Filme francês que ganhou uma ‘Palma de Ouro’ na ultima edição do ‘Festival de Cannes’, representou o país nos ‘Óscares 2009’ na categoria de ‘Melhor Filme de Língua Estrangeira’, acabando por sair derrotado. Apontado na altura como o grande favorito, esta situação não subtrai em nada todo o trabalho empregue por todos os intervenientes na película e a qualidade da mesma.
Documentário, com contornos de thriller, que retrata a história fantástica de um homem... sonhador. Bastante enérgico, desde miúdo trepava às árvores sendo um apaixonado por alturas e pela adrenalina que lhe proporcionava. Vive desde os dezassete anos com um objectivo na cabeça: realizar o seu sonho de unir as torres do World Trade Center por um arame e atravessá-lo. O nome deste homem é Philippe Petit.
Encontramo-nos no ano de 1964. Na Escola St. Nicholas, a Irmã Aloysius (Meryl Streep) é “temida” pelos alunos dada a sua rígida e inflexível conduta. Já o Padre Brendan Flynn (Philip Seymour Hoffman) é o seu oposto, tendo como principal objectivo proporcionar uma maior abertura da religião aos jovens.
Embora com essas divergências, a relação de ambos manteve-se cordial...até ao dia em que, alertada pela inocente Irmã James (Amy Adams), a Irmã Aloysius começa a pôr em causa a natureza da relação do padre com Donald Miller, o primeiro estudante negro de St. Nicholas...
Valendo a nomeação para os Óscares a Meryl Streep e Amy Adams, “A Dúvida” é um filme que vive inequívocamente dos seus actores, e acaba mesmo por jogar com um núcleo fixo de personagens: o Padre e as duas Irmãs. Essa contenção traz vantagens para a fita, na medida em que se torna mais fácil explorar a intensidade e coerência dos diálogos.
Meryl Streep e Viola Davis (que aqui interpreta a mãe de Donald) proporcionam um dos momentos mais altos do filme com um diálogo que, por ser tão bem conduzido, é extremamente revelador das características das suas personagens. A assinalar também os sermões do Padre Flynn, bastante inspirados e que, ao contrário do que seria de esperar, conseguem levantar questões pertinentes, não só relacionadas com a categoria religiosa, mas ditando também várias situações e conflitos do filme.
Uma última mais valia, desta feita proporcionada pelo actor Philip Seymour Hoffman, é a de nunca conseguirmos compreender de facto a natureza do Padre Flynn. É completamente imperceptível ao espectador se todas as suas palavras não passam de mentiras, confissões, ou simplesmente, sinceras palavras de revolta por todas as acusações que lhe são proferidas. Isto porque, devo frisar, não se conseguem reunir provas conclusivas sobre os possíveis avanços do Padre sobre o jovem aluno.
Intenso, sério e inteligente. Assim é este “Doubt”, a adaptação homónima de uma peça de John Patrick Shanley (que é também o realizador desta película), que merece sem dúvida o destaque dado aos seus actores e guião. A ver.
“I have doubts. I have such doubts.”
