Estranhos seres chegam à Terra sob a forma de... um homem perfeitamente normal?
Algo não bate certo nesta questão, mas vejamos. Extraterrestres com a forma humana, mas de tamanho muitíssimo inferior, vieram à Terra em busca da salvação para o seu planeta. A particularidade, é que se fazem transportar por uma nave espacial que apresenta a forma de um ser humano. Agora, os pequenos seres, terão de comandar a sua nave tendo em conta comportamentos, acções e emoções de um comum terráqueo.
Porém, o problema não fica por aí... A única maneira de salvarem o seu planeta implica a destruição do nosso. E se a início nada os parece demover dos seus intentos, aos poucos a tripulação percebe que somos muito mais que seres capazes de violência e imoralidade...
Todos sabem o que Eddie Murphy é capaz de proporcionar num filme em que seja protagonista. Recordar-se-ão imediatamente de "Um Príncipe em Nova Iorque", por exemplo, que é, sem dúvida alguma, das comédias mais bem conseguidas dos anos 80. Então, fiquem os espectadores sabendo que não, ainda não foi desta que Murphy voltou aos seus dias airosos de comédia pura.
A verdade é que, uma vez mais, a fita não está ao nível do carismático actor. Interpretando não só a nave (que dá pelo nome de Dave Ming Chang), como ainda o seu capitão, Murphy consegue, com as suas caretas características e um humor corporal bastante apurado, arrancar algumas risadas. Porém, a falta um argumento mais consistente acaba por ser um tremendo let down. Fraco, previsível, infantil e forçado são as palavras mais adequadas para descrever esta fita de 90 minutos de duração.
Desta forma, "Meet Dave" só consegue a nota que se segue pela presença do protagonista, sendo lamentável constatar que Hollywood carece de qualidade argumentativa no que a comédia diz respeito.
Resta-nos esperar que Murphy saia rápidamente deste ciclo de películas menores, e que possa, quem sabe, colmatar a referida lacuna.
"This planet rocks. Deal with it!"
Nota Final: 5 / 10
Coisa (Michael Chiklis), Mulher Invisível (Jessica Alba), Senhor Fantástico (Ioan Gruffudd) e Tocha Humana (Chris Evans) estão de volta numa nova aventura. Desta feita, os 4 super heroís terão de enfrentar o Surfista Prateado (Doug Jones, mas com voz a cargo de Lawrence Fishburne), um mensageiro intergaláctico que se desloca até ao planeta Terra, espalhando o terror e, assim, preparando-o para a destruição às mãos do seu senhor, Galactus, o Devorador de Mundos.
A história retirada da BD é dotada de milhares de fãs, podendo ser esse um dos factores que leva o espectador a querer, de facto, apreciar a fita a um nível superior ao de simples entretenimento. A história, os personagens (especialmente o Surfista, um dos mais cool da Marvel), os efeitos especiais... Com o argumento certo, seria certamente um projecto ganho. Mas essa façanha, não passa de uma missão quase impossível.
Estou a escrever a crítica à medida que vejo o filme (situação semelhante àquela em que me coloquei aquando do visionamento televisivo de "Ghost Rider"... sim, um outro filme que tem um excelente personagem nos comics e se vê defraudada cinematograficamente), e reforço a opinião que tinha anteriormente: o filme é fraco em densidade, simplista, e com profundas falhas de argumento (já para não falar nas sequências sofríveis entre a artificial Alba e o inexpressivo Gruffudd). Dentro do leque actoral, salvam-se Evans e Chiklins, nos seus habituais momentos de comédia (ainda que um pouco forçados, confesso).
Mudanças de planos demasiado rápidas, diálogos ocos e um estudo da personagem do Surfista quase que inexistente são algumas das características que pautam esta sequela que consegue, ainda assim, assumir-se como superior em relação ao anterior capítulo da saga. Não é terrível, mas também não é o melhor. Para tal efeito, o melhor será referenciar novamente "Dark Knight", essa sim, uma das melhores (se não mesmo, a melhor) película de heróis fantásticos.
De mencionar ainda o meu profundo pesar pela representação de Galactus. Digamos que esperava mais que uma nuvem de poeira... E o regresso forçado do Dr. Doom (Julian McMahon), não convence. Um vilão demasiado soft.
Eis pois o simples blockbuster ao qual deverão assistir por respeito a Lawrence Fishburne e à sua técnica que permitiu atribuir tanta personalidade a um personagem com tão limitado "tempo de antena". Que venha a fita dedicada ao Silver Surfer! Mas sem Tim Story no comando.
"There's always a choice."
Nota Final: 5.5 / 10
Olho para o lado, e sinto o braço que lhe suporta a cabeça a deslizar lentamente. Inclino-me na cadeira da sala de cinema, e vejo que sim, ela já adormeceu. A uma meia hora do fim. Como é que tal é possível, com tanto barulho?!
Deixa-me incrédula, a princípio, mas até percebo. Não é só por ela estar cansada. É também porque, de facto, a fita está uns furos abaixo do primeiro filme, mais a nível de história que propriamente de acção. E esse foi um factor sentido por todos nós que nos deslocámos ontem ao Colombo para assistir a "Homem de Ferro 2".
A história tem lugar pouco tempo depois da que nos foi narrada no primeiro filme. Tony Stark (Robert Downey Jr.), que todos sabem ser a verdadeira identidade do Homem de Ferro, acaba de inaugurar a Stark Expo, uma exposição que pretende reunir as melhores invenções das mais brilhantes mentes criativas de todo o mundo, com um só objectivo: criar um futuro melhor para as gerações seguintes.
Mas nem tudo são rosas na vida do carismático Stark. Se por um lado se vê a braços com o governo norte americano e com o empresário Justin Hammer (um versátil Sam Rockwell), que quer a todo o custo ver-lhe cedida a tecnologia do fato do Homem de Ferro, por outro, a própria saúde de Tony tem-se vindo a deteriorar, por culpa do gerador que o mantém vivo, e que funciona à base de paládio, um composto que tem proporcionado um aumento dos níveis de toxicidade do sangue do empresário.
Para complicar ainda mais as coisas, surge uma entidade em busca de vingança... Ivan Danko (Mickey Rourke), filho de Anton Vanko, um físico russo que trabalhou, juntamente com Howard Stark, o pai de Tony, na criação do já referido gerador. Agora, usando essa mesma tecnologia, Ivan pretende repor a justiça para o seu pai, que morreu em declínio e absoluto esquecimento.
E claro, não descurando a vertente amorosa do filme, eis que também a relação de Tony e Pepper Pots (Gwyneth Paltrow) se ve "ameaçada", não só pelo facto de Tony tentar omitir o seu verdadeiro estado de saúde, como ainda pela presença de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) que vem como que balançar os sentimentos de Stark.
Uff... parece que abordei todos os pontos da história. Novos personagens, novas histórias que condimentam q.b. o caminho para o aguardado filme "The Avengers", com estreia prevista para 2012. Muitos pormenores podem ser referidos, desde o aparecimento do escudo do Capitão América, bem como a cena pós créditos em que aparece nada mais nada menos que um famoso martelo de um herói da Marvel...
Mas voltando à fita em questão. A profundidade e estudo dos personagens é um pouco descurada, é verdade, mas dado que está já confirmado um terceiro capítulo da série, pode ser que o espectador veja colmatada essa falha. De abonatório aparecem as sequências de acção que, embora tenham uma resolução demasiado rápida (tudo parece fácil para o herói vermelho e dourado), estão bastante bem conseguidas. E claro, a faceta de one man show do protagonista Downey Jr. ajuda amplamente na qualidade da fita, já para não falar da excelente banda sonora, numa onda maioritariamente AC/DC. Bom toque Jon Favreau.
É um blockbuster, e cumpre a sua função. Mas a verdade, é que um maior cuidado com a história teria sido bem vindo.
"It's good to be back!"
Nota Final: 7 / 10
What a stupid movie.
Por mim ficaria por aqui, mas crítica que se preze, tem de ser minimamente justificada. Quanto mais não seja, pelo gosto pessoal. Mas vou-me tentar abstrair de alguma forma e relatar o que vi durante hora e meia (não sei como aguentei...).
Esta (péssima) comédia conta-nos a história de Zed (Jack Black) e Oh (Michael Cera), dois homens das cavernas que são expulsos da sua tribo, iniciando então uma viagem no mínimo... bizarra. Pelo caminho encontram inúmeras figuras bíblicas, desde Caim (David Cross) e Abel (Paul Rudd), até Abrãao e os romanos. Mas o grande desafio, esse, espera-os em Sodoma, a cidade do pecado. Os habitantes passam privações pela falta de chuva que assola a região, e os sacrifícios de jovens mulheres virgens sucedem-se, já para não falar que alguns dos membros da sua tribo foram feitos prisioneiros naquela mesma cidade. Conseguirão agora Zed e Oh alterar o curso da história?
Sim... poderia ter piada. E tem, uma ou outra vez. Mas não passa disso. "Ano Um" simplesmente não funciona como um todo, desenrolando-se qual festival de atrocidades. É certo que me encontro a anos luz do meu estilo de filmes no que a esta comédia diz respeito, mas, em minha defesa, posso sempre argumentar que o que me levou a assistir foi Michael Cera, mas nem ele se salva (ainda tenho o "Juno" na minha cabeça no que ao rapaz diz respeito, por isso foi um choque). Quanto a Jack Black, continua igual a si próprio, pelo que os fãs do seu trabalho certamente irão gostar de mais esta sua prestação (sempre no mesmo registo).
