A BBC Films apresenta um dos 10 nomeados ao Óscar de Melhor Filme na cerimónia deste ano: “An Education”. A sua história resume-se no seguinte...
Jenny (Carey Mulligan) é uma jovem estudiosa e empenhada, quase a terminar o liceu, e cujo maior sonho (ou será o sonho dos pais?) é entrar na Universidade de Oxford. Um dia, a jovem trava coonhecimento com David (Peter Sarsgaard), um homem mais velho e bem parecido. Apaixonam-se, mas a verdade sobre a identidade David, que proporciona a Jenny um mundo pautado por concertos, exposições e requintados restaurantes, está um pouco mais longe do que seria de supor...
Antes de me alongar mais, devo dizer que apreciei bastante os créditos iniciais. Penso que já o disse uma vez, aquando da crítica a “Rock N' Rolla”, mas nunca é demais frisar certos pontos. É em pequenos pormenores, como nos créditos iniciais, que não são certamente um grande foco de interesse para a maioria da audiência, que se pode mostrar um amor pela arte de fazer cinema, e não um simples “vamos fazer mais um filme”. Deve existir sempre um cuidado especial na abordagem de todas as fases de uma fita, e isso é sempre agradável e reconfortante de verificar. E aqui, seguramente que a realizadora Lone Scherfig não deixou créditos por mãos alheias.
Um fiel retrato dos anos 60, com uma banda sonora, fotografia e cenários apelativos e em conformidade com as performances do actores. Devo porém realçar Alfred Molina, numa personagem que tanto tem de divertida, como de sensível, marcando alguns segmentos da acção, Dominic Cooper que me fez esquecer totalmente o desaire da sua prestação no musical “Mamma Mia!”, e claro, como não podia deixar de ser, a protagonista Carey Mulligan, que viu inclusivé o seu esforço recompensado pela nomeação ao Óscar de Melhor Actriz (tendo já arrecadado o BAFTA).
Outro ponto a favor é a sensibilidade com que é permitido deixarmo-nos envolver pelo mundo que fascina Jenny. As artes, desde a pintura, até à música, passando pela deliciosa e requintada comida... É apaixonante e diria até mesmo, inebriante, a maneira como se nos apresentam essas vidas cosmopolitas dos protagonistas, e dos seus 2 amigos Danny (Dominic Cooper, num papel que esteve destinado a Orlando Bloom) e Helen (Rosamund Pike). Brilhantemente captado.
E claro, não posso deixar de mencionar as questões que se levantam durante o filme. Até que ponto é importante para um indivíduo fomentar a sua educação, a sua escolaridade? Terá de abdicar dela para usufruir de prazeres como viagens, por exemplo? Ou será para ele mais compensador valer-se dos seus conhecimentos para analisar melhor aquilo de que disporá no futuro? Para Jenny, tudo isto se lhe apresenta com uma complexidade acrescida. Numa época em que as mulheres com estudos estavam quase que “condenadas” a serem ou professoras ou secretárias, ou muito simplesmente, donas de casa, o que passará na cabeça de uma jovem vanguardista, com sede de descoberta e uma paixão imensa por um mundo em que as artes têm papel predominante? Conseguirá ela acesso a tudo o que David lhe proporcionou se continuar os seus estudos? Aprederá mais na “escola da vida” do que na Universidade de Oxford? São estas as principais questões que o espectador colocará a si próprio ao longo da fita e que serão um dos mais importantes focos da mesma.
Cinema clássico no seu máximo esplendor. Assim será a mais justa forma de classificar “Uma Outra Educação”. Competente, interessante, cativante e imperdível, é quase certo que não arrebatará a estatueta dourada, mas a distinção para tal é indubitávelmente merecida.
“If you never do anything, you never become anyone.”
Nota Final: 8.5 / 10
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