Estranhos seres chegam à Terra sob a forma de... um homem perfeitamente normal?
Algo não bate certo nesta questão, mas vejamos. Extraterrestres com a forma humana, mas de tamanho muitíssimo inferior, vieram à Terra em busca da salvação para o seu planeta. A particularidade, é que se fazem transportar por uma nave espacial que apresenta a forma de um ser humano. Agora, os pequenos seres, terão de comandar a sua nave tendo em conta comportamentos, acções e emoções de um comum terráqueo.
Porém, o problema não fica por aí... A única maneira de salvarem o seu planeta implica a destruição do nosso. E se a início nada os parece demover dos seus intentos, aos poucos a tripulação percebe que somos muito mais que seres capazes de violência e imoralidade...
Todos sabem o que Eddie Murphy é capaz de proporcionar num filme em que seja protagonista. Recordar-se-ão imediatamente de "Um Príncipe em Nova Iorque", por exemplo, que é, sem dúvida alguma, das comédias mais bem conseguidas dos anos 80. Então, fiquem os espectadores sabendo que não, ainda não foi desta que Murphy voltou aos seus dias airosos de comédia pura.
A verdade é que, uma vez mais, a fita não está ao nível do carismático actor. Interpretando não só a nave (que dá pelo nome de Dave Ming Chang), como ainda o seu capitão, Murphy consegue, com as suas caretas características e um humor corporal bastante apurado, arrancar algumas risadas. Porém, a falta um argumento mais consistente acaba por ser um tremendo let down. Fraco, previsível, infantil e forçado são as palavras mais adequadas para descrever esta fita de 90 minutos de duração.
Desta forma, "Meet Dave" só consegue a nota que se segue pela presença do protagonista, sendo lamentável constatar que Hollywood carece de qualidade argumentativa no que a comédia diz respeito.
Resta-nos esperar que Murphy saia rápidamente deste ciclo de películas menores, e que possa, quem sabe, colmatar a referida lacuna.
"This planet rocks. Deal with it!"
Nota Final: 5 / 10
Enquanto criança, Tiana (Anika Noni Rose) e o pai partilhavam um sonho: abrir um restaurante com pratos típicos. Agora, já adulta e com 2 trabalhos, a jovem tem juntado todas as suas economias, por forma a poder concretizar esse seu desejo.
Tudo corria dentro da normalidade, até que numa festa em casa da melhor amiga, Charlotte(Jennifer Cody), uma menina de famílias abastadas, algo de estranho acontece. Um sapo falante pede ajuda a Tiana: esta deverá beijá-lo para que ele possa voltar à sua condição de humano. Isto porque o sapo é nada mais nada menos que o Princípe Naveen (Bruno Campos), da Maldonia, que está de visita a Nova Orleães. Mas essa visita estava longe de ser inocente, pois o príncipe bon vivant vinha em busca de uma jovem rica que o pudesse sustentar.
Ao beijar o príncipe, o inesperado acontece! Não só o feitiço não se quebra, como também Tiana se vê transformada num sapo. Agora, conseguirão os jovens encontrar uma solução para acabar com a maldição lançada pelo feiticeiro Facilier (Keith David)?
Estamos perante um novo clássico Disney em que, por decisão de John Lasseter, o director criativo da companhia, se recuperou a animação 2D, o desenho feito à mão. Desde 2004 que a Disney não se aventurava neste tipo de animação, mas a espera valeu a pena. "A Princesa e o Sapo", que tomou forma pelas mãos dos criadores de "A Pequena Sereia" e "Aladdin", é uma aposta ganha!
As inovações a nível de personagens (a introdução dos primeiros dois princípes afro-americanos, Tiana e Naveen) são claramente o factor mais mencionado, mas não nos podemos esquecer também de enaltecer a recuperação das sequências musicais que tanto marcaram a história da companhia. As músicas, embora não se possam dizer memoráveis, são agradáveis (fiquei com a "Almost There" na cabeça) e estão de acordo com a vibe da fita, funcionando muito bem. Não é a toa que a acção se desenrola numa das capitais do jazz por excelência.