Piadas sem graça que roçam mesmo a vulgaridade pautam uma fita sem pés nem cabeça, realizada por Harold Ramis, o Dr. Egon Spengler de "Ghostbusters". Totalmente dispensável! Vale a nota atribuída por dois factores: por não ter estreado nos cinemas (evitando gastos absurdos por parte do espectador) e por ter um trailer que resume o que de melhor o filme tem. Porque o resto... É melhor nem pensarmos mais nisso.
"Hey guys, I'm trying to enjoy a sacrifice with my family. Do you mind? Do you mind?"
Nota Final: 2 / 10
Sinceramente... esperava pior! Pela mão do realizador Michael J. Basset, chega-nos a adaptação cinematográfica de um dos heróis criados por Robert E. Howard (responsável também por Conan, entre outros que permitiram criar um sub-género da fantasia conhecido como sword and scorcery). Esse herói é Solomon Kane (James Purefoy), um mercenário cuja alma está condenada ao Inferno. Após mais uma carnificina ao seu comando, Solomon tem um inesperado encontro com o ceifeiro do Diabo, que vem reclamar a sua alma. Porém, a resiliência de Solomon consegue protegê-lo desse triste destino, e durante um ano manteve uma vida de paz, abdicando de toda e qualquer forma de violência.
Um dia, é aconselhado por um padre a voltar às suas origens, por forma a conseguir a sua redenção. Solomon dá então início a uma solitária jornada por terras pautadas por foras da lei e por um temível exército ao serviço de Malachi, um feiticeiro servente do próprio Diabo e que tenciona tornar-se senhor de todas aquelas terras. E é durante a sua caminhada que Solomon é abordado por uns saqueadores que o deixam bastante mal tratado. Mas, aparentemente, a sorte está do seu lado ao ser socorrido, e acolhido, por uma família de puritanos. Estabelece-se entre eles uma profunda relação de compreensão, e Solomon parece finalmente em paz... até que algo de inesperado acontece. A família é atacada pelo exército de Malachi, sendo que desse ataque resulta a morte de quase todos os membros da família e ainda a captura da filha mais velha do casal, Meredith (Rachel Wurd-Hood).
Cabe agora a Solomon salvar Meredith e assim alcançar a sua redenção.
A verdade é que entrei na sala de cinema cansada e sem grandes expectativas. E apesar de ter a cabeça noutro lugar, o filme teve a capacidade de me prender a atenção aos poucos, e isso por si só já é uma vitória. Claro que não é daqueles incontornáveis, e muito menos livre de erros (assim de repente veio-me à cabeça uma cena da captura da família que acolheu Solomon... o irrealismo no seu desempenho fez-me esboçar um ou outro sorriso perante o que estava a assistir, mas nada de alarmante), mas está bem construído.
A dicotomia entre o bem e o mal, a religião e a morte, são pontos que quando bem trabalhados têm material de sobra para proporcionar um bom projecto, e “Solomon Kane” consegue alguns rasgos de “bom filme” nos cenários e construção da personagem protagonista (menção especial para Purefoy, que se apresentou a um bom nível interpretativo). Porém, a previsibilidade do guião é notória, e este filme de baixo orçamento acaba por sofrer com isso. Deixa-se ficar um pouco pelo selo de “tentativa de deja-vú de Lord of The Rings”, e peca essencialmente pelos diálogos forçados e desinspirados. Já para não falar do culminar de acção demasiado rápido e simples que deixará certamente uma sensação de vazio em alguns espectadores (algumas das criaturas poderiam (e deviam!) ter sido melhor aproveitadas...).
Ainda assim, a película que marcou a sessão de abertura do Fantas 2010, e que (curiosamente!) acabou mesmo por arrecadar o prémio do Público, faz-se compor por um bom ritmo narrativo que me fez questionar o porquê do intervalo. Foram 120 minutos nada cansativos e de entretenimento q.b..
“There are many paths to redemption, not all of them are peaceful.”
Nota Final: 6 / 10
Tim Burton? Onde? Um mero vislumbre. Apenas.
Bem, mas primeiro a sinopse. A história é já conhecida de todos, mas desta vez, há uma ligeira diferença. Estamos perante o regresso de Alice ao País das Maravilhas, e não perante a sua primeira incursão naquele mundo. Volvidos 10 anos, a jovem parece ter-se esquecido de tudo o que ali passou, encarando as suas peripécias como um qualquer sonho que tivera em criança.
Mas o que ela não sabe, é que terá de se recordar de quem é realmente, e assim ajudar a salvar os habitantes daquele País, agora governado pela Rainha Vermelha, a quem nada mais interessa que cortar cabeças e assistir à sedutora vassalagem de Stayne, o Valete de Copas. Alice contará ainda com a ajuda dos seus amigos Mad Hatter, o gato Chesire (um dos melhores efeitos CGI do filme) e a lagarta Absolum (personagem à qual Alan Rickman dá voz, roubando todas as cenas em que “aparece”). Conseguirá ela cumprir a profecia e livrá-los a todos do domínio da estridente Rainha?
Munida dos cansativos óculos 3D (sim... esta tecnologia começa a desgastar-me, especialmente em filmes cujos elementos nada justificam a sua utilização), entrei para a sala de cinema com elevadas expectativas. Afinal, é de um filme de um dos maiores génios do cinema actual de que estamos a falar! Porém, quase 10 minutos depois do início, dei por mim a semicerrar os olhos. E o porquê, tornou-se bastante óbvio...
Nesta nova “Alice”, muitas das características que compõem, habitualmente, os filmes de Burton, que já nos trouxe grandes pérolas como “Edward Scissor Hands”, por exemplo, foram-me quase que imperceptíveis, com excepção claro para as participações de Johnny Depp e Helena Bonham Carter, carismáticamente irrepreensíveis, as usual.
“Calma, tenho de reflectir. Tem de haver uma causa... Estamos a assistir a um filme da Disney, pelo que existem componentes burtianas que não seriam aceites num filme para crianças”, pensei. “Vou aguardar mais um pouco antes de me precipitar em avaliações menos positivas”. Nisto, entra em cena Depp, que é, sem dúvida, a alma da fita. Valeu por ele, alguns bons momentos. Contudo, cedo percebi que um ou dois actores não bastam para carregar às costas o peso de milhões de dólares de investimento numa película. E nesse par de boas interpretações, não me refiro certamente à protagonista Mia Wasikowska, cuja total inexpressividade me fez sentir defraudada com tão fraca heroína.
Desinspirado, monótono e incapaz de nos levar para o tão falado País das Maravilhas. E se Alice demorou 10 anos para lá voltar, a mim bastaram-me os primeiros 10 minutos, para perceber que a minha odisseia iria ficar áquem do que esperava. Está longe do melhor de Burton.
Sendo assim, é caso para se dizer “Off with their heads!”.
Nota Final: 6 / 10
Londres, 16 de Novembro de 2027. A taxa de infertilidade atinge os 90% e a pessoa mais jovem do mundo (com apenas 18 anos de idade), foi assassinada.
Um início arrasador. Contido, seco, frio, povoado por um sentimento de perda generalizado. Quase comparável à morte de uma celebridade mas, neste caso, bem mais que isso. É uma tomada de consciência do envelhecimento de uma sociedade à beira da extinção.
Violentas lutas e um profundo estado de anarquia ditam as leis da rua. Uma rua onde um solitário burocrata revoltado, Theo (Clive Owen), se vê involuntariamente submerso numa missão capaz de impedir a extinção do Homem. A missão de garantir a sobrevivência da última mulher grávida, Kee (Clare-Hope Ashitey).
O realizador mexicano Alfonso Cuarón, responsável pelo 3º capítulo da saga cinematográfica de Harry Potter, recria a atmosfera de “Os Filhos do Homem” como um painel “cinzento”, desprovido de qual magnificência ou fulgor. É amarga, assustadoramente próxima de algumas realidades que já hoje começamos a experiênciar.
Um guião bem estruturado se apresenta perante o olhar do espectador, a quem Clive Owen consegue sempre transmitir um “quê” deveras intrigante a cada um dos seus personagens, e este é manifestamente mais um destes casos. Julianne Moore também se apresenta em boa forma como a revolucionária Julian, assim como o eterno Michael Caine com o seu Jasper, um cartonista político, amigo de Theo.
Uma banda sonora adequada e planos de camara competentes, alguns em estilo documentário que fazem as delícias de qualquer espectador, fazem desta adaptação do livro homónimo de P.D. James, de 1992, uma fita recheada de pormenores e em que nada foi deixado ao acaso. Senão, que dizer do cenário desolador de uma escola abandonada, da luta por preservar alguma identidade cultural que ainda reste, e da composição de um retrato que quase nos retorna à conduta Nazi, que figurará sempre como uma das mais vergonhosas épocas da história humana? São estes pormenores que destacam esta película das demais com sentido apocalíptico, embora o seu guião seja algo previsível em alguns pontos, mas mantendo uma singularidade que o coloca no conjunto de filmes de topo.
De mencionar a sequência final, os ecos.. a sobreposição dos sons das balas sobre os gritos, e um choro... que finda um massacre. Os créditos finais que começam com sons de crianças, embora o final esteja aberto a uma leitura mais vasta do que a do simples “final feliz”. Uma conotação religiosa, com base no milagre que é o nascimento de uma criança, mas também no sacrifício próprio por aquilo que acreditamos ser um bem maior. Tal como a personagem de Owen o fez.
