Ano de 2003. Cidade de Bagdad, no Iraque. As tropas americanas invadiram o país e conseguiram pôr termo ao governo de Saddam Hussein. Agora, cabe aos homens no terreno encontrar a localização das armas de destruição em massa que ameaçaram o mundo. O Sargento Roy Miller é um dos soldados americanos no Iraque, cuja missão é encontrar essas mesmas armas. Mas a verdade, só agora vem ao de cima. Miller vê-se perante um esquema bem montado pelas mais altas patentes do Governo americano, que assim utilizaram as ADM como desculpa para a ocupação do país.
Agora, perseguido pelo Pentágono, conseguirá o soldado repôr a verdade, contrariando assim a farsa que justificou a invasão do Iraque pelas tropas norte-americanas?
Diogo: em actualização...
Hugo: em actualização...
Mafalda: Nova parceria, novo projecto ganho. Muito resumidamente, é assim "Green Zone", realizado por Paul Greengrass e protagonizado por Matt Damon, a dupla dos brilhantes "Bourne Supremacy" e "Bourne Ultimatum". O jogo de corrupção que se faz sentir na fita é latente e cativa a atenção do espectador, muito por se tratar de uma suspeita legítima sobre a verdadeira razão que levou o governo americano a ocupar o país de Saddam. O foco sobre uma tão recente polémica suscita curiosidade, e as interpretações de Damon e Greg Kinnear conferem uma ainda maior consistência ao guião (mas não pela profundidade dos seus personagens, dado que o filme é mais de situação que propriamente de estudo de carácteres). O modo de captação de imagem camera on hand é também característico (o espectador poderá reconhecer esta técnica dos já referidos filmes Bourne) e mostra-se adequado ao cenário de guerra (bastante realista diga-se). De mencionar por fim a prestação de Khalid Abdalla cuja personagem consegue impregnar na fita a visão do lado iraquiano, numa performance bem conseguida e crucial para o desenrolar da acção. Eis então uma boa aposta para adeptos de thrillers com cariz político com um toque considerável de acção.
Nota Final: 7.5 / 10
John Tyree (Channing Tatum) é um soldado das forças especiais norte americanas que se encontra de dispensa na sua terra natal. Lá conhece Savannah (Amanda Seyfried), uma jovem estudante que se encontra nas suas férias de Verão. Os dois acabam por se apaixonar e, nas duas semanas em que estão juntos, cresce entre eles um amor capaz de resistir à distância e ao tempo impostos pelo serviço militar de John.
Um ano depois, ele está finalmente livre para voltar para os braços de Savannah... não fosse o fatídico dia 11 de Setembro. O dia negro da história da América leva o rapaz a realistar-se e a ter de partir numa nova missão, por tempo indeterminado.
É então que tudo se complica, pois para Savannah algo mudou. Mas os sentimentos, será que também eles mudaram?
As actuações de Tatum e Seyfried nesta adaptação do romance homónimo de Nicholas Sparks são competentes q.b., mas falta qualquer coisa. Talvez uma maior consistência do guião que, ao contrário do que se esperava, nem uma lágrima me fez verter.
Não era de todo disto que estava à espera, pois um bom romance que se preze deve sempre carregar consigo alguma carga dramática (o que não significa melodrama, atenção!), coisa que, neste filme, não se verifica. Um ou outro momento mais tocante somente graças ao grande Richard Jenkins. Mas não podemos esperar que um actor, embora brilhante, salve algo que, à partida, nem sequer merece ser salvo.
Falta um quê de profundidade nesta fita do realizador sueco Lasse Hallstrom, responsável pelo belíssimo filme "Chocolat" com Johnny Depp e Juliette Binoche. E mesmo a banda sonora de "Juntos Ao Luar" não é, de todo, adequada a muitas das cenas, o que leva a algum alheamento dos sentimentos para com as situações apresentadas. Tudo é bastante superficial e plástico, como os diálogos, por exemplo. Um dos melhores pontos será mesmo o nível técnico, com cenários agradáveis aos olhos dos espectadores, e algumas bons planos de câmara.
Resta-nos agora esperar que a próxima adaptação de um livro de Nicholas Sparks, "The Last Song", com estreia prevista para este ano, se aproxime mais da qualidade de "The Notebook" e menos da (fraca!) qualidade deste "Dear John".
"The saddest people I've ever met in life are the ones who don't care deeply about anything at all."