Nota Final: 8 / 10
Que cerimónia! A quantidade considerável de público que a cerimónia dos Óscares vinha a perder levou, este ano, a uma “lufada de ar fresco”. E muito graças a Hugh Jackman, que se revelou um anfitrião irrepreensível, bem como à compactação de algumas categorias técnicas, privando assim o espectador de uma noite enfadonha, como se vinha verificando à alguns anos Mas passando aos prémios... Nomeado para 10 categorias, “Slumdog Millionaire” sai como grande vencedor desta 81ª cerimónia dos Óscares arrecadando 8 estatuetas douradas que incluem as categorias de Melhor Realizador (Danny Boyle) e de Melhor Filme. Já o mesmo não se poderá dizer de “The Curious Case Of Benjamin Button” que foi mesmo o derrotado da noite. Nomeado para 13 categorias, acabou somente com 3, e todas elas de nível técnico. Passando agora para as categorias que premeiam os actores. A nível de actores secundários, não houve, pelo menos para mim, grandes surpresas. Penélope Cruz, como já disse anteriormente, deslumbrou em “Vicky Quanto aos actores principais, Kate Winslet e Sean Penn. Ela, já ia sendo tempo de ver reconhecido o seu valor. Uma excelente actriz que este ano nos brindou com interpretações de enorme intensidade em “The Reader” e “Revolutionary Road”, destronou potenciais candidatas como Angelina Jolie, e Meryl Streep (que já vai na sua 15ª nomeação ao Óscar). E Sean Penn... para muitos uma surpresa, pois tudo apontava para que fosse Mickey Rourke a levar o prémio para casa, conseguiu desta feita arrecadar o seu segundo óscar nesta categoria. E foi “indubitávelmente merecido”. O seu Harvey Milk dá-nos uma grande lição de vida, e o discurso de Penn, é também ele para ser escutado com atenção. Para concluir, de mencionar ainda que “The Duchess” conseguiu ganhar o Óscar para melhor Guarda-Roupa, “Milk” teve o seu segundo óscar na categoria de Melhor Argumento Original e “Wall-E” (que poderia até ter-se visto nomeado para a categoria de Melhor Filme) levou sem grandes surpresas o galardão de Melhor Filme de Animação. Para os amantes de documentários, ficam os nomes dos vencedores: “Man On Wire” e “Smile Pinki”. E assim culminou o ano cinematográfico de 2008. Um ano marcado por grandes filmes e por grandes representações, que fizeram cair lágrimas e soltar sorrisos. Da parte do Golden Ticket termina aqui a cobertura aos óscares, esperando que este ano nos marque novamente. Continuem por cá, abraços.
Melhor filme:
"Slumdog Millionaire"
Melhor realizador:
Danny Boyle - "Slumdog Millionaire"
Melhor actor:
Sean Penn - "Milk"
Melhor actriz:
Kate Winslet - "The Reader"
Melhor actor secundário:
Heath Ledger - "The Dark Knight"
Melhor actriz secundária:
Penélope Cruz - "Vicky Cristina Barcelona"
Melhor argumento original:
Dustin Lance Black - "Milk"
Melhor argumento adaptado:
Simon Beaufoy - "Slumdog Millionaire"
Melhor filme de língua estrangeira:
"Departures" - Yojiro Takita (Japão)
Melhor filme de animação:
"Wall-E" - Andrew Stanton
Melhor documentário:
"Man on Wire" - James Marsh
Melhor documentário em curta-metragem:
"Smile Pinki" - Megan Mylan
Melhor curta-metragem:
"Spielzeugland (Toyland)" - Jochen Alexander Freydank
Melhor curta-metragem de animação:
"Maison en petits cubes" - Kunio Katô
Melhor direcção artística:
Donald Graham Burt, Victor J. Zolfo - "The Curious Case Of Benjamin Button"
Melhor fotografia:
"Slumdog Millionaire"
Melhor montagem:
"Slumdog Millionaire"
Melhor caracterização:
Greg Cannom - "The Curious Case Of Benjamin Button"
Melhor guarda-roupa:
Michael O`Connor - "The Duchess"
Melhor banda sonora original:
A.R.Rahman - "Slumdog Millionaire"
Melhor canção:
"Jai Ho" (A.R. Rahman/Sampooran Singh Gulzar) - "Slumdog Millionaire"
Melhor mistura de som:
"Slumdog Millionaire"
Melhores efeitos sonoros:
"The Dark Knight"
Melhores efeitos especiais:
"The Curious Case Of Benjamin Button"
Ainda durante o dia de hoje será feito um comentário a estes resultados.
Canal Nacional (fechado)
Canal Estrangeiro (fechado)
Richard Jenkins é Walter Vale, um professor universitário de Connecticut que enviuvou recentemente e se vê obrigado a voltar a Nova Iorque para participar numa conferência sobre um artigo do qual é co-autor. Lá, encontra o seu apartamento ocupado pelo sírio Tarek (Haaz Sleiman) e pela senegalesa Zainab (Danai Jekesai Gurira), um jovem casal de imigrantes que, mais tarde se vem a descobrir, está ilegal no país. Depois de se aperceber que o casal fora enganado, Walter convida-os a permanecerem no apartamento até encontrarem outro lugar para ficar.