Uma curiosidade ainda a referir, é a existência de um take de 6 minutos de duração, sem cortes de qualquer espécie. Uma pequena proeza da qual Cuarón certamente se orgulha.
Um retirar e atribuir de esperanças que mexe com os nossos ideais, e nos faz pensar no que o futuro cada vez mais próximo nos pode reservar. Uma sobrevivência mergulhada no caos, uma lição e um dos melhores filmes de sempre.
“As the sound of the playgrounds faded, the despair set in. Very odd, what happens in a world without children voices.”
Nota Final: 9 / 10
Soberbo. E assim acabo a crítica. Está tudo dito...
Não, mentira. Não posso deixar um filme assim rotular-se com uma simples palavra.
Baseada no romance de Diana Wynne Jones, esta é a história de Sophie, uma adolescente de 18 anos que vê a sua vida mudar por completo quando conhece Howl (Hauru na versão original nipónica), um belo feiticeiro perseguido por forças maléficas controladas pela Bruxa do Nada.
Após observar a proximidade que nasceu entre os dois, a Bruxa, agindo sob o impulso do cíume, transforma a pobre Sophie numa mulher de 90 anos. Esta decide então partir para as terras do Nada, à procura de uma maneira de quebrar o feitiço. E é lá que Sophie se depara com um estranho castelo andante...
O realizador, Hayao Miyazaki, que já nos brindou com o oscarizado “A Viagem de Chihiro” , volta a provar o porquê do fascínio pela sua arte. “Howl's Moving Castle” tem um brilho especial, que confere tudo o que uma película de qualidade pode exigir.
Primeiramente vou referir a banda sonora. O lirismo que o compositor Joe Hisaishi confere aos seus trabalhos tem acompanhado os filmes de Miyazaki, contribuindo amplamente para o envolvimento do espectador com a fita. É quase que um outro mundo aquele para o qual somos transportados tão facilmente com a fusão de imagens e som. Deslumbrante e muito bem conseguido.
De seguida, há que mencionar o guião. Com uma história inteligente e com uma forte mensagem anti-guerra, é fácil ganhar interesse na visualização da fita. Os momentos emocionantes são uma constante, sejam eles de acção ou comoção. E claro, também alguma comédia não foi esquecida (um bem haja, uma vez mais, a todos os envolvidos nas dobragens portuguesas).
Gostei de inúmeros pormenores, nomeadamente a percepção de Sophie sobre a sua condição física enquanto mulher idosa, mas que em nada a impediu de perseguir os seus objectivos. Outro bom pormenor são as diferentes transformações a que o feiticeiro Howl está sujeito, variando de situação para situação. E claro, uma das dúvidas incontornáveis do filme: a constante alteração do aspecto de Sophie. Mas essa, permanecerá sempre em aberto para uma interpretação pessoal do espectador.
A história em si percebe-se bastante bem. Contudo, sensívelmente a meio da fita, é possível um ou outro desnorte, mais pela maneira como nos é contada do que propriamente pelo seu conteúdo. Mas nada que comprometa. A meu ver, ainda conseguiu enriquecer o cariz místico de um clássico que quase de imediato ganhou o estatuto de imperdível.
Um must see mágico, inebriante e criativo.
“That boy is extremely dangerous, his powers are far too great for someone without a heart.”
Nota Final: 10 / 10
Porquê? Porquê esta adaptação completamente oca dos bonecos da Hasbro?
Enfim... Como o espectador já deve ter percebido, fui uma das pessoas que assistiu ao filme e que não se deixou "deslumbrar" nem pelo herói Duke, interpretado pelo atlético Channing Tatum, nem por mais uma prestação silenciosa, mas competente, de Ray Park (que já vimos em "Star Wars" no papel de Darth Maul) enquanto Snake Eyes, nem pelos efeitos especiais que, dou o braço a torcer, conseguem entreter quem vá com poucas expectativas para a sala de cinema.
A história do filme é muito simples: James McCullen (Christopher Eccleston) é um traficante de armas que planeia dominar o mundo através da criação de um exército de soldados nanotecnológicos, e por isso mesmo, mais fortes que os comuns humanos. Por forma a espalhar o terror, e dar início a uma nova era, pretende utilizar 4 ogivas concebidas com a mesma tecnologia, e que têm capacidade para destruir uma cidade inteira. É aqui que a equipa G.I. Joe entra em acção...
Stephen Sommers, o realizador de “Van Helsing” e “The Mummy” sofre aqui do mesmo mal que nos seus outros filmes (embora confesse o meu particular gosto por “The Mummy”), ou seja, consegue criar boas sequências de acção, mas com um argumento vazio e bastante parco em qualidade. E mesmo a acção é apressada, sem nexo por vezes, culminando num final atabalhoado e criado única e exclusivamente para permitir um insondável número de sequelas.
O mesmo se pode dizer das personagens, que conseguem uma profundidade igual a uma tábua rasa... Só Sienna Miller foge a esse rótulo, brindando o espectador com uma prestação deveras... sexy com a sua Baronesa, a vilã da história. E sim, também aqui o voyerismo para com a actriz está presente e diria até, bem latente. Mas numa fita em que as representações são quase que secundárias, dada a maior importância dada aos efeitos especiais, a jovem actriz britânica foi a única que me conseguiu convencer, num registo bad girl totalmente diferente daquele a que nos tem habituado.
Desta forma, “G.I. Joe: Ataque dos Cobra” vale somente pela acção frenética, efeitos especiais (que são, a par de Sienna, as únicas mais valias da fita) e pela quantidade industrial de vidros partidos.
Nada relevante e com uma potencial sequela a caminho, assim é um blockbuster rentável nos dias que correm...
“Technically, G.I. Joe does not exist, but if it did, it'd be comprised of the top men and women from the top military units in the world, the alpha dog's. When all else fails, we don't.”
Facto, é que falharam.
Nota Final: 4 / 10
Deslumbrante, único, um marco cinematográfico. O realizador James Cameron alcançou mais um feito, desta vez com a história de Jake Sully (Sam Worthington), um ex-marine confinado a uma cadeira de rodas, que foi convocado para uma missão no planeta Pandora.
A missão consiste na procura de um valiosíssimo mineral que é utilizado na Terra como fonte energética, localizando-se precisamente no seio da comunidade Na'vi, os habitantes daquele planeta.
Por forma a ganhar a sua confiança, estudar os seus costumes, e conseguir preciosas informações de como chegar ao mineral, Jake, através de um altamente avançado programa de avatares, vê a sua mente transportada para o corpo de um robusto Na'vi. E é aqui que o conflito interior do jovem tem lugar... Deverá ele lutar ao lado dos da sua raça, ou ao lado daqueles que agora o acolheram?
O filme é um deleite visual para o espectador, e a sua abordagem tridimensional é quase que obrigatória. Desde as paisagens, até às criaturas... Tudo é abordado com um enorme cuidado e bom gosto. Sim, a história é mais que vista, recheada de clichés, e sabemos desde cedo o desfecho provável, mas nem por isso o interesse do filme se vê gorado.
Certo mesmo é que Cameron é um mestre, e os 300 milhões de dólares que tornam “Avatar” no filme mais caro de sempre renderam, e bem! Nunca na vida, e afirmo-o com toda a convicção, vi uma tão perfeita simbiose de imagens reais com o mais refinado CGI. Esqueçam tudo o que viram até agora, e marquem uma nova etapa do cinema a partir do sucessor de “Titanic” no que aos sucessos do realizador diz respeito (já repararam como o senhor marca décadas com cada filme que faz? “Terminator” é mais um exemplo disso mesmo!).
A nível interpretativo, o leque de actores brinda-nos com convincentes performances. Quem me conhece bem sabe que opinião tenho sobre Michelle Rodriguez... Pois agora cabe-me dar o braço a torcer e dizer que, de facto, gostei imenso da sua prestação. A sua personagem, Trudy Chacon, embora com pouco tempo de intervenção, marca pela positiva. Nota de referência ainda para Sigourney Weaver, em boa forma, mas com uma condução do personagem que me confundiu um pouco. Gostaria de ter visto o “mau feitio” da personagem um pouco mais aprofundado, mas esteve a bom nível, assim como Stephen Lang, o implacável coronel Miles Quaritch. Com uma condição física invejável, Lang revelou-se o vilão perfeito, com tiradas que denotam bem o cariz político que Cameron tentou induzir na película.
Por fim, de frisar que “Avatar” é apontado como o novo salvador da indústria cinematográfica de Hollywood. As condições para tal estão reunidas, portanto não será de estranhar que o consiga!
Quase 3 horas de duração que servem como prenda de Natal antecipada para qualquer cinéfilo que se preze. Um verdadeiro must see!
“Everything is backwards now, like out there is the true world and in here is the dream.”
Nota Final: 9 / 10
Coube a “Rogue”, filme australiano do mesmo realizador de “Wolf Creek”, dar as boas vindas a todos aqueles que no dia 2 deste mês se dirigiram ao Cinema São Jorge para a sessão de abertura do MOTELx.
Como diria o Diogo, “o videoclip do malogrado Michael Jackson, “Thriller”, foi a curta metragem non-official a passar antes do filme”, à semelhança de todas as sessões dos restantes dias do festival que contaram com o visionamento de uma curta (portuguesa ou internacional) antes da película em si.
