Noite de Halloween. 4 histórias intrinsecamente ligadas. Nada confuso, nada decepcionante. Simplesmente... soberbo!
Desta forma se resumiria aquela que foi, pelo menos para mim, uma das melhores surpresas a nível de longas metragens nesta terceira edição do MOTELx.
A premissa deste "A Noite de Todos os Medos" prende-se com as acções que conseguem relacionar 4 histórias tão diferentes como a de um professor que mantém uma vida secreta como serial killer, uma jovem virgem que aguarda pela pessoa certa, um grupo de jovens que prepara uma terrível partida, e ainda um velho rabugento com um segredo do passado prestes a ressurgir.
Contando com nomes como Dylan Baker, Anna Paquin, Brian Cox e Lauren Lee-Smith no leque de actores, não será difícil concluir que a fita saiu a ganhar em matéria interpretativa. Anna e Lauren, em particular, conseguem abrilhantar aquela que encaro como a melhor história em termos visuais. Recordo-me de imediato de uma transformação que quem tiver oportunidade de visualizar, saberá certamente ao que me refiro. Muito bem conseguida.
Uma outra mais valia da película prende-se com a abordagem às diferentes histórias como se de uma banda desenhada se tratasse. Um bonito e envolvente “separador” que ajuda o espectador a acompanhar melhor o desenrolar da fita, uma vez que esta se apresenta num “trás para a frente” constante, interligando as mais diversas personagens.
Outro pormenor que me cativou foi o jogo de comédia com um terror mais “sério”. As gargalhadas foram audíveis na sala, mas também não faltaram os comuns saltos na cadeira. Tudo se conjugou impecávelmente para um produto final coerente, interessante, original e divertido. Algumas sequências poderão até lembrar um qualquer episódio da série televisiva “Arrepios”, mas desengane-se o espectador ao pensar que isso é mau. Pelo contrário.
Considerado um dos melhores filmes sobre a festiva época do Halloween, desde... pois bem, “Halloween” de John Carpenter, “Trick r’ Treat” apresenta-se como uma lufada de ar fresco dentro do género, sendo extremamente injusto o seu lançamento directo para DVD.
Inteligente, provocador, onde nem tudo é o que parece. É assim se compõe uma película imperdível e que conquistou calorosos aplausos nos festivais de cinema em que se apresentou.
“Always check your candy.”
Nota Final: 9 / 10
“Mais valia ter ficado em casa…”
Foi desta forma que se expressou a maioria das pessoas que assistiram à película de Fabrice Du Welz, “Vinyan”. E devo dizer que concordo com elas.
Jeanne (Emmanuelle Béart) e Paul Belmer (Rufus Sewell) são um casal que vive preso à memória do filho, Joshua, que desapareceu no tsunami de 2004, na Tailândia. Porém, Jeanne sempre manteve a esperança de o filho estar vivo, muito pelo facto do corpo nunca ter sido encontrado. Agora, 6 meses depois, ao assistir a uma cassete filmada na Birmânia, Jeanne pensa ter vislumbrado Joshua.
O casal começa então uma busca desenfreada pelo filho, pelos estranhas e perigosas selvas tailandesas, onde o tráfico de crianças é uma constante.
Perturbador q.b., “Vinyan” desenrola-se monótonamente por entre paisagens deslumbrantes, mas pouco mais há a retirar do filme. Béart que nos costuma brindar com boas interpretações simplesmente não teve força para fazer frente a um enredo mundano, sem nexo e que peca por alguma falta de explicações.
Um outro factor que pode deixar os espectadores defraudados prende-se com a publicidade que se fez sobre o filme. Tudo leva a crer que estamos perante um filme de terror, no sentido lato da palavra, quando o que realmente se nos apresenta é um drama psicológico, com algumas cenas um pouco mais fortes mas que dificilmente justificam a tendência que se induz nos potenciais espectadores. O filme perde, e nós também. Se até o próprio realizador diz que “não de trata de um filme de terror”, não se percebe a insistência da produtora em proporcionar tal engano. Mas adiante...
Algumas questões ficaram sem resposta e o espectador fica sem saber até que ponto todos os “condenados” pelos Vinyan (os espíritos de alguém que foi morto sob terríveis circunstâncias, e que aparecem na fita sobre a forma de crianças... ou pelo menos, será essa uma das explicações) merecem ou não a sua punição.
A fotografia e efeitos competentes não são suficientemente fortes para desculpar as situações inusitadas, sendo bastante fácil concluir que estamos perante uma das grandes desilusões que passou pelo MOTELx. Vale pelos minutos iniciais, com uma entrada “ensurdecedora” e envolvente. Já o final... é melhor nem falarmos nisso.
“You let him go.”
Nota Final: 4 / 10
Como reescrever a história da Segunda Guerra Mundial? Embora seja uma pergunta algo estranha e complicada, o incontornável Quentin Tarantino responde com uma simplicidade incrível, bem ao seu jeito violento com um toque delicioso de comédia. Mas vamos à história.
Inglourious Basterds divide-se praticamente em duas histórias que na verdade nunca se chegam cruzar directamente. De um lado temos a história de Lt. Aldo Raine (Brad Pitt) que lidera os Basterds, um grupo de homens com o objectivo de matar o máximo de alemães que conseguir, e com o objectivo de o fazer em terrenos franceses. A segunda história fala de Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), uma judia que consegue em jovem fugir à perseguição de Col. Hans Landa (Christoph Waltz) que tem a reputação de nenhum judeu lhe fugir.
Tarantino um dos realizadores mais irreverentes da actualidade, volta à ribalta depois dos êxitos de Pulp Fiction e Kill Bill, e com toda a justiça diga-se de passagem. Sacanas Sem Lei (como é chamado aqui para as nossas bandas) é um filme inteligentemente realizado, com diálogos de qualidade elevada (destaque para a cena no restaurante entre Mélanie Laurent e Christoph Waltz), cenas de violência extrema com um cariz quase humorístico bem ao estilo de Tarantino e uma história algo alterada mas que mais de metade do planeta gostaria que fosse verídica.
Em aspectos técnicos nada a apontar. Com uma banda sonora perfeita a acompanhar todas as cenas, os efeitos de imagem não ficam atrás e nem podiam pois Tarantino provavelmente não deixava.
Quanto ao elenco o destaque vai claro para Brad Pitt, que embora merece-se mais tempo de antena, as cenas em que participa são algo de delicioso (destaque para Pitt a falar italiano!). Mélanie Laurent embora fosse uma total desconhecida para mim, a verdade é que tem um desempenho muito bom, principalmente nas cenas em que contracena com Christoph Waltz.
Eu estava à espera de um bom filme, cheio de sangue e violência, mas a verdade é que até nisso Tarantino me surpeendeu trazendo até nós um filme mais maduro que o habitual, bem ao nível da sua obra-prima Pulp Fiction. Talvez haja aqui material para Óscares. Esperemos para ver.
"Each and every man under my command owes me one hundred Nazi scalps... and I want my scalps!"
Nota Final: 9 / 10
Maria Álvarez é uma jovem colombiana que trabalha num viveiro de rosas, até ao dia em que, por ter uma má relação com o patrão, decide despedir-se. Agora, para sustentar a família, Maria decide entrar no negócio de transporte de droga que tem como destino os Estados Unidos da América. Ela, juntamente com Lucy (Guilied Lopez) e Blanca (Yenny Paola Vega), vê naquele transporte a hipótese de uma vida. Grávida do primeiro filho e com apenas 17 anos, transporta no seu estômago 62 cápsulas de droga, e basta uma rebentar para que tudo acabe. Mas o dinheiro que tem a receber, justifica o risco...
Esta é como se diz, e bem, uma história baseada em mil. Um submundo pouco explorado e que aqui se apresenta como um competente produto e, arrisco mesmo a dizer, um dos melhores filmes de 2004.
Com uma história bastante dura, “Maria Cheia de Graça” não é certamente um filme para as massas. Premiado em diversos festivais de cinema, como o Sundance ou o Festival de Berlin, este poderoso filme teve uma surpreendente e merecida nomeação ao Óscar na categoria de Melhor Actriz para a estreante Catalina Sandino Moreno, a protagonista que podemos também ver em “Paris, je t’aime” ou, futuramente, no 3º capítulo da saga de “Twilight”.
