A companhia (sim, não me posso nunca queixar deste factor!) e uma ou outra gargalhada bem arrancada (resultantes da combinaçao entre Heigl, gritos e uma arma) foram os únicos elementos que me permitiram compensar a tortura que é assistir a esta película, realizada por Robert Luketic e protagonizada pelo marido de Demi Moore e pela Drª. Izzie da série "Grey's Anatomy".
Soou muito a revista cor de rosa? Bem, foi propositado. A película em questão é tão boa como qualquer revista do género.
Ele, Spencer Aimes (Ashton Kutcher), é um assassino profissional com uma missão em Nice, local onde ela, Jen Kornfeldt (Katherine Heigl), recentemente abandonada pelo namorado, vai passar férias com os seus pais, o rígido Mr. Kornfeldt (Tom Selleck) e a alcóolicamente divertida Mrs. Kornfeldt (Catherine O'Hara, a mãe de Mcaulay Culkin em "Home Alone"). A atracção entre Jen e Spencer é imediata e agora, 3 anos depois, o jovem casal disfruta de um casamento tranquilo e feliz, tudo aquilo que Spencer sempre quis. Mas porque raramente conseguimos fugir ao passado, eis que ele volta para assombrar a vida do ex-assassino, que deve agora retomar a missão que deixou a meio em Nice...
A fórmula de "Beijos e Balas" (nem vou comentar este título) poderia muito bem resultar, não fossem os maneirismos esquisitos e a completa falta de química entre Kutcher e Heigl, que remete o aclamado romance da fita para algo completamente oco e forçado. E que dizer do final... Sem nexo algum e sobejamente previsível. Em duas palavras: terribly bad.
Actuações (à excepção de Selleck e O'Hara, que continuam aí para as curvas, passo a expressão), diálogos, planos de acção... tudo se desenrola perante os nossos olhos de forma atabalhoada, apressada e mal estruturada. Salvam-se porém, e perdoem-me o voyerismo, a tenacidade física de Kutcher e as paisagens da cidade francesa onde tem início a acção.
Tudo bem que ver "Inception" quase que no dia anterior não foi abonatório para desenvolver um qualquer sentimento apreciativo para com esta comédia, mas estou em querer que nem tendo assistido ao pior dos filmes me permitiria vislumbrar qualquer destaque neste pseudo "Mr. And Mrs. Smith".
De modos que, a deslocarem-se ao cinema, um conselho: não caiam no erro de ir assistir a "Killers"... ou "Kiss & Kill"... ou fiasco, se assim preferirem.
"Let's just say that I work for bla bla bla, and they gave me a license to bla".
Sim, lá de bla bla bla percebe este filme...
Nota Final: 3.5 / 10
Quem me conseguir convencer que não perdi 90 minutos, numa sala de cinema recheada de casais, a ver "Backlight", que mo comunique com a maior brevidade possível. Porque se não fosse pela excelente companhia, muito provávelmente a minha cabeça não teria albergado outro pensamento que não o de sair da sala.
Isto porque acabei por me deparar com o típico filme de sábado à tarde, com uma história que relaciona diversas personagens, mostrando as suas fraquezas e situações de desespero, jogando com os acontecimentos que podem mudar o curso de uma vida, bem como a dicotomia entre vida e morte. Somos levados a assistir às mesmas acções, num mesmo espaço temporal, somente com a diferença de perspectiva, técnica esta que se apresenta mesmo como uma das poucas mais valias da fita.
Existem bons elementos, é verdade, como uma narrativa dinâmica, uma ideia que bem explorada poderia dar frutos e, inequívocamente, o seu carácter humano, amplamente presente na fita. Mas tudo está mal aproveitado. As prestações dos actores são realmente fracas, as piadas são do mais forçado que se possa imaginar (Justin Time... i mean, what the...), e os clichés sucedem-se a olhos vistos (e atenção, relembro o preclaro leitor que não encaro este factor como sendo necessáriamente prejorativo).