Na presença de John Landis, responsável pelo já mencionado videoclip, desenrolou-se pois um filme que, contra alguma desconfiança, visto tratar-se de um monster movie (algo que me faz alguma confusão desde o triste “Lake Placid”), se provou um bom valor dentro do género.
A história passa-se numa Austrália remota, onde se encontra Pete McKell (Michael Vartan), um jornalista para uma revista de viagens. Lá, Pete embarca juntamente com outros turistas num passeio pelo rio do Kakadu National Park, por forma a observar crocodilos. Mas o que eles não esperavam era tornarem-se no principal alvo da besta...
Certamente pensará o espectador (e com razão) que estamos perante uma ideia mais que vista. O que diferencia então este “Rogue” dos restantes monster movies? A meu ver, a construção de personagens. Os momentos iniciais da fita são dedicados a conhecer os diversos tripulantes e a observar as belas paisagens com que Greg McClean nos brinda, tudo num estilo quase documental e que não deixa antever o momento que marcará o início do pesadelo para os personagens.
Num filme parco em sequências gore (uma vez que a maioria das mortes acontece em off-screen), Radha Mitchell e Michael Vartan (mais conhecido pelo seu papel na série Alias) são protagonistas à altura e não se excedem no típico “romance no meio de uma situação difícil”, construindo antes uma relação de mútuo respeito. Sam Worthington, mesmo que mal aproveitado, provou boas capacidades interpretativas, que certamente o ajudaram a conseguir o protagonismo em “Terminator Salvation”, a par de Christian Bale. A ter em atenção.
Pecando um pouco nos efeitos especiais finais do crocodilo e trabalhando alguns dos momentos de maior tensão com uma adequada banda sonora, “Rogue” é acima de tudo um filme consistente, que nos coloca em intímo contacto com a complexidade humana e que, dentro das suas impossibilidades, consegue ainda assim ser plausível em determinados pontos, fugindo do ridículo a que se renderam alguns dos seus antecessores.
Uma abertura digna!
“Are you sure you want to be the last one across?”
Nota Final: 8 / 10
Baseado no livro homónimo de Neil Gaiman (o mesmo criador de “Stardust"), eis que Henry Selick, o realizador responsável pelo fantástico “The Nightmare Before Christmas”, nos faz chegar “Coraline”, uma menina de 11 anos que acaba de se mudar com os pais para a cidade de Oregon, para uma mansão com mais de 100 anos chamada “Palácio Cor-de-Rosa”.
Apesar do local ser apto a explorações, de conhecer um estranho rapazinho da sua idade, e de os restantes inquilinos da mansão serem algo caricatos (as artistas Spink e Forcible, e o Sr. Bobinsky), Coraline (Dakota Fanning) depressa se aborrece. Os pais estão cheios de trabalho e não dispensam muita atenção à filha, sugerindo a esta que explore a casa. E é durante a sua incursão que Coraline dá de caras com uma estranha porta que serve de passagem para um mundo alternativo onde a sua vida é em tudo mais alegre. Ou pelo menos, é o que parece...
Conseguindo abranger um público mais vasto, “Coraline e a Porta Secreta” pode em alguns momentos chegar a ser desconfortável para as crianças. Não digo que não seja direccionado para elas, pelo contrário, mas alguns segmentos, nomeadamente o final, vai um pouco mais além do habitual em matéria de “susto”. Ainda assim, é inegável o facto de estarmos perante uma boa aposta dentro do género.
Com animadas e coloridas sequências, como o florescer do jardim do outro mundo, por exemplo, e pelos próprios personagens, cuidadosamente criados pelo processo de stop motion (uma modalidade de animação em que são utilizados modelos reais, a partir dos quais são necessárias 24 frames para cada segundo de filme, sendo que os modelos são fotografados frame a frame), Selick brinda-nos com uma película criativa, inteligente e visualmente irrepreensível que nos transmite a ideia de que, por vezes, aquilo que desejamos pode não ser o melhor para nós. E que se soubermos esperar, se tivermos paciência, os bons momentos chegam para ficar. Selick não se opõe ao sonho, apenas enaltece uma realidade de acordo com o que temos. E fá-lo através de uma personagem que, embora criança, apresenta já uma personalidade vincada e que não nos deixa indiferentes.
Devo ainda parabenizar a dobragem portuguesa, em especial Nuno Lopes, que dá voz ao curioso Mr. Bobinsky, e a Ana Bola e Maria Rueff que nos deliciam com as divertidas Miss Spink e Miss Forcible.
Com tamanha qualidade, não se admire pois o espectador de ver atribuída a “Coraline” uma nomeação a melhor filme de animação na próxima cerimónia dos Óscares. É sobejamente merecida!
“You probably think this world is a dream come true... but you're wrong.”
Nota Final: 8.5 / 10
Após as desistências de David Fincher e de Joe Carnahan em dar continuidade à saga de “Missão Impossível” eis que surge em cena J.J. Abrams. Depois de assistir a alguns episódios da conhecida série “Alias”, produzida por Abrams, Cruise viu nele o homem ideal para recuperar para este “Missão: Impossível 3” um potencial que desaparecera no capítulo anterior.
De imediato pensei que voltaríamos a ver o verdadeiro Hunt, e em plena sala, confirmei as minhas expectativas, naquele que é, para mim, o melhor capítulo até ao momento.
Neste 3º capítulo, Hunt (Tom Cruise) leva agora uma vida normal e pacata. Está noivo de Julia (Michelle Monaghan), que desconhece a sua condição de agente secreto, e deixou o trabalho no terreno, dedicando-se somente ao treino de novos agentes do IMF. Contudo, essa sua “nova” vida é alterada por completo quando Lindsey (Keri Russell, num papel que esteve destinado a Scarlett Johansson), uma das suas melhores alunas, é feita refém na sua primeira missão. Agora, Hunt terá de resgatar Lindsey e enfrentar o perigoso traficante de armas Owen Davian (Philip Seymour Hoffman) que o tem na mira, a si... e a Julia.
Comparativamente com o primeiro “M:I”, que nos oferecia um envolvente clima de espionagem, este “M:I 3” recupera esse clima, embora numa dosagem menor, é certo, mas que se vê compensada com boas sequências de acção. Ou seja, num balanço, “M:I 3” consegue ser um produto mais consistente, daí a nota superior em relação aos outros títulos da saga. Abrams mostra-se incansável nesta sua estreia cinematográfica e fala-se já num novo capítulo a seu cargo.
Os momentos iniciais do filme recuperam o início característico da série de televisão, e é-nos apresentado um determinado ponto do filme em que o confronto entre Hunt e Davian está já no seu limite. A partir daí, Abrams recupera o começo do filme onde somos introduzidos a uma outra faceta de Ethan: a vida que partilha com Julia. Assim, e ao contrário da fita de De Palma, somos levados a conhecer melhor o personagem e a criar laços com ele, algo que tinha sido bastante complicado de alcançar nos filmes anteriores (um pouco mais simples talvez na película a cargo de John Woo, embora a química do actor com Thandie Newton estivesse longe de ser perfeita).
Aproveito esta menção para abordar as interpretações. Os “veteranos” Cruise e Rhames mantêm-se nos seus papeís com o nível a que já nos habituaram, jogando bem com a entrada de Laurence Fishburne enquanto chefe de Ethan, e de Philip Seymour Hoffman, que se mostra um vilão à altura, conquitando bons momentos de tensão e roubando todas as suas cenas.
Resta-me pois recomendar este filme com acção vertiginosa e bem conseguida que não deixará o espectador indiferente!
“Who are you? What's your name? Do you have a wife? A girlfriend? Because if you do, I'm gonna find her. I'm gonna hurt her. I'm gonna make her bleed, and cry, and call out your name. And then I'm gonna find you, and kill you right in front of her.”
Nota Final: 8 / 10
4 anos depois, a cargo do realizador John Woo, eis que chegou o mais fraco capítulo da saga. Infelizmente, é possível resumir desta forma a película em que o agente especial Ethan Hunt (Tom Cruise) tem como missão recuperar um vírus mortal, criado em laboratório, e o seu respectivo antídoto. Ethan deve criar uma equipa de agentes à sua escolha, mas deverá recrutar também Nyah Nordoff-Hall (Thandie Newton). A sua importância para a missão é vital, uma vez que é a ex-namorada de Sean Ambrose (Dougray Scott), o agente da IMF que roubou o vírus.
A princípio a premissa parecia interessante, muito também pela bem desenvolvida trama do primeiro filme. Contudo, depressa nos apercebemos que o engenhoso guião foi esquecido e substituído por sequências de acção que, embora bem coreografadas, devem pouco à credibilidade. É facto que, por se tratar de um filme de acção, o exagero está muitas vezes presente, mas há sempre limites razoáveis dentro dos quais é possível executar um melhor trabalho.
Um bom exemplo disso são os minutos iniciais da fita. Em Dead Horse Point, Utah, vemos Hunt a praticar boulder, um tipo de escalada em que não são utilizados equipamentos de segurança. Exige muita perícia e força, daí ser indicado para alturas não superiores a 5 metros. Ou seja, locais completamente opostos áquele em que Hunt se encontra. Mas lá está, é um filme de acção, situações destas são quase imperativas. Agora, não roça o ridículo como, por exemplo, a cena de luta na praia... O espectador compreenderá ao que me refiro se tiver oportunidade de visualizar a película.