Tive oportunidade de assistir à versão original, e à versão dobrada em português, e devo assumir que, desta vez, embora a versão dobrada seja competente, atraiu-me muito mais a original, especialmente nas canções. Achei inclusivamente que a disparidade entre a voz "falada" e a voz "cantada" de Tiana é excessivamente notória na versão portuguesa, o que me desagradou.
Outro facto a registar foi a inclusão de vários personagens secundários que conseguem ganhar o seu espaço na fita, nomeadamente o pirilampo Raymond (Jim Cummings, com um sotaque hilariante, na versão original), o crocodilo trompetista Louis (pela voz de Michael-Leon Wooley, e que me recorda uma certa personagem de "All Dogs Go To Heaven", uma animação da United Artists que, curiosamente, se bateu com "The Little Mermaid" no box office) e claro, o vilão Facilier. O feiticeiro praticante de magia negra é sem dúvida uma das mais carismática personagens da fita e consegue sequências muito boas, especialmente aquela em que ocorre a transformação de Naveen em sapo. Além disso, todos os pormenores de cenários e caracterização são de "encher o olho", e não só nessa sequência em particular.
É bom voltar a sentir o mesmo entusiasmo por um filme de animação 2D, é sinal que a indústria vai bem, e recomenda-se. Que venham mais clássicos assim!
"Daddy never got what he wanted... but he had what he needed: love! He never gave that up, and neither will I!"
Nota Final: 7.5 / 10
Tim Burton? Onde? Um mero vislumbre. Apenas.
Bem, mas primeiro a sinopse. A história é já conhecida de todos, mas desta vez, há uma ligeira diferença. Estamos perante o regresso de Alice ao País das Maravilhas, e não perante a sua primeira incursão naquele mundo. Volvidos 10 anos, a jovem parece ter-se esquecido de tudo o que ali passou, encarando as suas peripécias como um qualquer sonho que tivera em criança.
Mas o que ela não sabe, é que terá de se recordar de quem é realmente, e assim ajudar a salvar os habitantes daquele País, agora governado pela Rainha Vermelha, a quem nada mais interessa que cortar cabeças e assistir à sedutora vassalagem de Stayne, o Valete de Copas. Alice contará ainda com a ajuda dos seus amigos Mad Hatter, o gato Chesire (um dos melhores efeitos CGI do filme) e a lagarta Absolum (personagem à qual Alan Rickman dá voz, roubando todas as cenas em que “aparece”). Conseguirá ela cumprir a profecia e livrá-los a todos do domínio da estridente Rainha?
Munida dos cansativos óculos 3D (sim... esta tecnologia começa a desgastar-me, especialmente em filmes cujos elementos nada justificam a sua utilização), entrei para a sala de cinema com elevadas expectativas. Afinal, é de um filme de um dos maiores génios do cinema actual de que estamos a falar! Porém, quase 10 minutos depois do início, dei por mim a semicerrar os olhos. E o porquê, tornou-se bastante óbvio...
Nesta nova “Alice”, muitas das características que compõem, habitualmente, os filmes de Burton, que já nos trouxe grandes pérolas como “Edward Scissor Hands”, por exemplo, foram-me quase que imperceptíveis, com excepção claro para as participações de Johnny Depp e Helena Bonham Carter, carismáticamente irrepreensíveis, as usual.
“Calma, tenho de reflectir. Tem de haver uma causa... Estamos a assistir a um filme da Disney, pelo que existem componentes burtianas que não seriam aceites num filme para crianças”, pensei. “Vou aguardar mais um pouco antes de me precipitar em avaliações menos positivas”. Nisto, entra em cena Depp, que é, sem dúvida, a alma da fita. Valeu por ele, alguns bons momentos. Contudo, cedo percebi que um ou dois actores não bastam para carregar às costas o peso de milhões de dólares de investimento numa película. E nesse par de boas interpretações, não me refiro certamente à protagonista Mia Wasikowska, cuja total inexpressividade me fez sentir defraudada com tão fraca heroína.
Desinspirado, monótono e incapaz de nos levar para o tão falado País das Maravilhas. E se Alice demorou 10 anos para lá voltar, a mim bastaram-me os primeiros 10 minutos, para perceber que a minha odisseia iria ficar áquem do que esperava. Está longe do melhor de Burton.