Soube-me a pouco esta 4ª longa metragem de Fernando Fragata (o realizador responsável por "Pulsação Zero", "Pesadelo Cor-de-rosa" e "Sorte Nula"), que poderia muito bem manter o trailer, fazer dele uma curta et voilá! Um óptimo e interessante projecto. Reconheço porém o marco que foi alcançado por Fragata. O carácter hollywoodesco que tentou imprimir na película é notório, e reflecte-se qualitativamente em determinados pormenores, mas especialmente na fotografia, que se exprime por cenários lindíssimos, e que transmitem um profissionalismo que pode, quem sabe, vir a ser transmitido além terras lusas.
Agora, caso tenha oportunidade de rever a fita, muito provavelmente me vai sair um sentido "Ai não!". Sim, aquela expressão que ficou registada na minha cabeça, proferida por uma espectadora sentada atrás de mim e do Diogo, e que deveria ser a citação no final da crítica. Mas como não devo fugir ao registo habitual, vou antes utilizar, as usual, uma citação do filme, que encaixa que nem uma luva para o sentimento com que abandonei a sala de cinema do Colombo:
"Please, make a u-turn. You're on the wrong course to your destination."
E não é que estivemos mesmo?
Nota Final: 5 / 10
Olho para o lado, e sinto o braço que lhe suporta a cabeça a deslizar lentamente. Inclino-me na cadeira da sala de cinema, e vejo que sim, ela já adormeceu. A uma meia hora do fim. Como é que tal é possível, com tanto barulho?!
Deixa-me incrédula, a princípio, mas até percebo. Não é só por ela estar cansada. É também porque, de facto, a fita está uns furos abaixo do primeiro filme, mais a nível de história que propriamente de acção. E esse foi um factor sentido por todos nós que nos deslocámos ontem ao Colombo para assistir a "Homem de Ferro 2".
A história tem lugar pouco tempo depois da que nos foi narrada no primeiro filme. Tony Stark (Robert Downey Jr.), que todos sabem ser a verdadeira identidade do Homem de Ferro, acaba de inaugurar a Stark Expo, uma exposição que pretende reunir as melhores invenções das mais brilhantes mentes criativas de todo o mundo, com um só objectivo: criar um futuro melhor para as gerações seguintes.
Mas nem tudo são rosas na vida do carismático Stark. Se por um lado se vê a braços com o governo norte americano e com o empresário Justin Hammer (um versátil Sam Rockwell), que quer a todo o custo ver-lhe cedida a tecnologia do fato do Homem de Ferro, por outro, a própria saúde de Tony tem-se vindo a deteriorar, por culpa do gerador que o mantém vivo, e que funciona à base de paládio, um composto que tem proporcionado um aumento dos níveis de toxicidade do sangue do empresário.
Para complicar ainda mais as coisas, surge uma entidade em busca de vingança... Ivan Danko (Mickey Rourke), filho de Anton Vanko, um físico russo que trabalhou, juntamente com Howard Stark, o pai de Tony, na criação do já referido gerador. Agora, usando essa mesma tecnologia, Ivan pretende repor a justiça para o seu pai, que morreu em declínio e absoluto esquecimento.
E claro, não descurando a vertente amorosa do filme, eis que também a relação de Tony e Pepper Pots (Gwyneth Paltrow) se ve "ameaçada", não só pelo facto de Tony tentar omitir o seu verdadeiro estado de saúde, como ainda pela presença de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) que vem como que balançar os sentimentos de Stark.
Uff... parece que abordei todos os pontos da história. Novos personagens, novas histórias que condimentam q.b. o caminho para o aguardado filme "The Avengers", com estreia prevista para 2012. Muitos pormenores podem ser referidos, desde o aparecimento do escudo do Capitão América, bem como a cena pós créditos em que aparece nada mais nada menos que um famoso martelo de um herói da Marvel...
Mas voltando à fita em questão. A profundidade e estudo dos personagens é um pouco descurada, é verdade, mas dado que está já confirmado um terceiro capítulo da série, pode ser que o espectador veja colmatada essa falha. De abonatório aparecem as sequências de acção que, embora tenham uma resolução demasiado rápida (tudo parece fácil para o herói vermelho e dourado), estão bastante bem conseguidas. E claro, a faceta de one man show do protagonista Downey Jr. ajuda amplamente na qualidade da fita, já para não falar da excelente banda sonora, numa onda maioritariamente AC/DC. Bom toque Jon Favreau.