Mas fora esses exageros, “M:I 2” peca essencialmente pelo facto de ver o clima de espionagem do filme anterior transformado numa simples miragem. Há uma perda de identidade do agente especial bastante notória na fita, e o guião torna-se simples de mais, já para não falar no vilão, que está longe de ser interessante. Falha grave também no mau aproveitamento da qualidade interpretativa de Sir Anthony Hopkins.
Desta feita, “Missão Impossível 2” não passa do filme feito somente para entreter. Pena é que anteriormente nos tivessem “servido” um Hunt mais interessante, pois caso isso não tivesse acontecido, poderíamos encarar este segundo filme mais como um produto isolado, do que como uma sequela mal conseguida.
“Mr. Hunt, this isn't mission difficult, it's mission impossible. "Difficult" should be a walk in the park for you.”
Nota Final: 5 / 10
Ethan Hunt (Tom Cruise) desloca-se até Praga com a sua equipa da IMF, uma agência secreta, para mais uma missão: recuperar um disco que contém a lista de agentes que trabalham para a firma. Porém, depressa percebem que são vítimas de uma emboscada.
Por ser o único sobrevivente, Ethan torna-se o principal suspeito da morte dos colegas. Conseguirá ele provar a sua inocência?
Esta adaptação da série televisiva de grande sucesso nos anos 60, foi o primeiro projecto da Cruise/Wagner Productions, a produtora criada por Tom Cruise e Paula Wagner, e que viria mais tarde a encarregar-se também dos seguintes capítulos da saga do agente especial Hunt (que apresentam uma qualidade bastante distinta, mas essa análise, fica para posteriores críticas).
Com realização a cargo de Brian De Palma, “Missão: Impossível” mostra-se um bem executado thriller, bastante coeso e coerente... até à cena final que envolve um helicóptero, um TGV e um túnel... Para não fugir ao rótulo de filme de acção, deixa-se cair numa cena exagerada e que de credível, tem muito pouco, comprometendo o tom sóbrio que vinha acompanhando a fita. Porém, o que se lhe antecede, vale por todo o filme. O espectador tem a sua atenção completamente focada no desenrolar dos acontecimentos, mais até do que nos personagens, proporcionando um interessante jogo mental, bastante abonatório para o característico ambiente de filmes de espionagem.
Assim, com uma boa direcção, elenco requintado e competente, bons planos de acção e fotografia, estamos perante um título incontornável dentro do género em questão, e de algumas das cenas mais marcantes do cinema (quem não se recorda da famosa entrada na sala do computador da firma, em Langley, com Cruise suspenso por cabos e sem poder emitir qualquer som?).
Sem dúvida, um dos melhores da saga.
“If you're dealing with a man who has crushed, shot, stabbed, and detonated five members of his own IMF team, how devastated do you think you're gonna make him by hauling Mom and Uncle Donald down to the county courthouse?”
Nota Final: 7 / 10
Nesta minha mini-maratona de filmes com Jet Li como protagonista, decidi pegar em “O Reino Proibido”. Depois de um deprimente “A Múmia: Túmulo do Imperador Dragão”, confesso que não ia com grande esperança para este filme. Mas enganei-me, e bem!
Jason Tripitikas (Michael Angarano) é um jovem viciado em filmes de kung fu. Um dia, na loja de penhores onde adquire os seus filmes, Jason encontra um estranho bastão que vem passando de geração em geração aos donos da loja, até que se encontre o seu verdadeiro dono.
Nessa noite, o jovem é obrigado por um gang local a ajudar num assalto à loja, e é durante a fuga que se vê transportado de Boston para a China antiga, juntamente com o bastão. Lá, é salvo pelo mestre (bêbedo) de kung fu, Lu Yan (Jackie Chan) que lhe conta a profecia do bastão e lhe diz ter como missão entregá-lo ao Rei Macaco, transformado em pedra à mais de 500 anos pelo Senhor da Guerra de Jade, que o atraiçoara durante um duelo.
Com a ajuda do monge silencioso (Jet Li) e de Pardal Dourado (Yifei Liu), conseguirão os nossos heróis libertar o poderoso guerreiro?
Este filme foi altamente publicitado por se tratar da tão aguardada reunião entre os dois mestres actuais de artes marciais, Jet Li e Jackie Chan. E que reunião! Chan tem um quê de Jack Sparrow na sua personagem, mostrando-se trapalhão, mas ainda assim, excelente lutador. Jet Li arranca uma boa interpretação, adequando-se bem ao papel (ou devo dizer, papeís...), e Bingbing Li, que interpreta a feiticeira Ni Chang, tem também uma prestação interessante e com boas cenas de luta.
Existem alguns momentos bem ao estilo de “The Karate Kid”, como quando Lu Yan ensina kung fu ao jovem Jason, ao mandá-lo cortar relva com o seu bastão... “Wax on, wax off”... lembram-se? Mas nem as semelhanças, nem os clichês do filme arruinam este produto realizado por Rob Minkoff (um dos realizadores de “The Lion King”).
Proporcionando bons momentos de humor, bem como exímias sequências de combate e efeitos especiais, somos também nós transportados numa aventura rica a vários níveis, desde interpretativo até fotográfico e sonoro. As cores das belas paisagens da China conjugam-se com uma adequada sonoridade, criando assim um bonito ambiente para a película.
Entretenimento puro numa das mais fantásticas aventuras do ano de 2008! Worth the watch.
“If one does not attach himself to people and desires, never shall his heart be broken. But then, does he ever truly live? I would rather die a mortal, who has a care for someone, than a man free from his own death.”
Nota Final: 7 / 10
Terceiro capítulo da saga de “The Mummy” (sem contar com a mal conseguida prequela “The Scorpion King”), desta vez passado na China. O imperador Han (Jet Li) era detentor de uma insaciável sede de poder, e via somente na morte o seu principal adversário. Decide então recorrer à ajuda de Zi Juan (Michelle Yeoh) uma feiticeira que, em vez de lhe conceder a vida eterna, acaba por amaldiçoá-lo, vingando a morte do seu amor.
Agora, 2000 anos depois, o imperador que se encontrava transformado, juntamente com o seu exército, em estátuas de terracota, despertou com a intenção de conquistar o mundo. E só Rick O’Connell, o mesmo que derrotara a múmia Imhotep, o pode travar.
O início do filme prometia, mas ao contrário dos dois primeiros títulos da saga, não soube manter essa linha de interesse. O desgaste de ideias e as fracas interpretações de alguns dos actores tiraram o sentido à continuidade da história. Isso bem como uma série de cenas que se apresentam, no mínimo, rísiveis e dispensáveis.
Com a pretensão de apostar essencialmente nos efeitos especiais (que não estão nada por aí além), este “O Túmulo do Imperador Dragão” perde bastante com a saída de Rachel Weisz (embora se compreenda a escolha da actriz em não participar no mais fraco capítulo da trilogia). Maria Bello, que está longe de ser má actriz, foi a substituta para interpretar Evelyn O’Connell e, simplesmente, não foi a melhor escolha para o papel, deixando bastante a desejar.
Fraser, que não possui qualquer química com Bello, continua a seguir a linha do heroí divertido, conferindo um dos únicos pontos de interesse, juntamente com John Hannah com o seu divertido Jonathan, cunhado de Rick. Verifica-se portanto que só os actores que se mantiveram dos filmes anteriores conseguem fazer-nos esquecer, por momentos, que estamos perante uma película com um argumento mais que visto, previsível e que leva, inequívocamente, a um distanciado interesse por parte do espectador. Isto para não dizer quase nulo...
Luke Ford, que interpreta o filho de Rick e Evy, Alex, também não convence, mais por um má escolha de casting do que por outra coisa. A idade que o separa do “pai” Fraser aparenta ser pouca e isso decididamente não joga a favor do pretendido pelo realizador Rob Cohen, que se prepara, dizem, para realizar “The Mummy 4”...
Resta-me dizer que, depois deste “The Mummy 3” aborrecido e completamente descartável, espero que não seja verdade.
“Die you mummy bastards. Die.”
Nota Final: 3.5 / 10
Larry Daley (Ben Stiller) deixou o seu trabalho de guarda nocturno para se lançar no mundo empresarial, alcançando bastante sucesso. A sua empresa, a Daley Devices, está em franca expansão e segue um bom rumo. Já o mesmo não se poderá dizer da relação de Larry com o seu filho, dado o excesso de trabalho que tem em mãos.
Um dia, toma conhecimento que o Museu de História Natural de Nova Iorque, onde trabalhara, está a ser renovado. A nova tecnologia vem substituir algumas das estátuas que se encontravam no museu, e de quem Larry se tinha tornado amigo (no primeiro “Night at the Museum” comprovou-se que todos os artefactos do museu ganham vida durante a noite).
Os artefactos são levados para Washington DC, para os armazéns do instituto Smithsonia, onde se encontra Kahmunrah, um terrível faraó que pretende governar o mundo. Cabe agora a Larry unir-se a Jedediah (Owen Wilson), Octavius (Steve Coogan), e aos restantes habitantes do museu para contrariar os planos de Kahmunrah (Hank Azaria). Conseguirão?
Dado o sucesso do primeiro filme, os estúdios da Twentieth Century Fox viram como imperativa uma continuidade desta história. E não se enganaram, pois mantiveram-se bons resultados de bilheteira, embora com uma fórmula que dá sinais de desgaste. Mas vamos por partes.