As boas interpretações são uma constante no filme. Um bom exemplo disso é a cena que acompanha a viagem das “mulas” (nome dado às traficantes que utilizam o seu corpo para transporte das substâncias). A tensão é palpável, bem como a angústia por que passam aquelas mulheres que raramente transportam menos de 50 cápsulas, consoante a sua massa corporal. Essa e a cena em que Maria ingere as cápsulas de droga são sem dúvida marcantes e destacam o filme do simples melodrama.
Realista e sem se deixar cair em situações caricatas ou saídas fáceis. Assim é este filme de Joshua Marston. No mínimo, indispensável!
“Y usted cuántas veces hecho esto?"
Nota Final: 8 / 10
“Hit me. I'm serious, I can't feel anything, hit me! Again, do it harder! I can't feel anything, this is awesome!”
É de uma forma brutal e descontrolada que “Treze” tem início, deixando antever desde logo o que poderá ser visto no filme: a forma como uma vida pode mudar de um dia para o outro, quase ao ponto de se ver destruída.
E a vida de Tracy (Evan Rachel Wood), não era assim. Há 4 meses atrás era uma carinhosa jovem de 13 anos, boa aluna, amiga da família... Até se deixar fascinar pelo mundo de Evie (Nikki Reed). Um mundo de extremos, que envolve sexo, crime, drogas e álcool, e no qual Tracy se deixa cair por forma a ser aceite no grupo mais popular do liceu.
Mas, afinal, a jovem já não se encontrava totalmente bem. Fumava, auto-mutilava-se... tudo por forma a aliviar a dor que sentia pela separação dos pais. A relação com Evie só veio piorar as coisas, e tudo começa a desabar no mundo de Tracy. Resta saber se terá ainda forças para escapar a essa contínua espiral de destruição...
A fita que marcou a estreia de Catherine Hardwicke enquanto realizadora, teve a sua única nomeação ao Óscar na categoria de Melhor Actriz Secundária para Holly Hunter, que interpreta Melanie, a mãe de Tracy, sendo pois obrigatório referir a prestação dos actores. Desde Hunter até às protagonistas Reed e Rachel Wood, há um esforço que se pode (e deve) confundir com uma chamada de atenção para as diversas situações descritas no filme, e que conseguem através de uma enorme entrega, bem visível nas cenas de maior carga dramática.
Para isso, bem como para uma maior veracidade do argumento, contribuiu também a co-autoria do guião a cargo de Nikki Reed. Juntamente com a realizadora, a actriz que agora podemos ver no fenómeno “Twilight”, curiosamente também ele realizado por Hardwicke, pôde dar um pouco mais de si à fita ao abordar situações pelas quais ela própria passou enquanto adolescente.
O recurso à técnica de filmagem “câmara na mão” é também bastante abonatório para a ideia que se pretende transmitir. São acções complicadas de explicar, mudanças repentinas, um mundo complexo, um turbilhão de emoções, factores cuja visualização se torna mais fácil e credível com os rápidos e trémulos movimentos da câmara. Bem pensado e executado.
Com bons pormenores, nomeadamente no jogo de cores que atravessa todo o filme, caracterizando também ele a destruição de Tracy enquanto pessoa, “Thirteen” desenha-se como um retrato nú e perturbador de infâncias perdidas e de erros que podem ser irremediáveis. Alguns espectadores poderão mesmo encará-lo quase como que uma versão (muitíssimo!) mais light de “Requiem For a Dream”, ou como um sucessor da história de Christiane F. de “Os Filhos da Droga” mas, ainda assim, por mais paralelismos que se encontrem, consegue seguramente dar cartas na sua categoria. Choca e dá que pensar.
Nota Final: 8 / 10
Não se deixe o espectador enganar pela capa. “Estranhos de Passagem” tem tanto para oferecer que ela simplesmente não lhe faz justiça (nem esta, nem qualquer uma das restantes que encontrei). Nomeada ao Óscar de Melhor Argumento Original, esta película de Stephen Frears, realizador do respeitável “The Queen”, entrecruza as vidas de Okwe (Chiwetel Ejiofor), Senay (Audrey Tautou), Juan (Sergi López), entre outros, numa viagem pelo submundo londrino.
Okwe é um imigrante ilegal, nigeriano, e médico de profissão... até chegar a Londres onde é taxista durante o dia, e recepcionista do Baltic Hotel à noite. Passando dias praticamente sem dormir, Okwe consegue ainda arranjar tempo para consultar e medicar alguns vizinhos, com a ajuda de Guo Yi, um amigo que trabalha numa morgue e que lhe consegue facultar alguns dos medicamentos necessários.
Ele partilha casa com Senay, uma jovem turca com alguns problemas com a polícia de imigração, e cujo sonho é ir viver para Nova Iorque. Estas vidas e as dos restantes personagens da história acabam ligadas por um estranho acontecimento... O aparecimento de um coração humano numa das casas de banho do hotel...
O assunto abordado é a grande mais valia da película e aquilo que a diferencia dos restantes filmes dentro do género. A ténue linha entre o certo e o errado, o vísivel ou ignorado, joga a favor desta obra de Frears que soube levar a bom porto a sua ideia. Ele, e os actores.
Ejiofor e Tautou revelam uma boa dinâmica, tocando o espectador e permitindo criar uma envolvência com a sua história. As suas cenas estão muitíssimo bem conduzidas e a química é palpável. Boa prestação de ambos. Aliás, arrisco dizer que todas as interpretações se encontram a muito bom nível.
Tráfico de orgãos, imigração ilegal, são temáticas com detalhes minuciosamente tratados e que tornam esta fita num daqueles filmes que não me canso de ver. O seu tom sombrio e a fotografia crua que permite constrastes, não só de espaço, mas também de personagens, visto a faceta multicultural que se nos apresenta, são também um outro ponto significativo.
E verificar que com apenas 10 milhões de dólares se conseguiu elaborar tal projecto, é deveras reconfortante.
Crú, realista, inteligente, coeso e criativo, “Dirty Pretty Things” é isso mesmo, uma série de coisas belas e sujas, amores e crimes, que prendem do príncipio ao fim. Sem ligar a clichês nem a saídas fáceis. Obrigatório.
“We are the people you do not see. We are the ones who drive your cabs. We clean your rooms. And suck your cocks.”
Nota Final: 8 / 10
Algo de estranho se passa em Central Park. Os corpos estagnam e, de repente, algo inesperado acontece... Mortes e mais mortes se seguem, todas elas por suicídio. E o pior, é que o número de cidades americanas onde se registam tais comportamentos aumenta a uma velocidade aterradora. O que estará por trás deste estranho comportamento? Mão humana ou algo ainda mais difícil de controlar?
Elliot Moore (Mark Wahlberg) é mais um sobrevivente que juntamente com a namorada, Alma (Zooey Deschanel), tenta escapar à morte certa, à vontade de pôr fim à vida. Mas… conseguirão? Do que fogem eles realmente?
É esta a premissa para “The Happening”, um dos mais recentes filme catástrofe a cargo de M. Night Shyamalan, o realizador indiano responsável pelo inesquecível “Sixth Sense”.
O facto de num estudo recente se ter provado que as células de quem comete suícidio apresentam algumas diferenças para as células de indivíduos que sofreram morte natural pode despoletar um ainda maior interesse nesta fita. Haverá efectivamente alguma forma de controlar a genética de forma a levar alguém a colocar fim à sua vida? É deveras interessante, mas voltemos à fita...
Embora à primeira vista nos seja apresentada uma história inteligente e bastante actual, certo é que toda a premissa cai por terra por culpa de inúmeras incongruências difíceis de gerir.
