Tim Burton? Onde? Um mero vislumbre. Apenas.
Bem, mas primeiro a sinopse. A história é já conhecida de todos, mas desta vez, há uma ligeira diferença. Estamos perante o regresso de Alice ao País das Maravilhas, e não perante a sua primeira incursão naquele mundo. Volvidos 10 anos, a jovem parece ter-se esquecido de tudo o que ali passou, encarando as suas peripécias como um qualquer sonho que tivera em criança.
Mas o que ela não sabe, é que terá de se recordar de quem é realmente, e assim ajudar a salvar os habitantes daquele País, agora governado pela Rainha Vermelha, a quem nada mais interessa que cortar cabeças e assistir à sedutora vassalagem de Stayne, o Valete de Copas. Alice contará ainda com a ajuda dos seus amigos Mad Hatter, o gato Chesire (um dos melhores efeitos CGI do filme) e a lagarta Absolum (personagem à qual Alan Rickman dá voz, roubando todas as cenas em que “aparece”). Conseguirá ela cumprir a profecia e livrá-los a todos do domínio da estridente Rainha?
Munida dos cansativos óculos 3D (sim... esta tecnologia começa a desgastar-me, especialmente em filmes cujos elementos nada justificam a sua utilização), entrei para a sala de cinema com elevadas expectativas. Afinal, é de um filme de um dos maiores génios do cinema actual de que estamos a falar! Porém, quase 10 minutos depois do início, dei por mim a semicerrar os olhos. E o porquê, tornou-se bastante óbvio...
Nesta nova “Alice”, muitas das características que compõem, habitualmente, os filmes de Burton, que já nos trouxe grandes pérolas como “Edward Scissor Hands”, por exemplo, foram-me quase que imperceptíveis, com excepção claro para as participações de Johnny Depp e Helena Bonham Carter, carismáticamente irrepreensíveis, as usual.
“Calma, tenho de reflectir. Tem de haver uma causa... Estamos a assistir a um filme da Disney, pelo que existem componentes burtianas que não seriam aceites num filme para crianças”, pensei. “Vou aguardar mais um pouco antes de me precipitar em avaliações menos positivas”. Nisto, entra em cena Depp, que é, sem dúvida, a alma da fita. Valeu por ele, alguns bons momentos. Contudo, cedo percebi que um ou dois actores não bastam para carregar às costas o peso de milhões de dólares de investimento numa película. E nesse par de boas interpretações, não me refiro certamente à protagonista Mia Wasikowska, cuja total inexpressividade me fez sentir defraudada com tão fraca heroína.
Desinspirado, monótono e incapaz de nos levar para o tão falado País das Maravilhas. E se Alice demorou 10 anos para lá voltar, a mim bastaram-me os primeiros 10 minutos, para perceber que a minha odisseia iria ficar áquem do que esperava. Está longe do melhor de Burton.
Sendo assim, é caso para se dizer “Off with their heads!”.
Nota Final: 6 / 10
- Somewhere
- 127 Hours
- Blue Valentine
- The Dilemma