Sendo assim, é caso para se dizer “Off with their heads!”.
Nota Final: 6 / 10
Sábado. 10h30 da manhã. Numa ante-estreia proporcionada pela melhor das companhias, recheada de miúdos e graúdos, assisti em primeira mão ao novo filme da Sony Pictures Animation, “Cloudy With a Chance of Meatballs”, baseado no livro homónimo de Judi e Ron Barrett.
Tentando vingar numa indústria dominada pela Disney, Pixar e Dreamworks, a Sony apresenta-nos a história de Flint Lockwood, um garoto de enorme imaginação e cujo maior sonho é ser um grande cientista.
Desde cedo percebe porém que terá de batalhar muito para conseguir ser respeitado enquanto inventor, até ao dia em que cria uma máquina capaz de transformar água em comida! Após algumas peripécias que projectam a máquina para as nuvens, começam a chover... hambúrgueres!
Mas aguardem pelas almôndegas e não só... o menú revela-se vastíssimo, mas daí advêm algumas consequências desastrosas... Conseguirá Flint, com a ajuda da simpática jornalista estagiária Sam Sparks, salvar a sua cidade da melhor das suas invenções?
Analisando primeiramente a parte técnica, isto é, a recorrência ao 3D, devo dizer que esta não se revela de todo imprescindível. Embora o 3D tenha virado moda, o certo é que nem todos os filmes justificam a sua utilização, e este não é excepção. Sim, as cenas de maior profundidade foram elaboradas de maneira competente, mas certamente que a visualização em 2D não comprometeria (se bem que, entenda-se, o 3D funciona quase que uma manobra de marketing para um filme que não tem garantida, pelo menos à partida, uma boa adesão por parte do público).
No que às personagens diz respeito, de todos os que os realizadores Phil Lord e Chris Miller nos apresentam, desenvolvi uma simpatia especial pelo pai de Flint (deve ser das sobrancelhas!) e pelo polícia Earl. Ambos promovem diversos (e bons!) momentos de comédia ao longo da fita. Lembro-me da cena em que o pai de Flint tenta enviar um e-mail ao filho... É rir a bom rir! De frisar ainda o humor sarcástico que “apimenta” a película, tornando-a mais apetecível para os espectadores mais velhos.
A caracterização está bastante boa e a ideia revela-se original, permitindo um colorido espectro de acção. É uma película visualmente bonita, com um bom ritmo narrativo e que transmite uma importante lição sobre lutarmos pelos nossos sonhos, aceitarmos as nossas diferenças e sermos responsáveis pelas nossas decisões.
“Chovem Almôndegas” será certamente uma experiência deliciosa que toda a família vai apreciar!
“Come on, Steve. We’ve got a diem to carpe!”
Nota Final: 7.5 / 10
Jason “Jace” Newfield é um jovem invisual que se muda de Nova Iorque para um novo liceu no Utah. Lá, a sua adaptação é mais complicada do que se esperaria. Mais como autodefesa do que por feitio, o jovem manifesta-se algo “agreste” para com os seus novos colegas, e é precisamente isso que os afasta dele, e não o facto de ser cego, ao contrário do que ele pensa.
O primeiro passo de Jason no novo liceu passa por se inscrever nas aulas de música (em que é realmente bom!). Mas em busca de uma melhor aceitação, decide ingressar na equipa de wrestling. Cabe-lhe agora fazer tudo para vencer mais este desafio.
Este filme Disney apresenta duas mais valias imediatas que não posso deixar de mencionar: a ausência de Hannah Montana, Jonas Brothers e afins, e uma história coerente livre de estereótipos. Sim, um liceu não se livra das suas personagens características: o desportista, o amigo falhado, o treinador exigente, entre outros, mas consegue-o de maneira equilibrada e realista. Mesmo as cenas consideradas mais “lamechas” estão a um nível aceitável e sério.
Mas o ponto mais forte reside no tipo de história que nos é contada. Tudo bem que o universo dos invisuais foi já por várias vezes explorado, mas é bom vê-lo num formato Disney, de forma mais leve e tendo os jovens como público alvo.