A nível interpretativo, foi-me bastante complicado identificar o melhor desempenho... porque ele parece quase inexistente. Deschanel apresenta-nos uma Alma com total falta de expressão e cuja apatia chega mesmo a ser enervante e constrangedora. Wahlberg parece também ele contagiado pela negatividade do filme e deixa bastante a desejar na sua performance. Assim, talvez as melhores, e curiosamente, mais curtas participações da fita, estão a cargo de John Leguizamo e Betty Buckley. Irrepreensíveis.
O guião, embora recheado de ideias características de Shyamalan, e mantendo o seu estilo narrativo, apresenta algumas falhas, especialmente notórias na recta final do filme. Os melhores pontos são alguns dos efeitos especiais, e cenas mais bem conseguidas (como o suícidio de pessoas que se atiraram de um prédio em construção, por exemplo, ou os momentos iniciais, bastante perturbadores e que nos deixam expectantes), conseguindo uma interessante composição.
Em tom conclusivo, é imperativo mencionar o final. E que final… A falta de explicações nem é aquilo que mais me incomoda (lembrar-se-à certamente o espectador de inúmeros filmes parcos em explicações, mas ainda assim, incontornáveis), mas sim o cliché que dele resulta. Se dúvidas houvessem, torna-se claro que estamos perante um dos filmes mais fracos de Shyamalan.
O conceito e imaginação estão lá. A qualidade, nem tanto. Vale somente pela história.
“You know plants have the ability to target specific threats.”
Nota Final: 5.5 / 10
Push é mais um filme (já não chega?) de pessoas normais com poderes fora do normal. A premissa é relativamente simples: Nick Gant (Chris Evans) que tem o poder de levitar objectos, está refugiado em Hong Kong desde a morte do seu pai pela Divisão. A Divisão é liderada por Henry Carver (Djimon Hounsou) que tem o poder de alterar os pensamentos das pessoas. Um certo dia, Cassie Holmes (Dakota Fanning) aparece na vida de Nick e dá-lhe uma flor, flor essa que o pai lhe tinha dito para aceitar à muitos anos atrás.
Paul McGuigan traz-nos um filme parecido a tantos outros que têm inundado o mundo da 7ª arte. O filme apenas se distingue de outros por não ser a típica história dos mutantes bons a lutar contra os maus, e assim consegue ser minimamente interessante nos poderes ‘inventados’. Vejamos: movers que conseguem mover objectos usando a mente, os watchers que conseguem desenhar o futuro, os seekers que conseguem saber a localização das pessoas, os bleeders que com potentes gritos sónicos deixam as outras pessoas completamente impotentes, os pushers que são capazes de invadir a mente com um olhar alternativa e os shifters que podem transformar temporariamente qualquer objecto em qualquer coisa.
A história não poderia ser mais confusa. O que ao princípio parece simples torna-se difícil para o espectador pois não se percebe para onde é que o enredo nos está a levar. Apesar disto, Push apresenta-se com bons efeitos e com boas sequências de acção, embora peque por serem poucas. Em relação ao som à pouco a dizer, pois é tão interessante que nem se dá por ele ao longo do filme.
Em relação ao elenco, Chris Evans apresentou-se em bom plano, embora tivesse sido um papel relativamente fácil. O destaque vai para Dakota Fanning que esteve nas cenas mais ridículas do filme, pois sendo uma watcher, esta embebeda-se para tentar aumentar os seus poderes.
Embora Push não seja o típico filme que atraia multidões, é um bom filme para se ver numa tarde encostado no seu sofá e de preferência com a parte crítica do seu cérebro desligada.
"You already know the ending to this story. You can only draw it so many ways."
Nota Final: 6 / 10
Película francesa a cargo da directora que este ano nos trouxe a biografia de Coco Chanel, Anne Fontaine, e que narra a história da médica Catherine (Fanny Ardant) e de como um pacto com uma prostituta parisiense, Marléne (Emmanuelle Béart), se revelou mais do que o esperado...
Catherine descobre que o marido, Bernard (Gérard Depardieu), com quem tinha um aparentemente sólido casamento, teve um caso com outra mulher. Vendo que afinal não conhece o marido tão bem quanto pensava, a bem sucedida médica resolve dirigir-se a uma casa de alterne e contratar uma mulher que o seduza, para assim desfazer, ou não, todas as suas dúvidas. A sua escolha recai sobre Marléne que, juntamente com Catherine, cria uma “personagem” que possa ser atractiva para Bernard. Decidem que Marléne se chamará Nathalie e será uma jovem estudante de linguística.
Relatando os encontros que tem com o marido de Catherine, Marléne e esta desenvolvem uma estranha relação de cumplicidade que pode ter a sua base em algo mais do que salta à vista...
O dom da palavra é constante neste filme. Nem tudo está presente ou visível, daí a extrema necessidade de se criarem diálogos irrepreensíveis e bastante gráficos. Só assim “Nathalie...” permite ao espectador um deleite não só auditivo mas também visual. Da mesma maneira que conseguiria passar dias a ouvir os diálogos das personagens de Ardant e Béart, pelo excelente contraponto que revelam, poderia deixar-me também cair na envolvência do enredo genialmente competente. Fi-lo, e não me arrependo.
Sofisticada, sensual e intimista esta película acaba por se revelar como uma história de amor conturbada com um final bastante original, e inesperado, vivendo muito da dinâmica das actrizes. As suas personagens estão num constante processo de construção e isso, aliado a interessantes transições de cenas (algumas apresentadas em slow motion, por exemplo), faz com a trama saia obviamennte a ganhar, satisfazendo o espectador.
Desta forma, “Nathalie...” chega-nos como mais uma prova de qualidade inegável do cinema francês. Indubitablement!
Nota Final: 7.5 / 10
Depois de uma adaptação desastrosa de The Da Vinci Code de Dan Brown (um dos melhores escritores da actualidade na minha opinião), Angels and Demons deixou-me algo apreensivo, ainda para mais sendo este o meu livro preferido do escritor. Destaco desde já que o realizador Ron Howard decidiu por cronologicamente Angels and Demons à frente de The Da Vinci Code quando na realidade é precisamente o contrário.
A trama gira mais uma vez em torno de Robert Langdon (Tom Hanks) e de um misterioso assassinato no Vaticano. Langdon descobre que quem está por de trás do misterioso assassinato é uma antiga sociedade secreta chamada Illuminati. Entretanto, nas instalações da CERN é roubada uma pequena amostra de anti-matéria que mesmo em ínfimas proporções poderia arrasar uma cidade. Langdon e a cientista Vittoria Vetra (Ayelet Zurer) lutam então contra o tempo para tentar salvar os padres raptados (os favoritos a substituir o falecido Papa) e tentar encontrar a amostra para salvar a cidade do Vaticano.
Ron Howard desta vez traz-nos um filme menos pastoso e com mais acção, mais à imagem do que realmente o livro de Dan Brown transmite. O cenário não poderia ser melhor e nisso o filme não desilude, mostrando a beleza enorme da cidade do Vaticano. Os efeitos visuais não ficam aquém das expectativas, principalmente na fase final com a explosão da anti-matéria.
O filme ganha sobretudo com uma actuação mais intensa de Tom Hanks que tem uma actuação bem mais interessante que no filme anterior. Mais uma vez Howard falha em não dar o destaque merecido à ‘ajudante’ de Langdon, o que se traduz numa performance medíocre de Ayelet Zurer. Quem não me desiludiu foi Ewan McGregor que num papel diferente do habitual (Camerlengo Patrick McKenna) mostrou o seu enorme talento.
Angels and Demons consegue ser melhor do que o seu antecessor, mas mesmo assim não consegue ultrapassar aquela barreira de blockbuster, tendo como maior ponto de interesse os factos históricos e as imagens do Vaticano que nos são dadas a visualizar.
“Our church is at war. We are under attack from an old enemy. The Illuminati. They have struck us from within and threatening us all with destruction from their new god Science.”
Nota Final: 7 / 10
Margaret Tate (Sandra Bullock) é uma bem sucedida editora da companhia de publicações Colden Books. Temida pelos empregados, tem em Andrew Paxton (Ryan Reynolds) o seu maior “sacrificado”. Andrew é o seu assistente faz já 3 anos, e sempre fora tratado com indiferença, até ao dia em que Margaret recebe a notícia que o seu visto de residência nos Estados Unidos está prestes a expirar.