É um blockbuster, e cumpre a sua função. Mas a verdade, é que um maior cuidado com a história teria sido bem vindo.
"It's good to be back!"
Nota Final: 7 / 10
O último clã de vampiros à face da Terra é composto única e exclusivamente por mulheres, mulheres essas que se valem da Internet, mais especificamente de um site de encontros, o Artemis, para continuar a acumular vítimas.
Esta metodologia desenrolara-se por vários anos, até ao dia em que a jornalista Sydney St. James (Natalie Brown) entra em jogo... A jovem desloca-se então atè à sede do Artemis para entrevistar Anna (Deborah Odell), uma sombria mas sofisticada mulher, chefe do clã, e que vê em Sydney algo mais do que salta à vista...
Até que ponto o seu envolvimento não foi calculado? E que significado terão os estranhos sonhos que Sydney protagoniza juntamente com Anna?
Mas calma... a história não fica por aqui. Para pôr um fim à espécie vampírica, chega o mais temível caçador de todos os tempos: Van Helsing (David Carradine), que contará ainda com a a ajuda de Tone (Jordan Dyck) e Karpov (Julian Richings) nesta última missão. Conseguirão eles destruir o clã e a sua líder ancestral?
Realizado por Jonathan Dueck, eis um típico filme série-B, que não sabe, infelizmente, aproveitar o nível interpretativo (com especial apontamento para as protagonistas femininas e claro, Carradine igual a si próprio) e ambiente noir que consegue incutir ao longo dos seus 90 minutos de duração.
A história está lá e, se bem estruturada, conseguiria certamente impôr-se. Mas, infelizmente, a existência de uma série de factores prejurativos tomam forma e não permitem a consagração. Falo de claros "buracos" no argumento e de pormenores sem explicação que, devido ao ritmo demasiado lento, acabam por se tornar ainda mais penosos do que realmente são.
São de frisar ainda as claras tentativas do realizador em estabelecer certas semelhanças com "The Hunger", o que acabou por me prender a atenção. Não serão certamente em vão os paralelismos que podemos encontrar entre as duas fitas. Desde o ritmo lento com que a acção se desenrola, até aos maneirismos de Anna, que denotam um toque à la Catherine Deneuve, tudo se apresenta de forma bastante explícita. Mas, ao contrário da fita de culto de 1983, "The Last Sect" não prima pela coerência que um filme deste género requer. E se vão assitir o filme em busca de terror, esqueçam. Insere-se no género somente pelo teor vampírico, porque expressa somente rasgos de mistério e thriller.
Tinha potencial, mas soube a pouco. Muito pouco.
"Understanding is not important. Being true to your calling is."
Nota Final: 4.5 / 10
Ano de 2003. Cidade de Bagdad, no Iraque. As tropas americanas invadiram o país e conseguiram pôr termo ao governo de Saddam Hussein. Agora, cabe aos homens no terreno encontrar a localização das armas de destruição em massa que ameaçaram o mundo. O Sargento Roy Miller é um dos soldados americanos no Iraque, cuja missão é encontrar essas mesmas armas. Mas a verdade, só agora vem ao de cima. Miller vê-se perante um esquema bem montado pelas mais altas patentes do Governo americano, que assim utilizaram as ADM como desculpa para a ocupação do país.
Agora, perseguido pelo Pentágono, conseguirá o soldado repôr a verdade, contrariando assim a farsa que justificou a invasão do Iraque pelas tropas norte-americanas?
Diogo: em actualização...
Hugo: em actualização...