É este o ponto de partida para uma amizade entre o professor e Tarek, amizade essa que se aprofunda quando o músico sírio ensina a Walter as maravilhas da percussão (já antes Walter tentara uma incursão, falhada diga-se, pela aprendizagem do piano, uma vez que a sua mulher era uma exímia pianista e ele tentava a todo custo promover algo que mantivesse “viva” a sua memória). Mas esta nova e mais alegre fase da vida do solitário professor vê-se abalada com a prisão do amigo que enfrenta agora uma possível, e provável, deportação. Assim, Walter inicia, juntamente com Mouna Khalil (Hiam Abbass), mãe de Tarek, uma luta pela libertação deste mas... conseguirá atingir os seus propósitos?
A consistência do guião, as cenas de extremo bom gosto (nomeadamente as que denunciam a aproximação de Mouna e Walter e as que o juntam, com Tarek, a tocar tambor) bem como o final que foge a previsíveis clichês, fazem de “O Visitante” um filme interessante, bastante introspectivo e que vem abordar uma temática não muito explorada cinematográficamente: a imigraçao. De mencionar ainda as óptimas interpretações por parte de todos os actores que permitem à película manter-se longe do drama fácil, criando assim um ambiente discreto, envolvente e muitíssimo inteligente.
Um filme que faz claramente a diferença. A não perder!
“You can't just take people away like that. Do you hear me? He was a good man, a good person. It's not fair!”
Nota Final: 8 / 10
Os nossos leitores votaram e escolheram! Este poderá ser um exercício meramente especulativo, mas serve de aperitivo para a grande noite de domingo, e dá para tirar algumas ilações interessantes.
Agora é esperar pela noite de domingo, e assistir aqui no Golden Ticket à cerimónia de entregue dos Óscares!
Estão abertas as sondagens nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor e Melhor Actriz.
Podem encontra-las na barra lateral do blog.
As votações encerram dia 19 às 23:59, e os resultados serão divulgados durante o dia a seguir.
Nomeado para o Óscar de Melhor Filme, e valendo a nomeação para Melhor Actriz a Kate Winslet, “O Leitor” é, a meu ver, um filme... morno.
Alemanha, 1958. Michael Berg (David Kross) tinha somente 15 anos. Agora, volvidos quase 40 anos (Ralph Fiennes), relembra um romance que manteve com uma mulher mais velha, Hanna Schmitz (Kate Winslet). Dócil mas ao mesmo tempo fria e distante, Hanna era uma apaixonada pela leitura. O facto de Michael ler para ela, permitiu aprofundar significativamente a relação de ambos. Mas chega o dia em que Hanna desaparece.
A espera dura 10 anos até que Michael a reencontra a ser julgada... por actos de natureza nazi. As cenas no tribunal são sem dúvida emotivas. Vemos como Michael se debate interiormente com os seus segredos e como começa a questionar-se... Até que ponto conhecera Hanna?
Colocando em causa a moralidade do ser, “O Leitor” é um filme longo e complexo... pecando talvez nesse ponto. Valendo-se de um ambiente característico de época (bem conseguido diga-se) perde um pouco a “fervura”, principalmente na parte inicial. Porém, devo mencionar um exponencial interesse na recta final. A dinâmica entre Michael e Hanna foi um toque interessante e muitíssimo inteligente na medida em que, com o desenrolar dos acontecimentos vamos tomando noção da real importância que aquela mulher teve na sua vida.
Mas, na minha óptica, o melhor do filme prender-se-á mesmo com Kate Winslet que tem aqui uma grande interpretação. A sua versatilidade para demonstrar as mais variadas emoções e características da personagem justificam amplamente a sua nomeação ao Oscar. As cenas em que Michael lê para Hanna são extremamente apelativas emocionalmente. Toda a expressão corporal da actriz mostra entrega àqueles momentos que tanto significam para a personagem, e isso é de louvar. Brilhante. Pena é que o filme não esteja inteiramente em pé de igualdade com o trabalho por ela desenvolvido pois, embora a temática me fosse ao início bastante atractiva, confesso... não me envolveu tanto como esperava.
Veremos qual a opinião da academia.
“It doesn't matter what I think. It doesn't matter what I feel. The dead are still dead.”
Nota Final: 7.5 / 10
Ora aqui está um filme, como o próprio nome sugere, curioso. Sem puder escapar aos vários spoilers que percorrem a Internet hoje em dia, já tinha noção da história que me aguardava. David Fincher realizador de obras primas como Zodiac e Fight Club, traz-nos um filme absolutamente fantástico e que nos prende ao ecrã do primeiro ao ultimo minuto.