“À Noite, no Museu 2” apresenta um bom esforço de dar algo diferente da história do primeiro filme aos espectadores e, nesse ponto, embora continue na mesma linha de ideias, consegue alguns novos e bons pormenores, conferindo-lhes maior relevo pelo que de melhor esta fita tem em relação à anterior: os efeitos especiais. Algumas sequências sairam claramente a ganhar com este investimento, possibilitando uma maior dinâmica.
Quanto ao elenco, Amy Adams apresenta-nos uma Amelia Earhart (a primeira mulher a voar sozinha sobre o oceano Atlântico) que prova a sua versatilidade enquanto actriz (não percam a oportunidade de observar o seu trabalho no filme “Doubt”, que lhe valeu, inclusivé, uma nomeação ao Óscar). Ben Stiller continua igual a si próprio (embora com algumas falhas), assim como Owen Wilson. Os restantes actores da película não deslumbram, mas têm uma prestação aceitável. Por forma a tornar o guião menos denso (ainda menos...), algumas das personagens principais do filme anterior, como Teddy Roosevelt (Robin Williams) foram um pouco “abandonadas” em detrimento das novas.
Ainda no que a personagens diz respeito, é de mencionar o aparecimento de Darth Vader! Foi um agradável pormenor no meio de alguma confusão narrativa. E sem dúvida um dos momentos mais divertidos da fita, ainda que curto.
Este é o tipo de comédia na qual o espectador que a visualizar, sabe o que o espera. Divertimento para toda a família, mas essencialmente para as crianças. Não é um mau filme dentro do género em que se insere, mas torna-se um pouco repetitivo e vazio em determinadas situações.
“Is that you breathing? Because I can't hear myself think! There's too much going on here; you're asthmatic, you're a robot. And why the cape? Are we going to the opera? I don't think so.”
Nota Final: 6 / 10
50 anos depois da versão animada a cargo da Disney, chega mais uma adaptação do famoso clássico de James Mathew Barrie, “Peter Pan”, agora a cargo de P. J. Hogan. E devo dizê-lo desde já: é uma boa adaptação.
Londres. Wendy (Rachel Hurd-Wood), John (Harry Newell) e Michael (Freddie Popplewell) são 3 irmãos que vivem juntamente com os pais, os Darling, e Nanny, uma cadela São Bernardo responsável pelas crianças. Todas as noites Wendy conta histórias de piratas e fadas aos seus irmãos. Mas mais alguém a escuta...
E uma noite, esse alguém revela-se. É ele Peter Pan (Jeremy Sumpter), um estranho rapaz que se faz acompanhar da fada Tinkerbell (Ludivine Sagnier) e que consegue... voar! O rapaz convida Wendy para segui-lo até a Terra do Nunca, mas esta recusa-se a ir sem os irmãos, e assim, juntos, partem para aquela que será a maior aventura das suas vidas.
A história todos a conhecemos, por isso algo teria de se destacar em mais esta adaptação. E foi, essencialmente, a nível de efeitos especiais. Bem conseguidos, dão sem dúvida um brilho especial a esta aventura indicada para toda a família. Algumas cenas de referência são por exemplo a da dança entre Peter e Wendy na Floresta, e ainda o combate final entre Pan e o seu eterno rival, Capitão Hook (Jason Isaacs).
Mas não só de efeitos vivem essas cenas. Alguns dos actores conseguem boas interpretações ajudando claramente para um bom envolvimento com a fita. Lembro-me imediatamente do protagonista, Sumpter, que consegue captar bastante bem a essência do confiante Peter Pan, mas também os seus medos. Porque Peter é assim mesmo, um rapaz forte e destemido, mas também com um claro medo da responsabilidade dos adultos.
A bom nível está também Jason Isaacs. Mantendo a tradição das peças teatrais, “Peter Pan” apresenta-nos o actor com dupla prestação, pois interpreta o pai de Wendy e o Capitão Hook. Porém, consegue um melhor trabalho a nível do vilão, conferindo-lhe alguma maturidade e retirando o rótulo de vilão menor (como o é nos desenhos animados da Disney).
Em tom conclusivo, de referir ainda o bom ritmo narrativo, que mantém como que uma faceta teatral, que se faz acompanhar por uma competente banda sonora e guarda-roupa. Não posso também deixar de mencionar alguns pontos negativos, especialmente a nível de edição (transição de cenas, por exemplo).
É ainda assim uma delícia para as crianças, e não só. Vale a pena assistir.
“Once upon a time there was a boy named Peter Pan, who decided not to grow up.”
Nota Final: 7 / 10
No futuro, precisamente no século XXIII, um taxista chamado Korben Dallas (Bruce Willis) vê-se envolvido numa antiga profecia sobre o final da vida humana. Leeloo (Milla Jovovich) cai de um prédio, e aterra sobre o táxi de Korben e pede-lhe ajuda para fugir da força policial. Depois do Padre Vito Cornelius (Ian Holm) saber que o 5ºElemento da profecia é Leeloo, todos partem numa corrida contra o tempo para reunir os outros quatro elementos: terra, fogo, água e ar.
Andava curioso para ver este filme. Tinha poucas recordações dele e decidi revê-lo. Embora não fosse exactamente aquilo que eu esperava, The Fifth Element consegue ser um filme multifacetado, ao misturar acção, ficção científica e humor, tudo numa belo guião escrito e conduzido por Luc Besson.
The Fifth Element transporta-nos para um cenário futurista, onde existem milhares de carros a voar, os prédios têm centenas de andares e a vida no chão quase que não existe. Embora não sendo uma obra-prima nos efeitos e na imagem, este filme consegue coisas bastantes boas para a época em que foi realizado. Em relação à banda sonora, é bastante razoável e acompanha a acção de uma forma muitíssimo boa.
Bruce Willis faz o típico papel de herói sem fuga (ao estilo de Die Hard) e não desilude atingindo uma performance bastante aceitável. A bela Milla Jovovich tem um desempenho muito bom no papel de Leeloo, uma extraterrestre que não consegue compreender a língua humana nem as acções destes.
Se está com vontade de rever um clássico do cinema mas não tem vontade de ver ou rever um filme chato e que o aborreça, The Fifth Element é a escolha certa para si.
“I know she's made to be strong, but she's also so fragile, so human. Know what I mean?”
Nota Final: 7 / 10
Primeiro filme de animação Disney a ser abordado aqui no Golden Ticket, “Treasure Planet” consiste numa adaptação futurista do romance de Robert Louis Stevenson, “A Ilha do Tesouro”.
Jim Hawkins é um jovem (voz original a cargo de Joseph Gordon-Levitt, e de Pedro Granger na versão portuguesa) que alterou por completo o seu comportamento desde que o pai o abandonou a si, e à sua mãe. Deixou de ser o pequeno rapaz que ouvia deslumbrado as incríveis histórias de piratas para dar lugar a um jovem revoltado e sempre metido em sarilhos.
Um dia, à porta da taberna gerida pela mãe, Jim assiste ao despenhar de uma nave cujo tripulante carrega consigo um precioso artefacto... o mapa para o Planeta do Tesouro, que tantas vezes inundou os sonhos do rapaz enquanto criança.
Juntamente com o astrofísico Dr. Doppler, Jim parte então em busca do tesouro que será a solução para os problemas financeiros da mãe. No galeão solar “R.L.S Legacy” (referência ao romancista Robert Louis Stevenson) comandado pela Capitã Amélia, o jovem conhece John Silver, um misterioso cyborgue cozinheiro com quem acaba por estabelecer a relação paternal à muito perdida.
Mas Silver esconde um segredo...
A cargo de Ron Clemens e John Musker, os realizadores de “Aladdin” e “A Pequena Sereia”, esta fita, nomeada para o Óscar de Melhor Filme de Animação, foi um fiasco a nível financeiro pois dos mais de 100 milhões de dólares gastos na sua produção, apenas conseguiu recuperar pouco mais de 30 milhões. Porém, ainda que sob esse estigma, “O Planeta do Tesouro” está longe de ser um mau filme. Falta-lhe algo mais para ser considerado um clássico, mas merece algum destaque, senão veja-se...
O recurso à simbiose de animação original com computação gráfica consegue uma interessante composição, nomeadamente na personagem de John Silver (considerada uma criação 5D por reunir animação tradicional 2D e 3D, gerada por computador). De frisar também o “jogo” de artefactos antigos, como os barcos, com cenários planetários e seres alienígenas que conseguem transmitir uma ideia interessante q.b.
Já o mesmo não se pode dizer da atenção dada ao desenvolvimento dos personagens. E é aí que o filme falha, pois chegado o final da fita, a sensação que fica é que assistimos a um festival de personagens pouco marcantes e fácilmente descartáveis.
Parco em momentos musicais (apresenta somente a música “I’m Still Here” do vocalista dos Goo Goo Dolls, John Rzeznik, ou a versão portuguesa a cargo de Miguel Ângelo, “Eu Estou Aqui”), a fita consegue algumas das melhores cenas com as sequências de acção em que Jim voa na sua prancha espacial. Rápidas e extremamente apelativas, conseguem prender o público.
Dificilmente ficará na memória, mas este 42º filme da Disney merece sem dúvida ser conferido.
“You got the makings of greatness in you, but you got to take the helm and chart your own course. Stick to it, no matter the squalls!”