As actuações que compõe a fita são, também elas, amplamente competentes, especialmente da parte de Andrew Lawrence, o protagonista. A composição que fez para o seu personagem é genuína e realista. Um bom trabalho.
Gostaria de assinalar também alguns bons pormenores, como a sinalização sonora de uma tabela de basket, que permitem a Jason jogar, ou das tácticas que permitem a participação de cegos no desporto retratado no filme.
Assim, “Ir ao Tapete” é mais uma fita que pretende transmitir determinados valores, funcionando no comum formato de “lição de vida” da qual a Disney se pode, e deve orgulhar. Um filme simples, mas que cumpre aquilo a que se propõe, e até mais, sendo por isso mesmo dos mais aclamados filmes da companhia. É por estas situações que se justificaria mais a sua presença numa sala de cinema do que a maioria dos filmes ocos que têm aparecido, sobre bandas que levam as nossas adolescentes à loucura...
“Doesn't it ever tick you off? That when people look at you all they see is a blind guy?”
Nota Final: 7 / 10
Curta de 6 minutos de duração, com selo Pixar e que antecedeu a transmissão de “UP” nos cinemas. E que bela curta de animação!
Uma nuvem. Uma cegonha. Bebés. Muitos bebés. As nuvens, através da sua própria composição e da força dos raios, trazem à vida bebés de todas as espécies. Mas há uma nuvem, Gus, que tem tendência para criar bebés mais “problemáticos” e perigosos: crocodilos, enguias, porcos-espinhos... E quem acaba por sofrer é mesmo a sua fiel amiga Peck, a cegonha responsável pelo transporte dos bebés.
Os dias passam, os transportes sucedem-se... até ao dia em que a cegonha parte para outra nuvem...
Isento de diálogos, esta curta de Peter Sohn (um dos storyboarders da Pixar que, curiosamente, foi a voz de Emile na versão original de “Ratatouille”) é a prova de como a partir de uma tão simples ideia, e num tão curto espaço de tempo, se consegue produzir um produto qualitativamente rico.
Os excelentes efeitos são já uma constante em qualquer trabalho que se apresente como sendo um produto Pixar, e claro, "Parcialmente Nublado" não foge à regra, conseguindo um belíssimo jogo de cores e texturas, aliado a bons efeitos sonoros, imprescindíveis dada a falta de diálogo da curta. Sem qualquer ponto negativo a apontar, portanto.
Os valores da amizade, a sua resistência à mágoa (física ou não), e a sua capacidade de se fortalecer, são abordados de maneira enternecedora, e que soube certamente conquistar os espectadores que aguardavam pelo visionamento da longa que se seguia. Mas a espera foi tudo menos desagradável isto porque, uma vez mais, a Pixar provou que não se limita só em realizar produtos para as crianças, proporcionando também aos adultos histórias que têm um significado especial, uma lição de vida e o poder de invadir e despertar todo o seu imaginário.
Assim vale a pena. A ver aqui: http://www.redbalcony.com/?vid=24992. Não percam!
Nota Final: 9 / 10
Baseado no livro homónimo de Neil Gaiman (o mesmo criador de “Stardust"), eis que Henry Selick, o realizador responsável pelo fantástico “The Nightmare Before Christmas”, nos faz chegar “Coraline”, uma menina de 11 anos que acaba de se mudar com os pais para a cidade de Oregon, para uma mansão com mais de 100 anos chamada “Palácio Cor-de-Rosa”.
Apesar do local ser apto a explorações, de conhecer um estranho rapazinho da sua idade, e de os restantes inquilinos da mansão serem algo caricatos (as artistas Spink e Forcible, e o Sr. Bobinsky), Coraline (Dakota Fanning) depressa se aborrece. Os pais estão cheios de trabalho e não dispensam muita atenção à filha, sugerindo a esta que explore a casa. E é durante a sua incursão que Coraline dá de caras com uma estranha porta que serve de passagem para um mundo alternativo onde a sua vida é em tudo mais alegre. Ou pelo menos, é o que parece...