Por forma a evitar a eminente deportação para o Canadá, o seu país de origem, a editora decide casar... com Andrew. Aproveitando a festa de aniversário da avó deste, no fim-de-semana, decidem viajar para o Alasca para anunciar a boda e provar a veracidade do casamento perante o assistente do gabinete de deportação.
E é precisamente no Alasca, junto da família Paxton, que começam todas as peripécias...
Com situações cómicas de extremo bom gosto, “A Proposta” é sem dúvida alguma das melhores comédias românticas produzidas nos últimos tempos. Sim... é previsível, repetitiva, cheia de clichês, e antes do filme acabar temos perfeita noção do seu desfecho. Ainda assim, o certo é que cumpre a sua função de dispôr bem o espectador. E fá-lo bem.
Posso garantir que a maioria das pessoas que compunham a sala não saiu defraudada pois foram audíveis sonoras gargalhadas em diversas ocasiões, fossem elas potenciadas pelo diálogo, ou por um simples olhar lançado por Reynolds ou Bullock (que continua com aquele jeito de miúda a que já nos habituámos e que nunca cansa, provando uma vez mais ser este o seu registo ideal).
A química entre os actores facilita substancialmente o envolvimento com a história e proporciona alguns bons momentos. Todos os actores estão a um bom nível, mas há que mencionar Betty White, enquanto a caricata Annie, a avó de Andrew. A cena na floresta, ao lado de Bullock, fez-me rir do princípio ao fim. E não esquecendo o multifacetado Ramone (Oscar Nuñez).
Quanto ao cenário escolhido para a acção, Alasca, os produtores foram felizes, deslumbrando-nos com imagens do estado americano com menos densidade populacional. Nice touch.
“The Proposal” revela-se pois uma boa e segura aposta dentro do género!
“Do you prefer Margaret or "Satan's Mistress"?”
Nota Final: 7 / 10
A realidade em filme. Ou uma (enorme!) parte dela.
Tiros, explosões, pontapés... Van Damme em acção. Mas desenganem-se. Embora a sequência de abertura seja característica daquilo que se espera num filme de Jean-Claude Van Damme, estamos perante uma película que pouco explora essa vertente. O melhor filme do actor, e do homem.
JCVD luta em tribunal pela custódia da filha. Os seus problemas com drogas são conhecidos, pelo que a sua vida não está em nada facilitada. E o facto de ser protagonista de filmes de acção extremamente violentos, também não ajuda.
Dívidas que se acumulam, tensões e pressões à sua volta, o lutador de “Bloodsport” por todos conhecido vê então no seu país de origem, a Bélgica, um excelente sítio para se retirar por algum tempo.
Ao chegar a uma pequena localidade é reconhecido por alguns fãs, e é a partir desse momento que a vida do actor muda. Alguém faz reféns no posto de correios onde Jean-Claude tentava proceder a uma transferência bancária para pagar os serviços do seu advogado...
Não se tratando inteiramente de uma biopic, e tendo já passado por Portugal no Indie Lisboa deste ano, os flashbacks e pensamentos da fita são recorrentes, caminhando para um desfecho imprevisível q.b.. Alguns aspectos técnicos quase rudimentares, como a fotografia em tons velhos e dourados, ajudam na composição do ambiente dramático, bem como o facto de o francês ser adoptado como língua principal.
As cenas mais dramáticas, como o monólogo que surge por volta da 1hora de filme, demonstram que o actor belga, conhecido por protagonizar os filmes de acção “Double Impact” ou “Kickboxer”, consegue de facto representar (e bem!) dentro de outros registos. Quem não se sentir tocado com a mensagem de Jean-Claude que levante o braço, até porque é também o que se pretende, deixar uma mensagem sobre o que foi, até ao momento, a sua vida e legado. Consciente dos erros, e merecedor das vitórias.
Que este seja um Van Damme a ver por muitos e muitos anos. Indispensável.
“Van Damme, la bête, le
Nota Final: 8 / 10
Modesty Blaise. Assim se chama a heroína dos comics criados por Peter O’Donnell e Jim Holdaway em 1963. Terminando a sua edição em 2002, Modesty foi uma personagem bastante popular, justificando pois a passagem de simples comic strips para novels e, posteriormente, cinema. Mas passemos ao filme.
Terceira adaptação cinematográfica da personagem, este “Modesty Blaise: Jogo Explosivo” retrata a infância de Modesty (Alexandra Staden), como conheceu o seu tutor Lob (Fred Pearson), e de como acabou a trabalhar num casino sob a alçada de Louche (Valentin Teodosiu), assassinado por Miklos (Nikolaj Coster-Waldau).
Apresentando a sua infância por meio de flashbacks pouco conseguidos, Modesty tenta a todo o custo salvar os seus colegas de trabalho, feitos reféns no casino pelo assassino do patrão. Ludibriando Miklos (ou não...) com um jogo da roleta, em que o seu passado é revelado, serão as suas histórias verdadeiras?
Confesso que gostei da premissa e fiquei algo curiosa por abordar o trabalho original no formato comic. Porém, o filme em si deixa bastante a desejar a vários níveis. Os “vilões” são pouco credíveis para a situação em questão, baixando a guarda de uma forma que chega a roçar o ridículo mas que, por outro lado, permite desenvolver a questão do background da personagem, dando a ideia de que esta película nada mais seria que um início de uma série de filmes sobre esta jovem que se tornou numa talentosa agente dos serviços secretos britânicos. O que não aconteceu porque, convenhamos... o filme não está inteiramente à altura. Nem o próprio O’Donnell se mostrou satisfeito com o resultado.
Com fracas interpretações, esta película de série B filmada em apenas 18 dias, tentou valer-se do nome de Tarantino para conseguir maior aceitação... porém, não se deixem enganar. O cineasta colabora somente como produtor executivo, mas dificilmente se vislumbra uma qualquer influência caracteristicamente sua em qualquer prisma de acção. E embora os estúdios sejam os mesmos que nos brindaram com marcos cinematográficos como “Pulp Fiction” e “Kill Bill”, este filme está longe de ser o seu melhor produto, ou não fosse ele já dificilmente aceitável.
Porque o é. E não passa disso. Um filme banal (se calhar mais adequado enquanto episódio para uma série), característico de tardes de cinema num qualquer canal televisivo. E o final...não convence. Vale talvez por um potencial interesse que possa despertar pela personagem.
“If I win, you tell me the truth about anything I ask. And I want the truth, no matter how embarrassing.”
Nota Final: 4.5 / 10
Londres, Setembro de 1971. A sucursal do Lloyd’s Bank em Baker Street é vítima de um assalto na ordem de 3 milhões de libras. A responsabilidade por tal acto coube a um grupo de criminosos pouco experientes mas que, num brilhante esforço conjunto, conseguiram ir ao encontro de inúmeros segredos que o Governo do Reino Unido tentou abafar a todo o custo...
Alugando uma pequena loja abandonada, com localização nas traseiras do banco, o grupo de assaltantes construiu um túnel que lhes permitiu entrar no banco sem serem detectados. Nos cofres, conseguiram o saque de diversas jóias, dinheiro e... fotografias comprometedoras, quer para a casa real britânica, quer para indivíduos com altos cargos no Governo.
Tendo por base o assalto que ficou conhecido como “Assalto dos Walkie Talkies”, por ter sido essa a forma de comunicação entre os ladrões, que estiveram sempre sob escuta policial no decorrer do assalto, este filme vê na fotografia o factor técnico que mais se destaca, muito por culpa dos seus tons e jogo de luzes, bem adequados ao ambiente de época a retratar, tal como cenários e guarda roupa.
O bom enredo que a história permite (embora alguns focos da narrativa sejam pura especulação, pois a forma abrupta como o caso deixou de ser comentado nas notícias por pressão do Governo britânico, e todo o secretismo que o envolveu, não permitem ter certezas do que realmente aconteceu) revelou-se uma aposta ganha pois permitiu conjugar sequências de acção (ainda que escassas, o que é pouco comum num filme que conta com Jason Statham como protagonista) e um guião inteligente.