Nota Final: 7 / 10
Antes da crítica propriamente dita, devo alertar futuros espectadores desta película que estão perante alguém que cresceu a ver, e rever, a trilogia original de Indiana Jones, tendo sido precisamente esse o factor que me levou a esperar ansiosamente pela estreia deste “Reino da Caveira de Cristal”.
Infelizmente.
Harrison Ford está mais velho, mas o papel de Indy é dele, e assim será sempre. Digo isto porque, o que falha neste quarto capítulo da saga do famoso arqueólogo não é a personagem, e muito menos o actor, mas sim a história. Ou o que quer que seja que nos apresentaram como linha de ideia para este filme. Senão vejamos...
Estamos em 1957. Irina Spalko (Cate Blanchett), comandante das tropas soviéticas, pretende deitar a mão ao corpo de uma criatura extraterrestre que se despenhou em Roswell à 10 anos atrás. A solução encontrada é capturar Indiana Jones (Harrison Ford), obrigando-o a revelar-lhes onde se encontra o corpo. Indy leva-os ao local pretendido mas, ao tentar fugir, apercebe-se que foi traído pelo amigo Mac (Ray Winstone), que agora trabalha para os soviéticos.
Essa traição levou o FBI a colocar Indy sob investigação, o que acaba mesmo por lhe custar o seu emprego enquanto professor no Marshall College. Tendo como única solução escapar com a ajuda do jovem problemático Mutt Williams (Shia LaBeouf), Indiana parte agora em busca da lendária Caveira de Cristal de Akator, por forma a salvar o professor Oxley, e a mãe de Mutt que, curiosamente, é Marion Ravenwood (Karen Allen). Lembram-se dela em “Salteadores da Arca Perdida”?
Conseguirá Indy chegar a tempo de salvar Oxley e Marion, bem como o estranho e precisoso artefacto das mãos de Irina?
Os pontos negativos do filme não assentam nem na idade de Ford, nem na introdução da personagem de LaBeouf e muito menos na recuperação da personagem de Allen, mas sim em algumas cenas que pouco ou nada contribuem para o filme e que se chegam a revelar, no mínimo, descabidas. Recordo-me imediatamente de uma que parece retirada do filme “Tarzan” e que seria perfeitamente dispensável. Mas adiante...
Se as histórias dos filmes anteriores despertavam um inegável espírito de aventura, este novo capítulo da saga deixa a desejar nesse campo. Demasiado longo, falhando em alguns efeitos especiais, e trazendo uma história inverosímil em alguns pontos, certo é que mais valia ter ficado na gaveta. E porque o contraste deste para os outros filmes é demasiado elevado para sentirmos aquela nostalgia de anos passados, George Lucas e Steven Spielberg não foram felizes deixando assim um sabor amargo em alguns dos espectadores que esperaram 18 anos por esta nova...aventura.
Fala-se num quinto capítulo... A ver vamos.
“You know, for an old man you ain't bad in a fight.”
Nota Final: 6 / 10
Da conceituada saga de J.K. Rowling, chega-nos este Harry Potter and the Half-Blood Prince. Estava muito curioso quanto a este filme pois tinha arrancado críticas extremamente positivas dos avaliadores mais severos por essa Internet fora, mas a verdade é que para quem é fã da saga acaba por ser uma valente desilusão. Mas vamos à história.
Harry Potter (Daniel Radcliffe) e Albus Dumbledore (Michael Gambon) investigam a infância de Tom Riddle e chegam à conclusão que o agora professor de poções Horace Slughorn (Jim Broadbent) esconde um terrível segredo. Entretanto Draco Malfoy (Tom Felton) junta-se ao grupo de Voldemort e tenta a todo custo executar a tarefa que foi incumbido de realizar.
A verdade é que a verdadeira história poderia ser resumida a isto. A restante história é baseada nos desastres amorosos de Hermione Granger (Emma Watson) e Ron Weasley (Rupert Grint), e Ginny Weasley (Bonnie Wright) e Harry Potter.
Embora com pouca acção, os efeitos visuais estão bastante acima da média principalmente no princípio do filme com os Devoradores da Morte a destruírem a cidade de Londres e a cena na caverna com Harry e Dumbledore. A banda sonora é o que já estamos habituados, ou seja, bastante satisfatória. Quanto à imagem e cenas em si, mostram um filme mais negro e sério do que os restantes, mas a juntar a isso está também mais lento e pesado. Não querendo correr o risco de me contradizer, o filme é bastante parado, mas em termos de sequência de história é rápido demais. Se para quem não leu o livro vai ficar um bocado confuso com a falta de alguns pormenores, para quem leu faltam muitas cenas que iriam tornar o filme bem mais interessante.
Em relação ao elenco, o destaque vai para os jovens actores. Daniel Radcliffe cresceu como actor e está à altura deste novo Harry Potter mais adulto e maduro. Emma Watson está a transformar-se numa das melhores jovens actrizes da actualidade com momentos bastante bons durante o filme. Rupert Grint esteve ao seu nível, não tendo grande destaque em cenas mais sérias, tendo a responsabilidade de fazer rir a plateia. Por último, o destaque vai para Tom Felton que interpreta de forma bastante segura o papel do confuso Draco. Quanto ao elenco sénior todos demonstraram estar em forma, como já nos tinham habituado.
Harry Potter and the Half-Blood Prince não é um mau filme, tendo um aspecto visual espectacular e um ‘mundo mágico’ sem o qual não podemos viver. Este é um filme mais adulto do que estamos habituados e mostra que o mundo de Harry Potter não é apenas para crianças. Esperamos então que os realizadores façam de Harry Potter and the Deathly Hallows Part I e II algo legendário e fiel ao último livro da saga.
“I can make things move without touching them. I can make bad things happen to people who are mean to me. I can speak to snakes too. They find me... whisper things.”
Nota Final: 8 / 10
Não fosse eu uma fã confessa de filmes passados em mundos fantásticos, não teria aguardado expectante por esta adaptação do primeiro livro da série “His Dark Materials” de Philip Pullman.
Embora não tivesse ainda lido o livro, a sua premissa pareceu-me interessante, por isso, encontrei no escuro de uma sala de cinema o palco ideal para conferir este filme. Decorria o Natal de 2007, e foi sem dúvida uma opção que me agradou. E até certo ponto, não me arrenpendi. Gostei realmente do filme embora consiga apontar-lhe algumas das falhas que o levaram a ser tão criticado, e a ver mesmo a sua continuidade enquanto trilogia comprometida.
Mas antes de mais, a sinopse. “A Bússola Dourada” conta-nos a história de Lyra Belacqua (Dakota Blue-Richards), uma jovem que reside, juntamente com outros orfãos, no Jordan College, em Oxford, num mundo paralelo ao nosso. Nesse mundo, o espírito de um indíviduo não está no seu interior, mas sim lado a lado com o seu dono, sob a forma do animal que melhor o caracteriza, a que se dá o nome de daemon. Lyra, por exemplo, por ser ainda uma criança, vê o seu daemon sofrer várias alterações ao longo da história, isto porque a sua personalidade ainda está em formação. Já deu para reparar que foi uma das partes que mais me agradou no filme, não é verdade? Mas continuando...
No colégio, ela ouve uma conversa entre o director e Fra Pavel (Simon McBurney), um representante do Magisterium, a ordem religiosa que governa aquele mundo, onde este assume a ameaça que a ordem sente pela descoberta da “Poeira”, uma estranha partícula que permite a transição entre os mundos paralelos e cuja menção foi proibida. Quem fez essa descoberta foi precisamente Lord Asriel (Daniel Craig), o tio de Lyra, que por querer prosseguir com o estudo de tal fenómeno vê a sua vida correr grande perigo. Isso, bem como o desaparecimento do melhor amigo Roger e a chegada da misteriosa Mrs. Coulter (Nicole Kidman) são os principais motivos que levam Lyra a embarcar na viagem da sua vida, rumo às Terras do Norte. Com a ajuda do seu daemon, Pan, e com o auxílio de uma estranha bússola que permite ao seu portador reconhecer a verdade das situações, conseguirá a pequena jovem salvar o seu mundo, e o nosso?
Levantando uma onda de contestação por parte da igreja católica, que chegou até a emitir um comunicado contra o filme e série de livros, ou não fossem as semelhanças com a estruturação hierárquica praticada no Vaticano, “The Golden Compass” brilha em efeitos especiais, (especialmente os utilizados na concepção dos daemons), efeitos sonoros, fotografia e guarda-roupa.
Existe porém uma edição excessiva do filme que acaba por corromper o desenvolvimento de alguns segmentos da história, confundindo o espectador. E o facto de ter sido concebido para seguir a linha de “filme de Natal para crianças” fez perder um pouco o fulgor que poderia ter sido retirado da história de Pullman.
A nível interpretativo, contamos com nomes sonantes como Nicole Kidman, Daniel Craig, Eva Green e Sam Elliot, que se encontram competentes nos seus papeís. Mas quem se destacou foi sem dúvida a estreante Dakota. Embora deva dizer que a personagem de Nicole me conseguiu intrigar em determinados momentos, deixando-me de sobremaneira curiosa quanto ao que o destino lhe reserva.
Não será certamente o melhor filme dentro do género cinematográfico em que se insere, mas ainda assim, penso que está capaz de captar uma interessante dose de atenção. E agora, resta aguardar pela sua continuação...
“There are many universes and many Earths parallel to each other. Worlds like yours, where people's souls live inside their bodies, and worlds like mine, where they walk beside us, as animal spirits we call daemons.”