“My name is Benjamin. Benjamin Button. And I was born under unusual circumstances.”
Tudo começa com uma senhora perto do leito da morte, acompanhada com a sua filha, Caroline (Julia Ormond). Esta pede-lhe para lhe ler um caderno, escrito todo ele à mão, que conta a história de um homem chamado Benjamin Button. Benjamin (Brad Pitt) é um recém-nascido, abandonado à porta de um lar de idosos, que apesar de ter um interior igual à sua idade, todas os seus detalhes físicos têm semelhanças com um homem de 80 anos. Contra todas as expectativas, Benjamin consegue sobreviver. Criado por Queenie (Taraji P. Henson), Benjamin cresce em harmonia, pois apesar de ser apenas uma criança, o seu aspecto confere-lhe uma semelhança absurda com os residentes daquela casa. Uma criança chamada Daisy (Cate Blanchett), neta de uma das residentes do lar, conhece Benjamin e os dois desenvolvem uma ligação especial.
“Your life is defined by its opportunities, even the ones you miss.”
Estes passam por encontros e desencontros. Enquanto um rejuvenesce, o outro envelhece. Ao longo da sua caminhada, Benjamin conhece o seu verdadeiro pai (Jason Flemyng), que perto da sua morte lhe revela essa mesma notícia e lhe deixa todos os seus bens (destacando-se uma fábrica de botões). Com o passar dos anos, as idades físicas e mentais de Benjamin e Daisy finalmente cruzam-se, e estes vivem uma relação extremamente bela durante alguns anos. Tendo consciência do que realmente era, Benjamin quando recebe a notícia que iria ser pai, percebe que aquela relação não estava destinada a durar para sempre.
Com um aspecto visual fantástico, The Curious Case Of Benjamin Button é um dos candidatos (senão O candidato) mais fortes a ser a verdadeira estrela dos Óscares 2009. David Fincher nunca em nenhuma das suas anteriores fitas tinha sido tão apaixonado como nesta. Realiza aqui um filme que consegue ser espectacular quase a todos os níveis desde a fotografia, os efeitos especiais, o ambiente, entre outros. De realçar também o cuidado com que foram tratadas todas as épocas que Benjamin Button atravessa, desde o grande bombardeamento japones em Pearl Harbor até à aventura do homem no espaço. Se muita boa gente diz que é um filme com uma grande duração e que tem partes dispensáveis, a verdade é que não o deverão ter observado com atenção, pois todos os momentos são deliciosos e completamente indispensáveis.
Em relação a interpretações, Brad Pitt e Cate Blanchett desenvolvem uma química fantástica durante todo o filme, o que lhes confere um brilhantismo muito especial. As mudanças visuais de Pitt estão perfeitas, a forma como relata a história e ainda como consegue interpretar de uma forma tão natural uma personagem que se adivinhava ao princípio bastante difícil, faz deste um dos mais sérios candidato ao óscar de melhor actor.
Poderia ainda dizer muito mais sobre este magnifico filme, mas a verdade é que se ficaram curiosos, o melhor é verem este obra de arte com os vossos próprios olhos.
“Along the way you bump into people who make a dent on your life. Some people get struck by lightning. Some are born to sit by a river. Some have an ear for music. Some are artists. Some swim The English Channel. Some know buttons. Some know Shakespeare. Some are mothers. And some people can dance.”
Nota final: 9/10
Antes de mais devo dizer que me surpreendeu bastante a não nomeação de “Revolutionary Road” na categoria de Melhor Filme (em detrimento de “The Reader”) porque, de facto, merecia.
Baseado no romance homónimo de Richard Yates, “Revolutionary Road” conta-nos a história de Frank (Leonardo DiCaprio) e April (Kate Winslet), um casal que se encontra desiludido, e até mesmo revoltado, com o rumo que as suas vidas tomaram. Casados e pais de dois filhos, viram todos os seus sonhos e ideais caírem por terra.