Os actores contribuiram bastante para o interesse do filme pois os desempenhos conseguem dosear bem as diferentes interacções das personagens. O facto de não ser um elenco muito extenso ajudou a condensar essas mesmas acções, embora um pouco mais de estudo dos personagens secundários não fosse inoportuno.
Porém, denotam-se algumas falhas, nomeadamente no desevolvimento da acção. Se por um lado existem cenas que poderiam ver-se resolvidas num curto espaço de tempo, outras, com uma maior importância para o desenrolar da história são por vezes tratadas com uma celeridade desadequada. Não é um filme coerente nesse aspecto e as quebras de ritmo tornam-se frequentes acabando por ser desnecessárias.
Ainda assim, “O Golpe de Baker Street” pode vangloriar-se por ser um thriller que, baseando-se numa história verídica, é capaz de prender o espectador e captar o merecido destaque que algumas críticas lhe prestaram.
“You know what scares me more? Living and dying with nothing to show for it.”
Nota Final: 7.5 / 10
Com uma premissa bastante interessante (desde já digo que nunca sequer tinha ouvido falar da banda desenhada Watchmen) e diferente dos normais filmes de ‘super-heróis’, Watchmen começa com o assassinato do The Comedian (Jeffrey Dean Morgan) no seu próprio apartamento. Rorschach (Jackie Earle Haley) tenta provar que este foi assassinado e provar que alguém anda a querer assassinar todos os antigos membros da Watchmen.
Zack Snyder (realizador de 300) fez um óptimo trabalho ao condensar a história de Watchmen num filme três horas, pois se tudo fosse contado ao pormenor, cinco horas não chegariam. Watchmen consegue transmitir-nos uma ideia quase filosófica do mundo em que vivemos e do que este seria se vivêssemos lado a lado com super-heróis. Uma frase citação popular no mundo de Watchmen é “Who Watches The Watchmen?” e é nisso que assenta grande parte da história do filme.
Não sendo um filme de aspecto noir como Sin City e The Spirit, consegue ter o melhor destes filmes com uma edição de imagem absolutamente espectacular e uma banda sonora do melhor que ouvi nos últimos tempos. Apesar de não privilegiar as cenas de acção, consegue mesmo assim ter umas boas sequências de combates. A juntar a isto, os diálogos estão muito bem construídos e claro que quota parte disso se deve ao elenco.
O elenco esteve todo a um grande nível começando por Jackie Earle Haley no papel de Rorschach, que além de uma das personagens mais curiosas, assume também o papel de narrador com a sua voz ‘negra’ e rouca. Jeffrey Dean Morgan no papel de The Comedian apresentou a qualidade que já lhe conhecemos de outras fitas e séries de televisão. Patrick Wilson tem também um bom desempenho no papel de Nite Owl II. O restante elenco (ainda longo) tem também um bom desempenho.
Watchmen não é um blockbuster, por isso se está com vontade de um filme de acção com mortes e tiros pelo ar, este filme não será a melhor opção. Agora se quer ver um filme fora do normal, com uma boa e enorme história, e ainda assistir a um pouco de acção, então Watchmen é o filme para si.
"I heard a joke once: Man goes to doctor. Says he's depressed. Says life is harsh and cruel. Says he feels all alone in a threatening world. Doctor says, "Treatment is simple. The great clown Pagliacci is in town tonight. Go see him. That should pick you up." Man bursts into tears. Says, "But doctor... I am Pagliacci." Good joke. Everybody laugh. Roll on snare drum. Curtains."
Nota Final: 9 / 10
Ben Garvey (Paul Walker) é um ex-condenado que conseguiu reconstruir a sua vida. Empregado exemplar, bom marido e excelente pai... Tudo corria na perfeição. Até ao dia em que, ao ver descoberto o seu passado, acaba por ser despedido. Desnorteado e com todas as suas perspectivas de futuro deitadas por terra, aceita o convite do seu irmão Ricky (Shawn Hatosy) para participar num último golpe.
Mas ao contrário do que seria de esperar, o golpe corre mal resultando na morte de 3 pessoas, incluindo o irmão de Ben. Assim, em tribunal, é condenado à morte por injecção letal. Mas algo de estranho ocorre após a sua execução...
Ben encontra-se a caminho de uma pacata cidade do estado de Oregon, onde se apresenta para trabalhar num instituto que alberga pessoas com perturbações mentais. Acreditando tratar-se de uma segunda oportunidade, este tudo faz para a merecer, embora não esqueça a mulher, Lisa (Piper Perabo), nem a filha de ambos. Ao tentar sair da cidade, um estranho homem avisa-o de que, caso o faça, morrerá.
Conseguirá Ben voltar para casa, para junto da família que teima em não perder? E as visões que o atormentam, que quererão dizer?
Nesta fita do realizador John Glenn (responsável pelo screenplay de “Eagle Eye”), Paul Walker consegue brindar o espectador com uma boa interpretação. Os seus gestos contidos e maneira comedida são imprescindíveis para a sua personagem conseguir cativar o público com a sua história. Contudo, penso que faltou um pouco mais de emoção aquando das sequências das visões de Ben. O restante elenco encontra-se a bom nível e respondem competentemente.
Quanto à filmografia, o jogo de luzes e planos, e o ritmo lento do filme revelam-se imperativos para que o suspense da fita consiga prender o espectador. O final é complexo q.b., cumprindo a sua função e traduzindo-se num bom climax.
Assim, “The Lazarus Project” revela-se uma fita bem elaborada, com uma interessante premissa e que, embora com algumas falhas no guião, não se deixa cair num potencial aborrecimento que muitos teimam em afirmar estar latente no projecto. Longe disso.
Bom filme!
“You don't have to forget. You just have to move on.”
Nota Final: 7.5 / 10
Eis o segundo trabalho da escritora e realizadora Shamim Sarif, repetindo a dupla de protagonistas de “I Can’t Think Straight”, o seu anterior projecto, já com crítica aqui no GoldenTicket.
África do Sul, Cidade do Cabo, 1952. Neste novo romance da escritora, é-nos dada a conhecer a história de Amina (Sheetal Sheth), uma jovem dona de um café que, ao contrário das outras mulheres, decidiu que casar e ter filhos não está nos seus planos mais imediatos, concentrando-se em combater o preconceito e abusos cometidos contra os negros, dado o regime em vigor desde 1948 na África do Sul, que estabelecia que os “brancos” deveriam ter vidas separadas das dos restantes povos.
É no café que Amina conhece Miriam (Lisa Ray), uma dona de casa, mãe de 3 filhos e infeliz no casamento. Incompreendida pelo marido, viu-lhe retirados inúmeros prazeres, como a leitura por exemplo, sentindo por isso mesmo um vazio difícil de preencher. Até àquele dia...
Oferecendo-se para trabalhar para o marido de Miriam, Amina e esta acabam por desenvolver uma relação de amizade que quase de imediato dá lugar a um novo sentimento, completamente inesperado e difícil de assumir quer perante a sociedade, quer perante si próprias: o amor.
Extremamente fiel ao livro, inclusivé no seu final, estamos perante uma película que, ao contrário da anterior, consegue já elevar-se no que à prestação dos actores diz respeito, não só pelo à vontade com que desempenham os seus papeís, mas também pelo cuidado em abordar um assunto tão importante como foi o apartheid.
E tudo isto no seu devido tempo. Estabelecer um termo comparativo a nível temporal com o primeiro filme da directora é quase imperativo porque, claramente, o guião deste “The World Unseen” foi amplamente mais estudado, e isso transparece para a fita.
Com cenas extremamente representativas, é um filme cuidado, bonito visualmente e que resulta, essencialmente, pela grande entrega de todas as partes envolvidas, merecendo por isso mesmo o seu reconhecimento. A ver!!
“Everytime I look at you, I want you to stay...forever”
Nota Final: 7.5 / 10
É facto que muitos dos filmes com temáticas homossexuais são característicamente pesados e com finais trágicos. Porém, é bom verificar que aos poucos as comédias românticas começam a aparecer sem grandes controvérsias, permitindo ao espectador um mais vasto leque de géneros cinematográficos dentro do já referido tema.
