, mas que reaparece anos mais tarde. Funciona portanto como metáfora para o que aquele homem cansado, desesperado, mas que ainda assim encontra forças graças ao amor incondicional pela filha, procura ao atravessar o Novo Mar num simples bote.
A príncipio somos atraídos por uma caracterização sublime, deslumbrantes planos de acção e uma fotografia sombria e envolvente, que funciona como promessa de algo maior por vir. O cenário de devastação e isolamento é uma mais valia, mas, no final, vê-se dilacerado por um conjunto sem nexo de acções que comprometem o esforço imposto nestes 15 minutos.
O estudo do sofrimento humano, com prismas sobre o medo e a fé que promovem a ideia de um futuro provável, em que a sobrevivência e os limites do ser humano são postos à prova, será certamente o mais apelativo da curta. Alguns chamar-lhe-ão “incompreendido”, e talvez com razão. Vale pelos minutos iniciais e por uma premissa que merecia um desfecho mais elaborado.
“Todo irá bien hija...”
Nota Final: 7 / 10
- Somewhere
- 127 Hours
- Blue Valentine
- The Dilemma