Frank, que não quer seguir os passos do pai e ser o simples marido que tenta sustentar a sua família, e April, a quem não agrada minimamente a ideia de ser a perfeita dona de casa, planeiam viajar para Paris numa tentativa de combater esse vazio que se tornou a sua vida. Mas... estarão ainda a tempo?
A escolha dos protagonistas do filme não poderia ter sido melhor. Sente-se um amadurecimento da química entre DiCaprio e Winslet, o que lhes permite conferir às personagens uma credibilização do amor que os une, mas também a culpa que atribuem um ao outro pelo estado de decepção e apatia em que se encontram. A revolta que existe nos personagens está muito bem conseguida pois não se deixa cair no exagero (fácil em filmes do género dramático). De mencionar ainda a interpretação de Michael Shannon como John Givings, a única personagem que, no meio da sua “loucura”, conseguia compreender verdadeiramente o desespero do casal.
A fotografia, a discreta banda sonora, a filmografia, e o guião bem adaptado conferem uma sólida coerência a esta fita que funciona como crítica ao pré-estabelecido modo de vida da sociedade. Porque outrora, Frank e April foram aqueles jovens que disseram “nunca nos vamos moldar a nada, e nunca vamos deixar de perseguir os nossos sonhos”... mas não... deixaram muito por fazer. E é essa a abordagem que devemos fazer ao filme. Perceber até que ponto estamos cientes das nossas ambições, se estamos dispostos a lutar por elas contra todos os comodismos e, assim, não nos deixarmos subjugar ao “funcionamento” desta sociedade em que vivemos. Porque do tudo, se faz nada, em questão de segundos.
“I saw a whole other future. I can't stop seeing it.”
Nota Final: 8 / 10
Penélope, Javier, Woody e indubitávelmente... Barcelona!
Não só o casal de actores justifica amplamente as melhores das críticas pelos seus desempenhos nesta nova película do cineasta Woody Allen, como também Penélope merece inquestionávelmente o Óscar de Melhor Actriz Secundária.
Mas passemos à história. Vicky (Rebecca Hall) e
Tudo seria perfeito não fosse a chegada de Maria Elena (Penélope Cruz), a passional ex-mulher de Juan Antonio. Após uma tentativa de suicídio a também pintora volta a viver com o ex-marido e com
Contando como ninguém as peripécias de uma vida a dois... ou a três, e retratando de forma irrepreensível toda a vivência humana, Woody Allen tem neste filme uma comédia um pouco “parada” por vezes, mas que com o decorrer da acção, e a intervenção de Penélope, acaba por se converter num regresso competente do realizador americano. Mantendo a sua paixão pela essência feminina, Allen consegue assim transmitir visuais de paixões avassaladoras, comoções com a música das violas espanholas, e uma essência envolvente de uma narrativa na terceira pessoa.
Bonito visualmente, “Vicky
“The trick is to enjoy life, accepting it has no meaning whatsoever.”
Nota Final: 7 / 10
Keira Knightley, a coqueluche dos filmes de época (e ainda bem, porque tem a dose certa de delicadeza e força necessárias para esse tipo de papel) interpreta Georgiana Spencer Cavendish, a Duquesa de Devonshire, uma mulher com ideias extremamente modernistas para a época em que viveu.
Baseado na biografia escrita por Amanda Foreman, e com contornos semelhantes à história da malograda Princesa Diana (descendente dos Spencers, a família de Georgiana), o factor mais representativo de “A Duquesa” será mesmo o guarda roupa fenomenal (que pode muito bem ganhar o Óscar na sua categoria) e a prestação de Keira.
O restante elenco não tem a capacidade de envolver e cativar o espectador como Keira tem (nem mesmo Ralph Fiennes com o seu contido Duque de Devonshire) e isso reflecte-se na película. A protagonista, que “suporta” todo o filme, consegue superar-se no papel. As aspirações da duquesa, o seu envolvimento na política (e com Charles Grey, o seu verdadeiro amor, interpretado por um ainda bastante inexperiente Dominic Cooper), a sua paixão pelos jogos, a sua dedicação aos filhos, o desejo de direitos iguais aos do marido e o facto de ser um ícone da moda do século 18... tudo foi captado e brilhantemente transmitido por Keira para a fita. Impecável.