A premissa deste “I Can’t Think Straight” é bastante simples. Leyla (Sheetal Sheth) é uma jovem indiana, introvertida, mas extremamente criativa. Tem na escrita o seu mundo, o que lhe permite fugir um pouco à elevada protecção e preocupação dos pais. Já Tala (Lisa Ray) é uma mulher palestiniana, independente e que vai já na sua 4ª festa de noivado... sendo que nenhuma passou disso mesmo pois a jovem sempre acabou por desfazer os enlaces.
Tudo seguiria o seu rumo, não fosse o facto de Leyla namorar com Ali (Rez Kempton), o melhor amigo de Tala. Ao conhecerem-se, a empatia entre as duas jovens é imediata e rápidamente progride para algo mais... Mas estarão elas preparadas para enfrentar o preconceito das famílias, dos seus próprios costumes e religiões?
Com falhas visíveis no nível interpretativo da maioria dos actores, nomeadamente na prestação quase mecânica de alguns deles, certo é que a química e competência das duas protagonistas consegue “encher” o ecrã por forma a permitir ao espectador aproveitar inteiramente o factor de entretenimento que o filme pretende transmitir.
Filme esse que poderia ser um melhor produto, não fosse o ritmo demasiado “apressado” que transmite e que acaba por deixar o espectador com a sensação que, com um pouco mais de tempo de exploração do guião, a história teria ganho uma melhor abordagem.
Ainda assim, com uma fotografia cuidada, e uma agradável banda sonora, “I Can’t Think Straight” revela-se uma comédia simples, leve, que dispõe bem, e que com certeza não será uma má experiência.
“Slept with a woman while my fiancé makes wedding preparations? Nope, never done that before.”
Nota Final: 6.5 / 10
O realizador Mike Cahill traz-nos com este “King Of California”, a história de Miranda (Evan Rachel Wood), uma jovem de 16 anos que vive sozinha, trabalhando no McDonalds, e que tem agora de se moldar a uma nova situação: o regresso a casa do seu pai, Charlie (Michael Douglas). Após obter alta da clínica psiquiátrica onde esteve internado, Charlie procura a todo o custo recuperar, ou direi antes, construir, uma relação com a filha.
E para aproximá-los existe um segredo que, para Charlie, se vai revelar mesmo a maior busca da sua vida: a procura por um tesouro espanhol que se encontra enterrado sob um supermercado próximo da localidade onde vivem. Todas as peripécias desenrolam-se a um ritmo ora roçando a comédia, ora focando pontos com alguma carga dramática, mas que são imprescindíveis para a (re)aproximação dos personagens principais.
Michael Douglas brinda-nos com uma interpretação sincera, inspirada e extremamente bem estruturada, bem como Evan Rachel Wood, que consegue bons pormenores. O carisma da actriz não deixa margem para dúvidas nesse campo. O à vontade dos actores contribui substancialmente para uma credibilização do filme, e isso é notório e muitíssimo apreciado.
Direccionado essencialmente para a família “O Rei da Califórnia”, pelo qual tivemos de esperar 2 anos até à sua estreia, transmite uma importante mensagem: que nem sempre os bens mais preciosos estão à nossa espera. É preciso embarcar num processo de descoberta dos mesmos, e de nós próprios. Pois isso, vale mais que qualquer tesouro.
É esta simplicidade que nos leva, indubitávelmente, a ver esta película como um produto original, inteligente, bem disposto, mas ainda assim, intenso e com sentimentos que se potenciam em filmes como “Juno”, por exemplo. Uma calma aparente mas que “esconde” situações do dia a dia e com as quais nos podemos facilmente identificar. Um bom filme sem dúvida. Go see it!
“Catastrophe equals opportunity.”
Nota Final: 7.5 / 10
Roger Ferris (Leonardo Di Caprio) é um agente da CIA que tenta desmantelar uma rede terrorista. Nas suas investigações pouco ortodoxas, descobre que o líder do grupo terrorista opera da Jordânia. Contando com o apoio do líder dos Serviços Secretos da Jordânia, Ferris para se infiltrar na rede terrorista tem de convencer o chefe da operação em Langley, Ed Hoffman (Russel Crowe).
Realizado por Ridley Scott, chega-nos um filme com um ritmo intenso, com uma história interessante, mas no entanto com alguns clichés. Utilizando o esquema de Eagle Eye, Scott usa e abusa do esquema de imagens de satélite, tornando-se por vezes algo irritante e desnecessário.
A ideia principal do filme é mostrar um dos princípios básicos dos agentes da CIA: não confiar em ninguém. É com essa ideia que Leonardo Di Caprio desempenhando o papel de herói solitário tem um grande desempenho, sendo-nos apresentado com uma barba bem típica daquela região. Este sentiu-se particularmente à vontade no papel pois é fluente na língua.
Russel Crowe tem um papel descontraído e cínico, pois coordena uma operação a milhares de quilómetros de distância, dando ordens para matar pessoas e ao mesmo tempo passa momentos agradáveis com a mulher e o filho. Para minha surpresa, o melhor desempenho é obtido por Mark Strong que desempenha o papel de Hani, o chefe dos serviços secretos da Jordânia. Este desempenha um papel bastante carismático e interessante, estando sempre em cima do acontecimento e não deixando que Ferris o engane e o use como um meio para chegar ao fim da operação.
Body of Lies é um bom filme, mas falha na arquitectura da história, impondo ao espectador que este faça um esforço complementar para acompanhar o ritmo com que a história se desenrola, o que era desnecessário pois o fim acaba por ser algo decepcionante.
Nota Final: 7 / 10
Baseado na vida de Ian Curtis (Sam Riley), vocalista e guitarrista ocasional da banda Joy Divison, que revolucionou o panorama musical no Reino Unido nos finais dos anos 70, “Control”, inteiramente a preto e branco, leva-nos numa viagem intemporal pelos sons que marcaram uma geração.
Com grandes interpretações, especialmente dos protagonistas Sam Riley e Samantha Morton, que interpreta Deborah, a mulher de Ian, esta biopic permite-nos acompanhar a vida do carismático vocalista que perdeu a vida aos 23 anos, no dia 18 de Maio de 1980, vítima de suicídio por enforcamento, desde a sua problemática adolescência até à entrada a pulso no mundo da música, onde atingiu a fama... e se perdeu cedo demais.
Rica pela fotografia sublime (que capta na perfeição o ambiente daquela Inglaterra mais alternativa, ou não fosse o também realizador, um fotógrafo profissional), bons planos de corte, excelente banda sonora (não só nas cenas de actuação da banda, mas também pelas músicas a cargo de nomes como New Order, Sex Pistols, entre outros), intensidade dramática credível (um bom exemplo são as cenas relativas aos ataques de epilepsia de Ian, que estão muitíssimo bem conseguidas) e excelente colecção de factos, informações e organização argumentativa, esta fita do holandês Anton Corbijn, coloca-nos em contacto com diversos aspectos da vida de Ian.
As suas dúvidas existenciais, as letras carregadas de sentimentos de destruição e morte, o seu trabalho enquanto funcionário público (com bastante sucesso diga-se) em Machester e Macclesfield, a relação com a mulher Deborah Curtis e o caso extra conjugal com a jornalista Annik Honoré (Alexandra Maria Lara)... todos estes aspectos que fizeram da sua vida algo singular acabam por tornar esta película num produto único e sincero.
Um must see brilhantemente produzido que se revela imperdível para fãs do músico, e não só!
“When you look at your life, in a strange new room, maybe drowning soon, is this the start of it all?”
Nota Final: 8.5 / 10
Zack (Seth Rogen) e Miri (Elizabeth Banks) são dois amigos que vivem juntos. Além de viverem juntos, ambos partilham um monte de dividas que não para de aumentar. Após uma festa com antigos colegas da universidade, a luz e a água do apartamento são cortadas e as suas vidas atingem o fundo.