Mafalda: Nova parceria, novo projecto ganho. Muito resumidamente, é assim "Green Zone", realizado por Paul Greengrass e protagonizado por Matt Damon, a dupla dos brilhantes "Bourne Supremacy" e "Bourne Ultimatum". O jogo de corrupção que se faz sentir na fita é latente e cativa a atenção do espectador, muito por se tratar de uma suspeita legítima sobre a verdadeira razão que levou o governo americano a ocupar o país de Saddam. O foco sobre uma tão recente polémica suscita curiosidade, e as interpretações de Damon e Greg Kinnear conferem uma ainda maior consistência ao guião (mas não pela profundidade dos seus personagens, dado que o filme é mais de situação que propriamente de estudo de carácteres). O modo de captação de imagem camera on hand é também característico (o espectador poderá reconhecer esta técnica dos já referidos filmes Bourne) e mostra-se adequado ao cenário de guerra (bastante realista diga-se). De mencionar por fim a prestação de Khalid Abdalla cuja personagem consegue impregnar na fita a visão do lado iraquiano, numa performance bem conseguida e crucial para o desenrolar da acção. Eis então uma boa aposta para adeptos de thrillers com cariz político com um toque considerável de acção.
Nota Final: 7.5 / 10
Clyde Shelton (Gerard Butler) era um bom pai de família e cidadão exemplar... até ao dia em que a sua casa é assaltada e ele assiste, impotente, ao assassinato da sua mulher e da sua filha por dois criminosos, Darby (Christian Stolte) e Ames (Josh Stewart). Após investigações, mas com provas inconclusivas, Nick Rice (Jamie Foxx), o provedor responsável pelo caso, vê como única solução fazer um acordo com um dos criminosos: se Darby aceitar testemunhar contra o colega, terá uma diminuição da sua pena. E é assim que, para não perder o caso, Nick consegue a condenação à morte de um deles, e apenas 3 anos de clausura para o outro (que, curiosamente, foi o executante das mortes).
O que não se esperaria era que, 10 anos depois de o caso ter sido arquivado, voltassem a haver desenvolvimentos. E que desenvolvimentos... O criminoso setenciado a apenas 3 anos é encontrado morto, e Shelton assume a culpa. Já preso, o homem que tudo perdeu avisa Nick: ou o erro judicial de à 10 anos é corrigido, ou todos os envolvidos com o caso morrerão.
Mas como conseguirá um homem já preso continuar uma onda de crimes?
Diogo: Uma passível e compreensível vingança de um homem de família que viu a sua esposa e filha serem assassinadas sem qualquer tipo de compreensão, transformou-se então num argumento com contornos... explosivos. Todo o desenrolar do filme revela-se bastante interessante, numa mistura de puzzles inteligentes, jogos legais e acção que aumenta exponencialmente com o aproximar do fim da fita. Este, entenda-se – o aproximar do fim da fita, foi algo que me deixou desmotivado. Sem usar qualquer tipo de 'spoiler', digo que esperava uma continuidade inteligente da história e não uma acção 'bruta'... Apontando isto e espectando ou não que todos os carros expludam, que e como quem diz, tendo partes mais previsíveis ou não, a verdade é que este "Um Cidadão Exemplar" acaba por ser uma boa escolha para um qualquer fim-de-semana.
Nota final: 7.5 / 10
Hugo: Podemos dizer que Law Abiding Citizen é uma boa surpresa. Realizado por F. Gary Gray (The Italian Job) e escrito por Kurt Wimmer (escritor do grande Equilibrium), Law Abiding Citizen tem uma história bastante inteligente em que o espectador é levado a pensar sobre o que está (ou quem está) errado e o que está certo. Porém, o final da história, é algo desanimador, pois após um desenrolar de todo o enredo com bons twists, o final surge com algo fácil e rápido de assimilar mas que não se enquadra no resto do filme. No entanto, somos presenteados com uma grande performance de Gerard Butler. Já Jamie Foxx, tem um desempenho simplesmente medíocre. Não sendo um grande filme, é sem dúvida uma boa escolha para passar uma tarde agradável na sala de cinema.