Conseguindo abranger um público mais vasto, “Coraline e a Porta Secreta” pode em alguns momentos chegar a ser desconfortável para as crianças. Não digo que não seja direccionado para elas, pelo contrário, mas alguns segmentos, nomeadamente o final, vai um pouco mais além do habitual em matéria de “susto”. Ainda assim, é inegável o facto de estarmos perante uma boa aposta dentro do género.
Com animadas e coloridas sequências, como o florescer do jardim do outro mundo, por exemplo, e pelos próprios personagens, cuidadosamente criados pelo processo de stop motion (uma modalidade de animação em que são utilizados modelos reais, a partir dos quais são necessárias 24 frames para cada segundo de filme, sendo que os modelos são fotografados frame a frame), Selick brinda-nos com uma película criativa, inteligente e visualmente irrepreensível que nos transmite a ideia de que, por vezes, aquilo que desejamos pode não ser o melhor para nós. E que se soubermos esperar, se tivermos paciência, os bons momentos chegam para ficar. Selick não se opõe ao sonho, apenas enaltece uma realidade de acordo com o que temos. E fá-lo através de uma personagem que, embora criança, apresenta já uma personalidade vincada e que não nos deixa indiferentes.
Devo ainda parabenizar a dobragem portuguesa, em especial Nuno Lopes, que dá voz ao curioso Mr. Bobinsky, e a Ana Bola e Maria Rueff que nos deliciam com as divertidas Miss Spink e Miss Forcible.
Com tamanha qualidade, não se admire pois o espectador de ver atribuída a “Coraline” uma nomeação a melhor filme de animação na próxima cerimónia dos Óscares. É sobejamente merecida!
“You probably think this world is a dream come true... but you're wrong.”
Nota Final: 8.5 / 10
Larry Daley (Ben Stiller) deixou o seu trabalho de guarda nocturno para se lançar no mundo empresarial, alcançando bastante sucesso. A sua empresa, a Daley Devices, está em franca expansão e segue um bom rumo. Já o mesmo não se poderá dizer da relação de Larry com o seu filho, dado o excesso de trabalho que tem em mãos.
Um dia, toma conhecimento que o Museu de História Natural de Nova Iorque, onde trabalhara, está a ser renovado. A nova tecnologia vem substituir algumas das estátuas que se encontravam no museu, e de quem Larry se tinha tornado amigo (no primeiro “Night at the Museum” comprovou-se que todos os artefactos do museu ganham vida durante a noite).
Os artefactos são levados para Washington DC, para os armazéns do instituto Smithsonia, onde se encontra Kahmunrah, um terrível faraó que pretende governar o mundo. Cabe agora a Larry unir-se a Jedediah (Owen Wilson), Octavius (Steve Coogan), e aos restantes habitantes do museu para contrariar os planos de Kahmunrah (Hank Azaria). Conseguirão?
Dado o sucesso do primeiro filme, os estúdios da Twentieth Century Fox viram como imperativa uma continuidade desta história. E não se enganaram, pois mantiveram-se bons resultados de bilheteira, embora com uma fórmula que dá sinais de desgaste. Mas vamos por partes.
“À Noite, no Museu 2” apresenta um bom esforço de dar algo diferente da história do primeiro filme aos espectadores e, nesse ponto, embora continue na mesma linha de ideias, consegue alguns novos e bons pormenores, conferindo-lhes maior relevo pelo que de melhor esta fita tem em relação à anterior: os efeitos especiais. Algumas sequências sairam claramente a ganhar com este investimento, possibilitando uma maior dinâmica.
Quanto ao elenco, Amy Adams apresenta-nos uma Amelia Earhart (a primeira mulher a voar sozinha sobre o oceano Atlântico) que prova a sua versatilidade enquanto actriz (não percam a oportunidade de observar o seu trabalho no filme “Doubt”, que lhe valeu, inclusivé, uma nomeação ao Óscar). Ben Stiller continua igual a si próprio (embora com algumas falhas), assim como Owen Wilson. Os restantes actores da película não deslumbram, mas têm uma prestação aceitável. Por forma a tornar o guião menos denso (ainda menos...), algumas das personagens principais do filme anterior, como Teddy Roosevelt (Robin Williams) foram um pouco “abandonadas” em detrimento das novas.