Sem maneira de pagar as dívidas, Zack tem a ideia de fazerem um filme pornográfico. Assim, com as receitas do filme poderiam pagar todas as dívidas, mas as coisas não correm como eles queriam. Ambos juram antes de começar o filme que nada se iria alterar na relação deles mas a verdade é que a sua relação muda para algo bastante maior.
Realizado pelo conhecido realizador de comédias Kevin Smith, chega-nos uma comédia bem ao estilo deste, ou seja, acima da média. Zack and Miri Make a Porno ganhou algum protagonismo nos media na América por causa do poster promocional (o mesmo que coloquei em cima), sendo este proibido porque demonstrava pessoas a fazer sexo oral(!). Até parte do título do filme (Make a Porno) foi proibido em algumas cidades. God Bless America.
Com diálogos interessantes e algumas referências interessantes ao universo de Star Wars, nada neste filme é entediante, porém isso não chega para fazer um bom filme. Essas lacunas são reparadas pelo casal (no filme) Seth Rogen e Elizabeth Banks que têm um desempenho bastante razoável e demonstram uma química muito boa entre os dois. Craig Robison faz o papel de realizador do filme porno e tem um desempenho bastante bom e divertido.
“What? Han Solo ain't never had sex with Princess Leia in the Star Wars!”
Nota Final: 7/10
10/05/09: a data em que perdi duas preciosas horas com um filme no mínimo vazio. Mas atentemos primeiro à história...
Massachusetts, 1959. Alguns alunos da escola William Dawes procedem à realização de vários desenhos representativos do que pensam vir a ser o futuro, com o objectivo de os colocarem numa cápsula do tempo que seria aberta 50 anos mais tarde, no dia de aniversário da escola. Essa ideia pertence à pequena Lucinda Embry (Lara Robinson), uma menina introvertida que, ao contrário dos colegas, não se encontra a desenhar, mas sim a preencher a sua folha com uma série de números aleatórios.
E é precisamente esse “desenho” que, no presente ano de 2009, vai parar as mãos de Caleb Koestler (Chandler Canterbury). Quando o seu pai, o professor de astrofísica John Koestler (Nicolas Cage), analisa a folha descobre que não se tratam de números sem significado, mas sim de datas de catástofres, naturais e não só, que ocorreram nos últimos anos, e de outras que estão por acontecer. Para além das datas, John descobre que também é mencionado com precisão o número de vítimas mortais bem como o local exacto onde ocorreu cada um dos desastres.
Conseguirá ele agora evitar as calamidades que se aproximam?
Com uma premissa que prometia bastante dado o seu carisma apocalíptico e a análise da recorrente dicotomia ciência/religião, facto é que “Sinais do Futuro”, do mesmo realizador de “I, Robot”, Alex Proyas, se revela um filme fraco, desinspirado, superficial e com um dos finais mais non sense de que me lembro dentro de filmes do género.
Pecando em diversos aspectos, nomeadamente a nível do argumento e consistência da história, esta película vê como “tábua de salvação” os efeitos especiais que se encontram muito bem conseguidos. Uma das melhores cenas do filme é mesmo a de um desastre de avião que mata 81 pessoas. É uma boa sequência e perturbadora q.b..
Em tom conclusivo devo frisar que, no que ao elenco diz respeito, “Knowing” deixa uma vez mais a ideia de que Nicolas Cage ainda não se conseguiu voltar a encontrar enquanto actor. Posso mesmo afirmar que existem falhas em algumas das suas cenas que são, no mínimo, risíveis. A compensar, talvez só a prestação do jovem Chandler Canterbury, que esteve competente.
Com lacunas claras e parco em explicações lógicas, o que pretendia ser um filme inteligente e coeso, falha amplamente. Dispensável.
“This isn't the end, son.”
Nota Final: 5 / 10
Robert Kearns (Greg Kinnear) é um professor universitário, que além da sua paixão pelo ensino tem um hobbie muito mais interessante: inventor. Casado com uma professora chamada Phyllis (Lauren Graham) e com seis filhos, Kearns tem uma boa vida. Um dia, quando voltava da igreja com a sua família, Kearns repara que o limpa pára-brisas anda sempre a velocidade muito alta e que com pouca chuva este limpa em seco.
Na sua cave com os filhos, Kearns cria então um limpa pára-brisas com um regulador de velocidade e para aquela família foi como se tivessem achado uma mina de ouro. Mas os seus sonhos são desfeitos quando ao tentar fazer negócio com a Ford, esta lhe rouba a sua invenção embora a patente esteja registada no seu nome. Assim, Kreans passa 12 anos da sua vida a lutar para que seja feita justiça, nem que isso lhe custe a sua família.
Baseado numa história real, Flash of Genius mostra como um simples homem pode ter tamanha força de vontade simplesmente para fazer justiça, nem que seja contra umas das maiores companhias de automóveis do mundo. Realizado por Marc Abraham, este filme não pretende ser uma obra-prima, mas sim demonstrar o que grandes empresas fazem a pequenos inventores caseiros só pela sede de poder e que mesmo quando apanhadas tudo fazem para que o assunto não vá para público.
Greg Kinnear tem aqui um desempenho excepcional, o que era difícil pois é o centro das atenções durante todo o filme e passa por diversas fases desde o feliz pai de família até doente num hospital psiquiátrico.
As grandes empresas nem sempre ganham. E ainda bem que isso acontece.
Nota Final: 7.5 / 10
Passado oito anos da história do primeiro capítulo, Dominic Toretto (Vin Diesel) tenta reconstruir a sua vida juntamente com Letty (Michelle Rodriguez), ou seja, tenta viver da mesma maneira, só que desta vez rouba camiões que transportam combustíveis. Quando a polícia do México tenta descobrir o paradeiro de Dom, este foge para não pôr em perigo a vida de Letty, mas as coisas não correm como ele quer.
Quando Letty é misteriosamente assassinada, Dom vê-se dominado por um sentimento de vingança e faz tudo para descobrir quem a assassinou. Entretanto, Brian O’Conner (Paul Walker), que está de volta ao FBI, está numa investigação de um importante grupo de droga, que curiosamente está ligado à morte de Letty. Assim, mesmo contra a vontade dos dois, Dom e Brian formam uma dupla para desmantelar a organização.
Como argumento “New model. Original parts.”, Justin Lin traz-nos o mesmo elenco mas com uma história renovada em que o objectivo passa por dar importância às corridas de rua e à adrenalina que estas transmitem. Fast and Furious é daqueles filmes que se não for visto com meio cérebro desligado e ainda no cinema ou num Home Theather de jeito, o espectador fica com um amargo de boca, mas se tiver nas condições que eu enumerei, o filme passa de satisfatório para fantástico.
Em relação ao primeiro filme (sim não vou falar nos outros dois porque para mim nem existiram), este apresenta uma história melhor, cenas de acção melhores, menos mulheres, e melhores desempenhos do elenco. Para mim foi um filme muito bem conseguido, ultrapassando a qualidade do primeiro, e um must see para os amantes do género. Se não for um apreciador do género, para si vai ser um filme mediano com cenas de acção acima da média. Destaco negativamente o uso algo exagerado de efeitos CGI, que em certas situações estraga todo o aspecto visual.
Em relação ao elenco, todos estão iguais a si próprios. De destacar negativamente alguma falta de conexão entre Paul Walker e Jordana Brewster. O ponto positivo vai para Gal Gadot, uma actriz israelita que desempenha o papel sensual da organização criminosa da história.
“Just like old times.”
Nota Final: 7.5 / 10
Em 2003 foi publicada no The Washington Post uma reportagem que revelou a identidade de uma agente da CIA. O caso ficou conhecido como “Valerie Plame” e é a história base para este “Nothing But The Truth”. Não se trata de uma adaptação para a sétima arte desse polémico caso, mas os contornos da história não deixam dúvidas que este serviu, de facto, como inspiração para o filme.
Kate Beckinsale (que muito provávelmente tem aqui a sua melhor interpretação até ao momento) é Rachel Armstrong, uma jornalista que, por se recusar a revelar a fonte que deu Erica Van Doren (Vera Farmiga) como sendo agente da CIA, vê instaurada contra si uma investigação governamental, que a mantêm sobre prisão até que ela decida falar.