Nota Final: 7 / 10
Mafalda: presa do primeiro ao... último minuto? Não, nem por isso. Assim descrevo a minha situação aquando do visionamento de "Um Cidadão Exemplar", realizado por F. Gary Gray e com argumento a cargo de Kurt Wimmer (responsável pelo argumento de "Equilibrium"). Um guião inteligente e com uma boa premissa que, embora apresente uma ou outra falha no que a credibilidade diz respeito, permite assumir este projecto como um competente thriller, que mexe com a nossa noção do certo e do errado. Porém, o ponto negativo chega na recta final. Não com a derradeira cena, entenda-se, mas sim com o que a ela levou. Uma investigação rápida demais, com uma execução simplista e que contraria o ritmo imposto previamente pela fita. Merecia algo mais... rebuscado. Porque a essência do filme parece perder-se, e é isso que o impede de ir "mais além". Contudo, será aconselhável a quem quiser apreciar rasgos da genialidade de "Seven", ainda que numa dose bastante mais inferior. De mencionar também a boa interpretação de Gerard Butler, e da imposição do filme em não ser encarado como uma lição de moral, mas sim como uma exposição das fragilidades do sistema de justiça, e essencialmente, livre de tomada de partidos.
Nota Final: 7 / 10
Este é daqueles fraquinhos, que passam às tantas da noite só para encher a grelha de programação. Pena, porque Nicole Kidman merece projectos mais substanciais, mas vejamos...
Joanna Eberhart (Nicole Kidman) é uma bem sucedida directora de um canal televisivo, o EBS, conhecido pelos seus programas controversos, como os reality shows. E é precisamente um desses programas por si produzidos que corre mal, levando Joanna a ser despedida da estação, deixando-a numa profunda e dolorosa depressão. Em solidariedade com a sua situação, o marido, Walter Kresby (Matthew Broderick), decide também ele despedir-se do cargo de vice director do canal, e decide que o ideal será mudarem-se para um local mais tranquilo. O local escolhido é Stepford, uma pequena e pacata cidade em Connecticut.
Lá, tudo parece perfeito. As casas, o ambiente livre de crime. Até as mulheres! Cozinham, procedem às lides domésticas e quase que idolatram os maridos. Dores de cabeça, insatisfação... nada disso faz parte do quotidiano das mulheres numa Stepford ambientada aos anos 50.
Mas Joanna desconfia de tanta perfeição, e as suas investigações levam-na a uma incrível e terrível descoberta!
Extremamente previsível esta segunda adaptação cinematográfica do livro "The Stepford Wives" de Ira Levin, é forte em clichés e peca por não se consegir encontrar enquanto produto. Se por um lado aborda a história com um tom cómico, por outro tenta (em vão, diga-se de passagem) transmitir uma veia de mistério que simplesmente não encontra sustentabilidade.
E que dizer de um leque de actores, desde Kidman até Glenn Close, extremamente competente mas totalmente desaproveitados nesta película? Inadmissível e, pensava eu, improvável. Mas a verdade é que acontece. Como puderam eles aceitar participar em tal festival de atrocidades? Enfim...
Pobre em diálogos, argumento e realização, é só mais um de entre tantos remakes que, ao que parece, deve muito ao seu original. Voltarei a este ponto assim que tiver oportunidade de assistir ao "The Stepford Wives" de 1975.
"Only high-powered, neurotic, castrating, Manhattan career bitches wear black. Is that what you want to be?"
Nota Final: 3 / 10
Remake homónimo da série televisiva dos anos 80, “Edge of Darkness” traz-nos Mel Gibson, depois de 7 anos longe das performances enquanto actor, no papel de Thomas Craven, um solitário detective da polícia de Boston que vive exclusivamente para a filha, Emma (Bojama Novakovic). Porém, a sua vida está prestes a mudar... Uma noite, quando Thomas e Emma se preparavam para sair de casa, esta é assassinada a sangue frio.
Thomas dará então início a uma investigação por conta própria, partindo do princípio que o alvo naquela noite fatídica era ele e não a filha. Mas... e se Emma fosse realmente o alvo a abater? Por entre esquemas e conspirações conseguirá o detective o desfecho que o conseguirá deixar em paz consigo próprio, vingando a morte da filha?
Diogo: Um falhanço total este regresso de Mel Gibson às salas de cinema, que se vê suportado (ou abandonado) num argumento algo desligado e com um final pavoroso para o que este se revelava ser até então. Fraco e inconsequente.