Ainda no que a personagens diz respeito, é de mencionar o aparecimento de Darth Vader! Foi um agradável pormenor no meio de alguma confusão narrativa. E sem dúvida um dos momentos mais divertidos da fita, ainda que curto.
Este é o tipo de comédia na qual o espectador que a visualizar, sabe o que o espera. Divertimento para toda a família, mas essencialmente para as crianças. Não é um mau filme dentro do género em que se insere, mas torna-se um pouco repetitivo e vazio em determinadas situações.
“Is that you breathing? Because I can't hear myself think! There's too much going on here; you're asthmatic, you're a robot. And why the cape? Are we going to the opera? I don't think so.”
Nota Final: 6 / 10
50 anos depois da versão animada a cargo da Disney, chega mais uma adaptação do famoso clássico de James Mathew Barrie, “Peter Pan”, agora a cargo de P. J. Hogan. E devo dizê-lo desde já: é uma boa adaptação.
Londres. Wendy (Rachel Hurd-Wood), John (Harry Newell) e Michael (Freddie Popplewell) são 3 irmãos que vivem juntamente com os pais, os Darling, e Nanny, uma cadela São Bernardo responsável pelas crianças. Todas as noites Wendy conta histórias de piratas e fadas aos seus irmãos. Mas mais alguém a escuta...
E uma noite, esse alguém revela-se. É ele Peter Pan (Jeremy Sumpter), um estranho rapaz que se faz acompanhar da fada Tinkerbell (Ludivine Sagnier) e que consegue... voar! O rapaz convida Wendy para segui-lo até a Terra do Nunca, mas esta recusa-se a ir sem os irmãos, e assim, juntos, partem para aquela que será a maior aventura das suas vidas.
A história todos a conhecemos, por isso algo teria de se destacar em mais esta adaptação. E foi, essencialmente, a nível de efeitos especiais. Bem conseguidos, dão sem dúvida um brilho especial a esta aventura indicada para toda a família. Algumas cenas de referência são por exemplo a da dança entre Peter e Wendy na Floresta, e ainda o combate final entre Pan e o seu eterno rival, Capitão Hook (Jason Isaacs).
Mas não só de efeitos vivem essas cenas. Alguns dos actores conseguem boas interpretações ajudando claramente para um bom envolvimento com a fita. Lembro-me imediatamente do protagonista, Sumpter, que consegue captar bastante bem a essência do confiante Peter Pan, mas também os seus medos. Porque Peter é assim mesmo, um rapaz forte e destemido, mas também com um claro medo da responsabilidade dos adultos.
A bom nível está também Jason Isaacs. Mantendo a tradição das peças teatrais, “Peter Pan” apresenta-nos o actor com dupla prestação, pois interpreta o pai de Wendy e o Capitão Hook. Porém, consegue um melhor trabalho a nível do vilão, conferindo-lhe alguma maturidade e retirando o rótulo de vilão menor (como o é nos desenhos animados da Disney).
Em tom conclusivo, de referir ainda o bom ritmo narrativo, que mantém como que uma faceta teatral, que se faz acompanhar por uma competente banda sonora e guarda-roupa. Não posso também deixar de mencionar alguns pontos negativos, especialmente a nível de edição (transição de cenas, por exemplo).
É ainda assim uma delícia para as crianças, e não só. Vale a pena assistir.
“Once upon a time there was a boy named Peter Pan, who decided not to grow up.”
Nota Final: 7 / 10
Primeiro filme de animação Disney a ser abordado aqui no Golden Ticket, “Treasure Planet” consiste numa adaptação futurista do romance de Robert Louis Stevenson, “A Ilha do Tesouro”.
Jim Hawkins é um jovem (voz original a cargo de Joseph Gordon-Levitt, e de Pedro Granger na versão portuguesa) que alterou por completo o seu comportamento desde que o pai o abandonou a si, e à sua mãe. Deixou de ser o pequeno rapaz que ouvia deslumbrado as incríveis histórias de piratas para dar lugar a um jovem revoltado e sempre metido em sarilhos.