Nota Final: 4 / 10
Will Montgomery (Ben Foster) é um sargento do exército norte-americano a 3 meses de terminar o seu período de alistamento. Herói de guerra, tem ainda uma derradeira missão... O jovem sargento deve integrar, sob a alçada do capitão Tony Stone (Woody Harrelson), uma unidade cuja função consiste em notificar os familiares dos soldados mortos na guerra no Iraque.
Sob uma série de comportamentos previamente estipulados (os soldados que notificam a morte de outro soldado não devem, por exemplo, promover qualquer contacto físico com os familiares a quem é dada a triste notícia), este seria certamente o último trabalho que Will se veria a desempenhar, mas a amizade que se desenvolve entre ele e o capitão, bem como as intensas situações a que esta nova posição o sujeita, vão mudar a sua maneira de encarar as pessoas, e as batalhas travadas à porta daqueles que perderam o que tinham de mais importante na sua vida: um ente querido.
Oren Moverman é assim o responsável por esta história que se encontra nomeada nas categorias de Melhor Actor Secundário, para Woody Harrelson (que também contou com uma nomeação para os Golden Globe deste ano na mesma categoria), e Melhor Argumento Original, nos Óscares 2010.
Diogo: Seguindo uma linha bastante linear, a mensagem que este ‘Mensageiro’ nos trás fica quiçá pelo intuito, não chegando a ser ‘entregue’. Não se trata de um filme apaixonante ou de emoções fortes. A sequência de cenas, apesar das excelentes interpretações, acabam por ser monótonas e envoltas em máscaras (demasiado grandes, talvez) que têm como objectivo ocultar os problemas obscuros das duas personagens principais. Estas acabam então por ser a muleta um do outro, num filme onde a sua finalidade, o seu propósito, acaba por estar muito bem disfarçado…
Nota Final: 6/10
Hugo: The Messenger não é decerto um filme para todo o tipo de público. O estreante Oren Moverman dirige um guião que está longe de ser perfeito, mas graças às excelentes interpretações de Ben Foster e Woody Harrelson os altos e baixos que assistimos na qualidade da história acabam por ser quase insignificantes. Em relação aos aspectos técnicos também assistimos a algumas imperfeições principalmente na filmagem de algumas das cenas. A verdade é que The Messenger me fascinou pois aborda um assunto que por vezes não vemos ou apenas somos demasiado egoístas para o ver.
Nota Final: 8 / 10
Mafalda: “O Mensageiro” não é, de todo, um filme fácil. O seu nível de expressividade técnica é competente, mas o que mais se destaca na fita é a qualidade interpretativa, e o tema pouco explorado dentro deste género. As abordagens dos personagens estão credíveis e os diálogos irrepreensiveis, embora seja notória uma clara monotonia no desenrolar da acção. Monotonia essa que se faz sentir mais a partir do momento em que é introduzida a personagen de Samantha Morton. Não por culpa da actriz, mas sim do guião, que me desapontou um pouco na sua algo forçada recta final. Ainda assim, "The Messenger" vale pela iniciativa e sobriedade com que segue uma perspectiva diferente daquela a que estamos habituados em filmes de guerra. Humano, realista e interessante.
Nota Final: 7 / 10
Como reescrever a história da Segunda Guerra Mundial? Embora seja uma pergunta algo estranha e complicada, o incontornável Quentin Tarantino responde com uma simplicidade incrível, bem ao seu jeito violento com um toque delicioso de comédia. Mas vamos à história.
Inglourious Basterds divide-se praticamente em duas histórias que na verdade nunca se chegam cruzar directamente. De um lado temos a história de Lt. Aldo Raine (Brad Pitt) que lidera os Basterds, um grupo de homens com o objectivo de matar o máximo de alemães que conseguir, e com o objectivo de o fazer em terrenos franceses. A segunda história fala de Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), uma judia que consegue em jovem fugir à perseguição de Col. Hans Landa (Christoph Waltz) que tem a reputação de nenhum judeu lhe fugir.
Tarantino um dos realizadores mais irreverentes da actualidade, volta à ribalta depois dos êxitos de Pulp Fiction e Kill Bill, e com toda a justiça diga-se de passagem. Sacanas Sem Lei (como é chamado aqui para as nossas bandas) é um filme inteligentemente realizado, com diálogos de qualidade elevada (destaque para a cena no restaurante entre Mélanie Laurent e Christoph Waltz), cenas de violência extrema com um cariz quase humorístico bem ao estilo de Tarantino e uma história algo alterada mas que mais de metade do planeta gostaria que fosse verídica.
Em aspectos técnicos nada a apontar. Com uma banda sonora perfeita a acompanhar todas as cenas, os efeitos de imagem não ficam atrás e nem podiam pois Tarantino provavelmente não deixava.