Nota Final: 3.5 / 10
Hugo: É este o grande filme que equiparavam a Taken? Só me apetece dizer "Ganhem juízo!". Edge of Darkness é um filme ridiculamente mal realizado, com poucas cenas de acção e, praticamente, sem um fio condutor da história. Mel Gibson poderia ter sido a salvação do filme, mas vê-se engolido por uma série de desastres de realização. Gostaria de dizer mais sobre a fita, mas faltam-me palavras para tentar assinalar algo de bom. Dá-me pena ver o realizador de Casino Royale cair em desgraça, mas a verdade é que os espectadores mereciam bem melhor.
Nota Final: 5 / 10
Mafalda: O que dizer de um filme que prometia, mas só consegue desiludir cena após cena? A história como a contei hoje durante um almoço de colegas até faria antever algo de bom, mas no formato cinematográfico não passa da mera banalidade e, por vezes, mau gosto. É incrível verificar como o realizador Martin Campbell (também ele responsável pela série em que o filme se baseia) nos consegue surpreender com o excelente “Casino Royale”, e depois se perde por completo neste "Fora de Controlo" que nada mais foi que perda tempo. Óptimo para adormecer (não conseguem imaginar a dificuldade que tive em me concentrar para ver a fita até ao fim!), vale únicamente pela ideia (já que a execução, essa, falha em todos os pontos, desde planos de acção, até guião e interpretações, já para não falar de alguns exageros de acção perfeitamente dispensáveis). Decepcionante.
Nota Final: 4 / 10
Estamos em Dezembro de 1973. Susie Salmon, uma menina de 14 anos que vivia no auge da curiosidade natural da sua idade, é assassinada pelo seu vizinho de uma forma meticulosa e brutal. Atraída por este quando regressava da escola para um anexo subterrâneo situado num milheiral, a vida da família deste ‘pequeno peixe’ não voltou mais a ser a mesma.
O choque natural de tão devastadora situação vai ao longo do tempo transforma-se numa obsessão, principalmente para o seu pai que busca vingança e justiça. Este vai então conduzir algumas investigações privadas na tentativa de descobrir tão cruel homem que terá sido capaz de fazer mal à sua querida filha.
A verdade é que a vida acabou cedo de mais para Susie, que agora se encontra num limbo celestial a observar e narrar todos os desenvolvimentos do filme. Com tanto que ainda ficou para fazer, será que esta vai conseguir seguir em frente?
Diogo: O poder dos sonhos de uma adolescente, desfeitos abruptamente e de forma ‘violenta’, testados aqui neste filme de Peter Jackson. ‘Visto do Céu’ apresenta no seu argumento algumas características que poderiam fazer deste um filme inquietante ou até mesmo chocante… Mas a verdade é que este acaba por ser um filme bonito, na essência da sua palavra. Visualmente, as atmosferas imaginárias de um mundo entre terra e o paraíso, revelam-se fulcrais na mensagem do filme. Para este conteúdo também contribui de forma decisiva o pensamento singular da jovem Susie Salmon, interpretada por Saoirse Ronan. De forma igualmente decisiva, encontramos o nomeado ao Óscar de Melhor Actor Secundário Stanley Tucci por este mesmo filme. Na pele de um assassino, consegue quebrar a monotonia de algumas sequências de cenas e intrigar o espectador, naquele que é então sem dúvida mais um ponto de interesse deste ‘The Lovely Bones’.
Nota final: 8/10
Hugo: Peter Jackson traz-nos The Lovely Bones, um filme que em termos de qualidade está uns furos abaixo em relação ao que nos tem habituado. Embora tenha um argumento convincente, o desenrolar da história é algo inconstante o que faz com alguns momentos sejam demasiado depressivos e de repente a acção passa-se demasiado depressa. Uma nota positiva para as cenas espectaculares que o CGI empregado em grande parte do filme nos proporciona. Tal como o enredo do filme, o elenco também tem altos e baixos: Mark Wahlberg tem uma performance mediana e Rachel Weisz é praticamente uma nulidade, enquanto que Saoirse Ronan tem um desempenho fantástico para a sua idade e Stanley Tucci tem uma nomeação para o Óscar de Melhor Actor Secundário totalmente merecida. The Lovely Bones acaba por ser uma decepção pois graças a incoerências na realização não consegue captar toda a atenção do espectador.