Um dia, à porta da taberna gerida pela mãe, Jim assiste ao despenhar de uma nave cujo tripulante carrega consigo um precioso artefacto... o mapa para o Planeta do Tesouro, que tantas vezes inundou os sonhos do rapaz enquanto criança.
Juntamente com o astrofísico Dr. Doppler, Jim parte então em busca do tesouro que será a solução para os problemas financeiros da mãe. No galeão solar “R.L.S Legacy” (referência ao romancista Robert Louis Stevenson) comandado pela Capitã Amélia, o jovem conhece John Silver, um misterioso cyborgue cozinheiro com quem acaba por estabelecer a relação paternal à muito perdida.
Mas Silver esconde um segredo...
A cargo de Ron Clemens e John Musker, os realizadores de “Aladdin” e “A Pequena Sereia”, esta fita, nomeada para o Óscar de Melhor Filme de Animação, foi um fiasco a nível financeiro pois dos mais de 100 milhões de dólares gastos na sua produção, apenas conseguiu recuperar pouco mais de 30 milhões. Porém, ainda que sob esse estigma, “O Planeta do Tesouro” está longe de ser um mau filme. Falta-lhe algo mais para ser considerado um clássico, mas merece algum destaque, senão veja-se...
O recurso à simbiose de animação original com computação gráfica consegue uma interessante composição, nomeadamente na personagem de John Silver (considerada uma criação 5D por reunir animação tradicional 2D e 3D, gerada por computador). De frisar também o “jogo” de artefactos antigos, como os barcos, com cenários planetários e seres alienígenas que conseguem transmitir uma ideia interessante q.b.
Já o mesmo não se pode dizer da atenção dada ao desenvolvimento dos personagens. E é aí que o filme falha, pois chegado o final da fita, a sensação que fica é que assistimos a um festival de personagens pouco marcantes e fácilmente descartáveis.
Parco em momentos musicais (apresenta somente a música “I’m Still Here” do vocalista dos Goo Goo Dolls, John Rzeznik, ou a versão portuguesa a cargo de Miguel Ângelo, “Eu Estou Aqui”), a fita consegue algumas das melhores cenas com as sequências de acção em que Jim voa na sua prancha espacial. Rápidas e extremamente apelativas, conseguem prender o público.
Dificilmente ficará na memória, mas este 42º filme da Disney merece sem dúvida ser conferido.
“You got the makings of greatness in you, but you got to take the helm and chart your own course. Stick to it, no matter the squalls!”
Nota Final: 7 / 10
Não fosse eu uma fã confessa de filmes passados em mundos fantásticos, não teria aguardado expectante por esta adaptação do primeiro livro da série “His Dark Materials” de Philip Pullman.
Embora não tivesse ainda lido o livro, a sua premissa pareceu-me interessante, por isso, encontrei no escuro de uma sala de cinema o palco ideal para conferir este filme. Decorria o Natal de 2007, e foi sem dúvida uma opção que me agradou. E até certo ponto, não me arrenpendi. Gostei realmente do filme embora consiga apontar-lhe algumas das falhas que o levaram a ser tão criticado, e a ver mesmo a sua continuidade enquanto trilogia comprometida.
Mas antes de mais, a sinopse. “A Bússola Dourada” conta-nos a história de Lyra Belacqua (Dakota Blue-Richards), uma jovem que reside, juntamente com outros orfãos, no Jordan College, em Oxford, num mundo paralelo ao nosso. Nesse mundo, o espírito de um indíviduo não está no seu interior, mas sim lado a lado com o seu dono, sob a forma do animal que melhor o caracteriza, a que se dá o nome de daemon. Lyra, por exemplo, por ser ainda uma criança, vê o seu daemon sofrer várias alterações ao longo da história, isto porque a sua personalidade ainda está em formação. Já deu para reparar que foi uma das partes que mais me agradou no filme, não é verdade? Mas continuando...