Nota Final: 7 / 10
Segundo o realizador Michael Bay, estamos perante uma trilogia. Porém, depois de ver esta sequela só pensei: antes não estivéssemos.
É certo que o grande sucesso do primeiro “Transformers” (esse sim, um blockbuster irrepreensível!) justificava amplamente a criação de mais um ou dois filmes. Mas somente se o nível argumentativo e interpretativo se mantivessem, e neste “Transformers: Retaliação” isso não se verifica.
A história desenrola-se a partir do momento em que os Autobots, que juntamente com as forças militares americanas formaram uma espécie de força de intervenção secreta, continuam a combater a ameaça dos Decepticons. Com que objectivo continuarão eles na Terra? É esta a premissa para este “Revenge of the Fallen”.
Contando com vertiginosas sequências de acção e apostando fortemente nos efeitos especiais, característicos de um blockbuster, arrisco-me a dizer que neste caso a compreensão do filme por parte do espectador sai claramente dificultada. Isto porque, por se desenrolarem depressa demais e serem captadas com maus movimentos de câmara, algumas cenas não permitem perceber muito bem o que está a acontecer. Refiro-me, por exemplo, às perseguições, combates e transformações dos robôs.
Por entre uma ou outra cena magistral, como a do combate entre Optimus Prime e 3 Decepticons, ou mesmo a do combate de Bumblebee em pleno cenário egípcio, existe um claro exagero na vertente cómica da película, no voyeurismo para com Megan Fox (close-ups e sequências desnecessárias e feitas claramente para atrair mais público) e no grande número de personagens que nada mais consegue que uns 10 minutos, se tanto, em todo o filme (como o robô Ironhide, por exemplo).
A nível de fotografia, a “falta de imaginação” de Michael Bay é notória pois consegue deixar no público a ideia de que pegou nas cenas de destruiçao de “Pearl Harbor” e as colou, literalmente, nesta fita. Deja vu a 100%.
Assim, demasiado longo, com falhas interpretativas (Megan Fox e Shia LaBeouf, porquê?!), e lacunas no guião, esta sequela vale pelos personagens... robotizados, entenda-se, pela banda sonora (e efeitos nessa mesma área) e pelo facto de ser um filme despretencioso e cujo objectivo é, única e exclusivamente, entreter. Watchable mas que, a meu ver, sabe a pouco.
“Fate rarely calls upon us at a moment of our choosing.”
Nota Final: 5.5 / 10
J. J. Abrams, o conhecido produtor da série “Lost”, já por diversas vezes deu mostras da sua qualidade enquanto realizador e produtor cinematográfico. A prová-lo estão as vertiginosas sequências de acção de “Mission Impossible III” e a excelente capacidade argumentativa de “Cloverfield”, por exemplo.
E agora, Abrams brinda-nos com esta prequela, homónima, a “Star Trek”, a série que conquistou milhares de fãs por todo o mundo desde os anos 60, que conta já com 10 filmes (agora 11 com esta mega produção dos estúdios da Paramount), e que vê assim narrada a história do primeiro contacto dos vários membros da tripulação da nave USS Enterprise.
Com o intuito de captar novos fãs para a saga da Frota Espacial, o filme revela-se como uma excelente prequela na medida em que joga, não só com um experiente, e competente, leque de actores, como também com uma direcção e efeitos especiais que não deixam créditos por mãos alheias, conseguindo dar uma nova alma a todo um universo que se via “estagnado” desde à uns bons anos para cá.
A cena inicial é prova disso mesmo! As sequências de acção estão muitíssimo bem conduzidas, e a sua exímia edição sonora contribui exponencialmente para uma maior absorção dos sentidos do espectador para a fita que se lhe apresenta.
Quanto aos personagens, Spock (Zachary Quinto) foi, pelo menos para mim, aquele que mais se destacou. Quinto tem uma prestação isenta de erros, e o claro à vontade que demonstra no seu desempenho não deixa ninguém indiferente. O seu conflito interior, em “optar” pelo seu lado Vulcano, mais baseado na lógica, ou pelo seu lado Humano, mais emocional, (Spock é filho de um Vulcano, e de uma Humana, interpretada no filme pela actriz Winona Ryder) é personificado exemplarmente pelo actor, e as suas expressões faciais transmitem na perfeição todas as dúvidas que o assolam.
De mencionar ainda Chris Pine enquanto o Capitão James Kirk, que não se deixou somente ficar pelas semelhanças físicas e conseguiu construir um personagem com características únicas que, embora lhe sejam reconhecidas, apresentam-se bastante mais humanizadas. O vilão romulano Nero (Eric Bana) será talvez a personagem que menos contribui para o brilhantismo da fita o que, na história, acaba por ser um mal menor dado que a base do filme visa focar essencialmente o estabelecer das relações entre as várias personagens que compõe a famosa tripulação.
A título de curiosidade, há que mencionar a participação do saudoso Spock da série de TV, o actor Leonard Nimoy.
“Star Trek” revela-se assim um blockbuster que, mais que uma aposta ganha, é uma pelicula digna de registo e cuja visualização se revela imperativa, por Trekkers, e não só!
“Live long, and Prosper.”
Nota Final: 9 / 10
Depois do mais que anunciado judgement day em Terminator Salvation estamos em 2018 e a Skynet domina aquilo que resta do mundo humano. John Connor (Christian Bale) lidera a resistência contra os exterminadores da Skynet.
No entanto Marcus Wright (Sam Worthington) condenado à morte em 2003 acorda num cenário pós-apocalíptico e encontra o jovem Kyle Reese (Anton Yelchin) que é o seu ponto de partida para procurar John Connor. Quando estes se encontram finalmente, nenhum dos dois estavam preparados para a revelação que iria acontecer.
Depois de um Terminator 3: Rise of the Machines surge Salvation realizado por McG (Charlie’s Angels) para dar um novo rumo à história iniciada por James Cameron na década de 80. McG consegue trazer-nos um bom filme, melhor que Terminator 3 (alias, era impossível ser pior), mas a verdade é que para verdadeiros fãs de Terminator fica aquém das expectativas. Se por um lado as cenas de acção estão bastantes boas a nível de efeitos e imagem, por outro lado esperava-se um mundo muito mais negro tal como anuciado, principalmente, nos dois primeiros capítulos da saga.
Se encararmos Salvation como um mero blockbuster, ficamos colados ao ecrã dada a acção vertiginosa e os efeitos especiais espectaculares. Agora se encararmos Salvation como um dos filmes mais esperados do ano somos arrasados com um argumento fraco, personagens sem ligação e profundidade inexistente.
O elenco tem como principal atracção Christian Bale e como sempre este não desilude estando a um grande nível e provando a muitas vozes criticas que o papel do mítico John Connor lhe assenta que nem uma luva. Sam Worthington para mim é uma das surpresas do filme. Sendo praticamente um desconhecido para a maioria do público, consegue aqui arrancar um bom desempenho e embora o final da sua personagem seja um pouco feito à pressa, este mostra que é um actor a levar em conta nos próximos tempos. A maior desilusão do elenco vai para Bryce Dallas Howard, não tanto pelo seu mau desempenho mas pelo pouco tempo de antena que tem no filme, tendo em conta que é a quem dá as ordens a seguir a John Connor e a importância que tem em toda a história.
Talvez se tivesse sido escolhido um realizador com mais experiência, neste momento poderia estar aqui a falar de um dos filmes do ano. Mas dado o que desejamos raramente se torna realidade, resta-nos rezar para que McG tenha aprendido a lição e o próximo capitulo desta saga seja algo de mais estrondoso.
"Win or lose, this war ends tonight!"
Nota Final: 7.5/10
Antes da guerra entre vampiros e lobisomens ter lugar, uma nova raça surgiu: os Lycans. Ao contrário da primeira linhagem de lobisomens, os Lycans podiam reverter o processo de transformação, e tinham em si uma parte humana que os distanciava em força e perícia dos elementos da outra espécie. O primeiro, foi Lucian (Michael Sheen).
Por misericórdia, ou talvez por ideiais de poder futuro sobre tal espécie, Viktor (Bill Nighy), o líder dos vampiros, poupou-lhe a vida, tomando-o como seu protegido. Mas a paixão de Lucian pela filha de Viktor,
Enquanto prequela, “Underworld: A Revolta” revelou-se um projecto arriscado, mas o facto de não fugir muito ao estilo a que já nos habituou esta agora trilogia, torna-o num filme competente dentro do seu género cinematográfico, e permite preencher algumas lacunas na história mencionada nos “primeiros” dois filmes.
A nível de elenco, a protagonista Rhona Mitra, embora não consiga fazer esquecer Kate Beckinsale, revela-se a um bom nível para o papel, à semelhança de Michael Sheen que repete uma convincente performance. Já Bill Nighy, é o carisma personificado. Simplesmente perfeito.
Assim, embora com alguns pontos baixos a nível de diálogos menos conseguidos, efeitos especiais algo confusos e planos de acção mal executados, a história não irá certamente desiludir os seguidores dos dois filmes anteriores, provando uma vez mais que a saga de “Underworld” continua a ser dos melhores e mais rentáveis retratos da dinâmica vampiros/lobisomens. E o título de blockbuster ninguém lho tira.
“We can be slaves, or we can be... LYCANS!”
Nota Final: 6.5 / 10
- Somewhere
- 127 Hours
- Blue Valentine
- The Dilemma