Quanto ao elenco o destaque vai claro para Brad Pitt, que embora merece-se mais tempo de antena, as cenas em que participa são algo de delicioso (destaque para Pitt a falar italiano!). Mélanie Laurent embora fosse uma total desconhecida para mim, a verdade é que tem um desempenho muito bom, principalmente nas cenas em que contracena com Christoph Waltz.
Eu estava à espera de um bom filme, cheio de sangue e violência, mas a verdade é que até nisso Tarantino me surpeendeu trazendo até nós um filme mais maduro que o habitual, bem ao nível da sua obra-prima Pulp Fiction. Talvez haja aqui material para Óscares. Esperemos para ver.
"Each and every man under my command owes me one hundred Nazi scalps... and I want my scalps!"
Nota Final: 9 / 10
No passado ano, Steven Soderbergh produziu uma película de 4 horas e 28 minutos de duração, dividida em duas partes, que se centra na história de uma das mais carismáticas figuras políticas de todos os tempos: Ernesto “Che” Guevara (Benício Del Toro).
Valendo-se de saltos temporais aleatórios, esta primeira parte da fita aborda desde a entrada do argentino para as tropas de Fidel, até à sua participação na revolução cubana, em 1959, e ao dia em que discursou como representante de Cuba, nas Nações Unidas, em 1964.
Médico, soldado, político, o homem que foi considerado uma das personalidades mais importantes do século XX pela revista Time, é aqui retratado de forma isenta de potênciais tendências mais ou menos abonatórias. Benício Del Toro tem uma interpretação invejável, jogando com o seu semblante carregado, mas ao mesmo tempo cativante, que permite expôr o vasto leque de facetas de um homem encarado como assassino por uns, e herói por outros. Todo o restante elenco revela-se competente nas suas prestações, conferindo consistência ao filme.
Visualmente agradável, introspectivo, numa latente pacatez de narrativa, “Che, O Argentino” vale-se ainda de imagens reais para conseguir a solidez necessária à história. O cuidado com a fotografia não foi esquecido, verificando-se um jogo de imagens coloridas com outras a preto e branco, para enaltecer emoções, e demarcar os espaços temporais em que a história se encontra.
De referir ainda que a banda sonora, embora discreta, é a mais indicada, apresentando-se somente em determinados momentos. E foi boa a metodologia de manter o espanhol como língua dominante da fita.
Em tom conclusivo, penso que o único senão é mesmo a falta de dinâmica em determinadas cenas. Mas é sem dúvida um filme bem conseguido, e das mais interessantes estreias desta semana. Fico à espera da segunda parte.
“Patria o muerte!”
Nota Final: 7.5 / 10
Quando comecei a ver este filme não sabia o que me esperava. Tinha mais ou menos noção do tema central da história mas nem sonhava os sentimentos que iria ter quando sai do cinema.
Estamos em plena Segunda Guerra Mundial. Em Berlim nada se parece passar, e Bruno (Asa Butterfield) vive clamorosamente a sua infância. Tudo muda quando o seu pai, um oficial do exército alemão, é promovido e toda a família muda-se para Auschwitz. Bruno durante muito tempo fica a sentir-se sozinho e sonha explorar a parte de trás da casa, desejo que é expressamente proibido pela mãe. Quando a mãe descobre que a nova casa é por trás de um campo de concentração revolta-se contra o marido, cuja promoção estava directamente relacionada com este campo, pois foi designado para o dirigir. Bruno cansado de não fazer nada consegue um dia explorar a trás da casa e todo o espaço circundante até que vai ter ao que ele julga ser uma quinta. Lá encontra, por trás do arame farpado, um rapaz judeu chamado Shmuel (Jack Scanlon). Estes desenvolvem uma amizade fantástica que floresce ao longo dos encontros que têm naquele lugar.
Baseado na obra de John Boyne com o mesmo nome desta fita, The Boy In The Striped Pajamas mostra-nos (e bem) aquela época de horrores sobre o olhar de uma criança. A representação fantástica de Butterfield dá um brilho especial a este filme realizado por Mark Herman. Este é um filme dramático, mas ao mesmo tempo carinhoso, pois a amizade entre uma criança alemã e uma criança judia era algo (naquela altura) considerado absolutamente catastrófico.
De realçar ainda o final, que nos deixa revoltados e perplexos com tudo o que o ser humano foi capaz de fazer num dos pontos mais críticos da sua história.
“Childhood is measured out by sounds and smells and sights, before the dark hour of reason grows.”
Nota final: 8/10
- Somewhere
- 127 Hours
- Blue Valentine
- The Dilemma