Com diálogos irrepreensíveis e uma história bem conseguida, é-nos permitido acompanhar a estadia de Rachel na prisão, ver como aos poucos ela vai perdendo a confiança e controle sobre os seus actos e sentimentos. À medida que o tempo passa, as suas fragilidades são visiveis, o seu casamento desmorona, e tudo aquilo em que acredita começa a não fazer sentido quando os acontecimentos se precipitam na morte de uma das pessoas envolvidas na história...
De destacar ainda a interpretação de Matt Dilon no papel de Patton Dupois, um advogado implacável no que à execução do seu trabalho diz respeito.
Detendo-se numa filmografia clássica e num ambiente contido, “Nothing But The Truth” permite-nos observar até que ponto um jornalista está disposto a ir para proteger a sua fonte de informação, mostrando não só a sua ética profissional, como também o seu carácter enquanto indivíduo. O final é tudo menos previsível e são levantadas questões morais que muitos espectadores terão certamente dificuldade em responder. Um filme a não perder.
“Who was your source?”
Nota Final: 8 / 10
Anna (Emily Browning) está num hospital psiquiátrico por causa de uma depressão que derivou de um trágico acidente que acabou por matar a sua mãe que tinha um doença em fase terminal. Passado uns tempos quando finalmente chega a hora de voltar para casa, Anna é confrontada com uma nova e surpreendente realidade: o sei pai Steven (David Strathairn) juntou-se com a antiga enfermeira que tomava conta da sua mãe, Rachael (Elizabeth Banks).
Mas nem tudo é mau no retorno a casa. Alex (Arielle Kebbel), irmã de Anna, está à sua espera e juntas conseguem passar pelo facto do pai ter uma nova mulher na sua vida. Porém, terríveis sonhos assolam a mente de Anna, e esta sente que é a mãe a tentar-lhe que Rachael é a culpada da sua morte. Assim, Anna e Alex tentam a todo o custo descobrir o que aconteceu naquela noite e quem realmente é Rachael.
Realizado por Charles e Thomas Guard, The Uninvited é uma adaptação do sucesso do cinema de terror asiático A Tale Of Two Sisters (2003). Como já toda a gente sabe os remakes de Hollywood geralmente costumam dar para o torto e dada a popularidade do filme original penso que este não é excepção. Embora com bons pormenores de realização, The Uninvited falha no seu objectivo principal que é o terror. Se por um lado os cenários foram bem escolhidos, em especial a mansão onde a trama é passada, por outro lado as cenas de ‘terror’ são óbvias e muito mal estruturadas.
Já em relação ao desempenho do elenco para mim foi uma surpresa. Emily Browning esteve surpreendentemente a um bom nível, algo que era difícil num filme como este e tendo em conta a idade desta. Arielle Kebbel esteve bastante bem também, no entanto não consegue disfarçar a sua falta de experiência em filmes do género demonstrando sempre um lado mais comediante. Em relação a David Strathairn e Elizabeth Banks cumprem o seu papel, não passando da mediocridade.
Se procura um bom thriller para ver numa tarde de fim-de-semana esta é um boa escolha, mas se pretende um filme de terror é melhor escolher outro filme.
Nota Final: 7 / 10
A história de “Caramel” prende-se com 4 amigas, Layale, Nisrine, Jamale e Rima, que trabalham, ou no caso de Jamale, frequenta, um cabeleireiro em Beirute, o Si Belle. Layale (Nadine Labaki) é uma bela mulher que mantém um relacionamento com um homem casado, embora desconheça tal facto. Nisrine (Yasmine Al Masri) é uma jovem de origem muçulmana que se encontra de casamento marcado. Porém, algo compromete a sua felicidade plena... Apaixonada, teme a reacção do noivo Bassam (Ismail Antar) ao descobrir que ela já não é virgem. Jamale (Gisele Aouad) é uma antiga actriz de novelas e estrela da publicidade. Divorciada e mãe de dois filhos, trava uma batalha contra o seu envelhecimento, ao qual não se consegue adaptar. E Rima (Joanna Moukarzel), que nunca se tendo apaixonado, tenta agora lidar com a atracção que sente por outras mulheres, em especial por uma cliente do salão.
As suas vidas estão interligadas com mais duas outras personagens que, a meu ver, são dois fortíssimos valores deste filme: Lili e Rose. Lili (Aziza Semaan) é uma idosa que vive presa à ideia de um amor passado, dedicando-se agora a apanhar qualquer papel que encontre na rua, dizendo sempre tratar-se de cartas de, ou para, esse seu amor. Facto, é que a sua personagem transmite o receio de qualquer idoso: mais que o abandono físico, o sentimental, aquela proximidade de alguém que realmente se importe. E para ocupar esse lugar, Lili tem Rose (Sihame Haddad), a sua irmã mais nova. Porém, chegou a vez de Rose se apaixonar, mas... conseguirá ela conjugar esse amor com todos cuidados que Lili necessita?
Seguindo um ritmo bastante interessante, sem se deixar cair no exagero dramático e jogando com uma fotografia em tons predominantemente dourados (extemamente bem conseguidos diga-se, um festival visual simples e irrepreensível), esta película permite ao espectador deliciar-se com uma história que, embora coerente, desenvolve um considerável número de temáticas, desde o amor na terceira idade, até ao adultério, homossexualidade, menopausa entre outros.
Abordando todos os focos da narrativa com extremo bom gosto, este “Sukkar Banat” é sem dúvida uma mais valia dentro dos filmes do género, permitindo um envolvimento imediato com todas as personagens que nos são introduzidas, bem como com todos os seus sentimentos, sejam eles de medo ou confiança, alegria ou desânimo.
Para essa condição contribuiu, não só a latente entrega de todos os actores do filme (todos num elevado nível de representação) como também a criatividade de diversas cenas que conseguem produzir no espectador um vasto leque de emoções.
Sedutora, fascinante e genuína. Assim é esta apaixonada dedicatória da directora, e protagonista, Nadine Labaki ao seu país de origem. A não perder!
Nota Final: 7.5 / 10
Com toques de humor negro a lembrar o fantástico “Clube de Combate”, ou não se tratasse de uma obra do mesmo autor, “Asfixia” conta-nos a história de Victor Mancini (Sam Rockwell).
Por ter vivido uma infância castradora devido ao desejo quase psicótico da sua mãe de o ver como médico, é agora frequentador de um clube de ajuda para viciados em sexo e... finge asfixias em restaurantes. Com a mãe internada num hospital de elevados custos, por sofrer da doença de Alzheimer, Victor faz tudo o que pode para pagar esses serviços, desde desistir da faculdade de medicina até trabalhar como guia num parque temático.
Embora não me tenha conquistado ao início, certo é que o filme possui algumas mais valias, quanto mais não seja pela dose certa de humor negro que permite uma fusão da vulgar comédia com teor sexual com um drama inteligente em determinados aspectos. Mas a nível interpretativo, não é suficiente. Nem todos os actores se encontram a um bom nível, e a história sai a perder com tal facto. Destaca-se, em grande plano diga-se, Anjelica Huston no papel de Ida J. Mancini, a mãe de Victor. Sam Rockwell também não compromete, conseguindo arrebatar as suas cenas (de mencionar aquelas que partilha com vários pacientes residentes no hospital).
A filmografia, embora com planos de corte pouco elaborados e excessivamente simples, está bem conseguida q.b., revelando-se especialmente competente nas sequências de flashbacks da infância de Victor (onde se registam, a meu ver, os pontos mais altos do filme).
Em tom conclusivo, há que mencionar o twist final que foi muitíssimo bem conduzido. As revelações que se processam não eram de todo esperadas.
Não se enganem ao encará-lo como um digno sucessor de “Fight Club”. Reconheçam antes o bom esforço que lhe foi dedicado.
“We're not evil sinners or perfect knock offs of God. We let the world tell us weather we're saints or sex addicts.
Nota Final: 7.5 / 10
- Somewhere
- 127 Hours
- Blue Valentine
- The Dilemma