Sinceramente... esperava pior! Pela mão do realizador Michael J. Basset, chega-nos a adaptação cinematográfica de um dos heróis criados por Robert E. Howard (responsável também por Conan, entre outros que permitiram criar um sub-género da fantasia conhecido como sword and scorcery). Esse herói é Solomon Kane (James Purefoy), um mercenário cuja alma está condenada ao Inferno. Após mais uma carnificina ao seu comando, Solomon tem um inesperado encontro com o ceifeiro do Diabo, que vem reclamar a sua alma. Porém, a resiliência de Solomon consegue protegê-lo desse triste destino, e durante um ano manteve uma vida de paz, abdicando de toda e qualquer forma de violência.
Um dia, é aconselhado por um padre a voltar às suas origens, por forma a conseguir a sua redenção. Solomon dá então início a uma solitária jornada por terras pautadas por foras da lei e por um temível exército ao serviço de Malachi, um feiticeiro servente do próprio Diabo e que tenciona tornar-se senhor de todas aquelas terras. E é durante a sua caminhada que Solomon é abordado por uns saqueadores que o deixam bastante mal tratado. Mas, aparentemente, a sorte está do seu lado ao ser socorrido, e acolhido, por uma família de puritanos. Estabelece-se entre eles uma profunda relação de compreensão, e Solomon parece finalmente em paz... até que algo de inesperado acontece. A família é atacada pelo exército de Malachi, sendo que desse ataque resulta a morte de quase todos os membros da família e ainda a captura da filha mais velha do casal, Meredith (Rachel Wurd-Hood).
Cabe agora a Solomon salvar Meredith e assim alcançar a sua redenção.
A verdade é que entrei na sala de cinema cansada e sem grandes expectativas. E apesar de ter a cabeça noutro lugar, o filme teve a capacidade de me prender a atenção aos poucos, e isso por si só já é uma vitória. Claro que não é daqueles incontornáveis, e muito menos livre de erros (assim de repente veio-me à cabeça uma cena da captura da família que acolheu Solomon... o irrealismo no seu desempenho fez-me esboçar um ou outro sorriso perante o que estava a assistir, mas nada de alarmante), mas está bem construído.
A dicotomia entre o bem e o mal, a religião e a morte, são pontos que quando bem trabalhados têm material de sobra para proporcionar um bom projecto, e “Solomon Kane” consegue alguns rasgos de “bom filme” nos cenários e construção da personagem protagonista (menção especial para Purefoy, que se apresentou a um bom nível interpretativo). Porém, a previsibilidade do guião é notória, e este filme de baixo orçamento acaba por sofrer com isso. Deixa-se ficar um pouco pelo selo de “tentativa de deja-vú de Lord of The Rings”, e peca essencialmente pelos diálogos forçados e desinspirados. Já para não falar do culminar de acção demasiado rápido e simples que deixará certamente uma sensação de vazio em alguns espectadores (algumas das criaturas poderiam (e deviam!) ter sido melhor aproveitadas...).
Ainda assim, a película que marcou a sessão de abertura do Fantas 2010, e que (curiosamente!) acabou mesmo por arrecadar o prémio do Público, faz-se compor por um bom ritmo narrativo que me fez questionar o porquê do intervalo. Foram 120 minutos nada cansativos e de entretenimento q.b..
“There are many paths to redemption, not all of them are peaceful.”
Nota Final: 6 / 10
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