No colégio, ela ouve uma conversa entre o director e Fra Pavel (Simon McBurney), um representante do Magisterium, a ordem religiosa que governa aquele mundo, onde este assume a ameaça que a ordem sente pela descoberta da “Poeira”, uma estranha partícula que permite a transição entre os mundos paralelos e cuja menção foi proibida. Quem fez essa descoberta foi precisamente Lord Asriel (Daniel Craig), o tio de Lyra, que por querer prosseguir com o estudo de tal fenómeno vê a sua vida correr grande perigo. Isso, bem como o desaparecimento do melhor amigo Roger e a chegada da misteriosa Mrs. Coulter (Nicole Kidman) são os principais motivos que levam Lyra a embarcar na viagem da sua vida, rumo às Terras do Norte. Com a ajuda do seu daemon, Pan, e com o auxílio de uma estranha bússola que permite ao seu portador reconhecer a verdade das situações, conseguirá a pequena jovem salvar o seu mundo, e o nosso?
Levantando uma onda de contestação por parte da igreja católica, que chegou até a emitir um comunicado contra o filme e série de livros, ou não fossem as semelhanças com a estruturação hierárquica praticada no Vaticano, “The Golden Compass” brilha em efeitos especiais, (especialmente os utilizados na concepção dos daemons), efeitos sonoros, fotografia e guarda-roupa.
Existe porém uma edição excessiva do filme que acaba por corromper o desenvolvimento de alguns segmentos da história, confundindo o espectador. E o facto de ter sido concebido para seguir a linha de “filme de Natal para crianças” fez perder um pouco o fulgor que poderia ter sido retirado da história de Pullman.
A nível interpretativo, contamos com nomes sonantes como Nicole Kidman, Daniel Craig, Eva Green e Sam Elliot, que se encontram competentes nos seus papeís. Mas quem se destacou foi sem dúvida a estreante Dakota. Embora deva dizer que a personagem de Nicole me conseguiu intrigar em determinados momentos, deixando-me de sobremaneira curiosa quanto ao que o destino lhe reserva.
Não será certamente o melhor filme dentro do género cinematográfico em que se insere, mas ainda assim, penso que está capaz de captar uma interessante dose de atenção. E agora, resta aguardar pela sua continuação...
“There are many universes and many Earths parallel to each other. Worlds like yours, where people's souls live inside their bodies, and worlds like mine, where they walk beside us, as animal spirits we call daemons.”
Nota Final: 7 / 10
Marty Bronson (Jonathan Pryce) vive com os seus dois filhos num hotel do qual é dono. A família é feliz mas Marty que apesar de ter bastante jeito para ser pai não tem jeito nenhum para gerir as contas do hotel. Obrigado a vende-lo, o seu único pedido a Barry Nottingham (Richard Griffiths) é que o seu filho Skeeter fosse um dia gerente do hotel. Assim, passado 25 anos, Skeeter (Adam Sandler) trabalha arduamente no hotel como uma espécie de faz-tudo para merecer esse mesmo posto. Quando percebe que essa promessa nunca iria ser cumprida, Skeeter deixa-se ir abaixo.
Tudo muda quando a sua irmã lhe pede para ficar uma semana a tomar conta dos seus sobrinhos. Num dia, após na noite anterior ter contado aos sobrinhos uma história para estes adormecerem, coisas estranhas acontecem e Skeeter percebe que estas estão ligadas com a história da noite anterior. Assim, Skeeter começa a tentar mudar a sua vida, mas após algumas tentativas falhadas percebe que só as partes das histórias que são contadas pelos sobrinhos é que realmente acontecem.
Realizado por Adam Shankman, Bedtime Stories é um filme mediano que só é capaz de nos iluminar os olhos com alguns pormenores. Com alguns bons efeitos especiais, este filme provavelmente encantará as crianças e alguns adultos com um sentido de humor mais alargado.
Com um bom elenco (para um filme da Disney), a verdade é que ninguém se destaca. Adam Sandler está igual a si próprio e a verdade é que não existe quase nenhum momento de verdadeira ligação entre este e os dois pequenos da história: Jonathan Morgan Heit e Laura Ann Kesling. Ainda quem dá um aspecto mais ternurento à história é Jonathan Pryce que transmite um sentido paternal muito bom.
Para terminar, destaco a verdadeira estrela desta história: o porquinho-da-índia com os seus olhos gigantes.
Nota Final: 5/10
- Somewhere
- 127 Hours
- Blue Valentine
- The Dilemma