Devo ainda mencionar aquele que considerei um dos pontos mais altos do filme: as conversas da duquesa com o político Charles Fox (Simon McBurney). Resultado de um momento bastante inspirado, quer dos guionistas, quer dos próprios actores, essas cenas são de facto imperdíveis. Exímiamente representadas e com diálogos bem conseguidos.
Contando também com bons pormenores a nível de fotografia, certo é que o filme fica um pouco aquém do esperado. É agradável, vê-se bem, a vida da duquesa é sem dúvida alguma uma história apaixonante... mas não passa muito disso. Fica a sensação de que algo mais poderia ter sido feito.
“You can't ask me to battle nature in my own heart.”
Nota Final: 6.5 / 10
E se o seu filho desaparecesse... alguma vez deixaria de o procurar?
Angelina Jolie é Christine Collins, uma mulher independente, dedicada ao trabalho, e mãe solteira de um rapaz de 9 anos, Walter. Ao chegar a casa, depois de mais um dia de trabalho na central telefónica, Christine depara-se com o desaparecimento do filho. Desnorteada, pede ajuda junto da polícia e as buscas têm início... para cinco meses depois lhe trazerem um rapaz que ela garante não ser seu filho.
Capaz de revoltar o espectador pela forma grotesca como Christine é tratada pelas autoridades (jogos psicológicos que culminam no seu internamento no Hospital Psiquiátrico Municipal), este filme vem focar um assunto extremamente delicado: o desaparecimento de crianças. O filme choca, não só pela história em si, mas também por nos deixar com a aterradora ideia de que tudo isto pode acontecer. É real e está presente, todos os dias.
Uma outra mais valia a referir é a presença de John Malkovich, que interpreta de forma singela o papel do reverendo Gustav Briegleb, o maior apoio de Christine em todo este penoso processo, não só pela ajuda que lhe prestou, como também por expôr à opinião pública, todos os esquemas e práticas criminosas da polícia de Los Angeles. Por fim, Jason Butler Harner tem a seu cargo algumas das cenas mais fortes do filme, uma magnifica e desconcertante prestação, sem dúvida.
Extremamente emotivo, “A Troca” é mais uma aposta ganha para Clint Eastwood. O bom ritmo, a filmografia clássica, a intensidade brilhantemente captada, a fotografia (especialmente a nível de iluminações e seus respectivos planos) e o facto de se basear numa história real fazem de “A Troca” um filme que não deixará, certamente, ninguém indiferente. Porque nada é mais dramático que a realidade, nua e crua.
“Maybe he's out there somewhere...”
Nota Final: 8.5 / 10
Gus Van
Este trabalho do realizador americano trata-se de uma biografia de Harvey Milk (Sean Penn), o primeiro homossexual assumido a exercer um cargo político nos Estados Unidos. Com uma veracidade incrível, e sem se deixar cair em maneirismos fáceis, Sean Penn apresenta-nos um homem que nos recruta para combater um mundo de preconceito, de injustiça social e incompreensão para com os gays.
Tudo funciona em "Milk", desde as interpretações de Sean Penn e James Franco (no papel de Scott Smith), principalmente, até ao próprio guião. A fotografia do filme é mais um ponto a favor. Está brilhantemente conseguida. As imagens reais da época permitem ao espectador um olhar mais próximo sobre aqueles tempos, assim como as imagens de fraca qualidade, as fotografias, o jogo de cores... Tudo se conjuga numa perfeita simbiose.
O facto de logo de início ser dado a conhecer o destino de Harvey (é assassinado por um adversário político, Dan White, interpretado por Josh Brolin) permite ao espectador focar-se mais nas questões levantadas pelo filme, questões essas que, ao contrário do que se possa pensar, não se prendem somente com a luta contra a homofobia.
Milk veio dar voz à luta pela igualdade, mas não só para os gays. Ele sempre procurou abranger as minorias e defender causas que considerava justas. Os 8 anos que dedicou a estas causas são hoje reconhecidos e, embora o seu sonho ainda não tenha sido totalmente concretizado, podemos afirmar que muito do caminho percorrido se deve a ele.
Com uma forte mensagem, "Milk" está assim nomeado para 8 categorias nos Óscares deste ano. E se Penn ganhar o Óscar de Melhor Actor... é indubitávelmente merecido.
“My name is Harvey Milk and I'm here to recruit you!”
Nota Final: 8 / 10
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