Antes de mais devo dizer que me surpreendeu bastante a não nomeação de “Revolutionary Road” na categoria de Melhor Filme (em detrimento de “The Reader”) porque, de facto, merecia.
Baseado no romance homónimo de Richard Yates, “Revolutionary Road” conta-nos a história de Frank (Leonardo DiCaprio) e April (Kate Winslet), um casal que se encontra desiludido, e até mesmo revoltado, com o rumo que as suas vidas tomaram. Casados e pais de dois filhos, viram todos os seus sonhos e ideais caírem por terra.
Frank, que não quer seguir os passos do pai e ser o simples marido que tenta sustentar a sua família, e April, a quem não agrada minimamente a ideia de ser a perfeita dona de casa, planeiam viajar para Paris numa tentativa de combater esse vazio que se tornou a sua vida. Mas... estarão ainda a tempo?
A escolha dos protagonistas do filme não poderia ter sido melhor. Sente-se um amadurecimento da química entre DiCaprio e Winslet, o que lhes permite conferir às personagens uma credibilização do amor que os une, mas também a culpa que atribuem um ao outro pelo estado de decepção e apatia em que se encontram. A revolta que existe nos personagens está muito bem conseguida pois não se deixa cair no exagero (fácil em filmes do género dramático). De mencionar ainda a interpretação de Michael Shannon como John Givings, a única personagem que, no meio da sua “loucura”, conseguia compreender verdadeiramente o desespero do casal.
A fotografia, a discreta banda sonora, a filmografia, e o guião bem adaptado conferem uma sólida coerência a esta fita que funciona como crítica ao pré-estabelecido modo de vida da sociedade. Porque outrora, Frank e April foram aqueles jovens que disseram “nunca nos vamos moldar a nada, e nunca vamos deixar de perseguir os nossos sonhos”... mas não... deixaram muito por fazer. E é essa a abordagem que devemos fazer ao filme. Perceber até que ponto estamos cientes das nossas ambições, se estamos dispostos a lutar por elas contra todos os comodismos e, assim, não nos deixarmos subjugar ao “funcionamento” desta sociedade em que vivemos. Porque do tudo, se faz nada, em questão de segundos.
“I saw a whole other future. I can't stop seeing it.”
Nota Final: 8 / 10
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