Nota Final: 6,5 / 10
Mafalda: "Visto do Ceú" apresenta-se com uma temática complicada de captar em essência, mas que acabou por abordar competentemente valendo-se de belíssimos planos CGI (as representações do limbo celestial são soberbas). Porém, há algo que salta à vista do espectador: a disparidade qualitativa de algumas interpretações. Se por um lado temos um desinspirado Mark Wahlberg, por outro temos o merecidamente nomeado ao Óscar, Stanley Tucci, o inquietante assassino de Susie. Uma prestação imperdível. Apelativas revelaram-se também algumas das sequências entre o real e o celestial, na casa da jovem, em que há como que uma sobreposição de planos muito bem conseguida. De mencionar ainda a tensão crescente, e muito bem vinda diga-se, para um final que achei... ridículo. Não pelo final em si, que achei adequado à história, mas pela maneira como foi filmado e apresentado ao público. Houve um claro exagero. Assim, com uma ou outra incoerência e transições de cena algo pobres (passar de um momento dramático para outro de comédia de maneira tão repentina pode cair mal a alguns espectadors), "The Lovely Bones" acaba por ser uma proposta interessante, muito pela mensagem que transmite.
Nota Final: 7 / 10
Megan Fox, Megan Fox e mais Megan Fox. Sim, a rapariga é engraçada, de facto, e atrai bastante público para uma sala de cinema (já para não falar de um certo beijo altamente mediatizado...), factores estes bastante óbvios tanto para produtores como para realizadores (neste caso, para Karyn Kusama, responsável por “Aeon Flux”). Agora, só é pena acabarem por se focar em demasia nesses mesmos factores e deixarem um pouco ao acaso tudo o resto, que é, nada mais nada menos que uma melhor qualidade da fita!
Com o argumento a cargo da oscarizada Diablo Cody (realizadora do alternativo “Juno”), “Jennifer's Body” conta-nos a história de Needy e Jennifer, a nerd e a cheerleader desejada por todos, mas que, curiosamente, são também as melhores amigas.
Um dia, resolvem assistir ao concerto de uma banda de Myspace, os Low Shoulder, que escondem um macabro segredo sobre as suas individualidades. E é precisamente esse segredo que vai mudar a vida de Jennifer e de todos aqueles que a rodeiam...
“Jennifer's Body” é uma mistura entre os filmes adolescentes e a comédia de terror, com um ou outro susto, piadas relativamente conseguidas, e uma banda sonora que tanto tem de interessante, misturando nomes como Foreigner e Black Kids, como de awkward, com utilização de determinadas músicas que se revelam completamente fora do contexto para com a cena em questão.
Algumas referências à cultura pop actual, como por exemplo aos X-Men ou até mesmo à Wikipédia, e ainda um competente momento musical encabeçado por Adam Brody são pontos altos numa fita cujo intuito é divertir, objectivo que consegue alcançar cabalmente, apesar de uma ou outra sequência menos bem conseguida.
Devo também denotar apreço pela técnica utilizada na sequência final da acção. Foi um bom pormenor. Já os diálogos... deixam a desejar em diversas situações, ora cedendo a clichés, ora sendo simplesmente sem nexo.
Não é um filme isento de erros, longe disso, mas pode ser encarado como uma nova forma de ver terror, com maior incidência no humor negro. E embora pudesse estar bastante melhor, é digno da pontuação que se segue.
“PMS isn't real Needy, it was invented by the boy-run media to make us seem like we're crazy.”
Nota Final: 6 / 10
Londres, 16 de Novembro de 2027. A taxa de infertilidade atinge os 90% e a pessoa mais jovem do mundo (com apenas 18 anos de idade), foi assassinada.
Um início arrasador. Contido, seco, frio, povoado por um sentimento de perda generalizado. Quase comparável à morte de uma celebridade mas, neste caso, bem mais que isso. É uma tomada de consciência do envelhecimento de uma sociedade à beira da extinção.
Violentas lutas e um profundo estado de anarquia ditam as leis da rua. Uma rua onde um solitário burocrata revoltado, Theo (Clive Owen), se vê involuntariamente submerso numa missão capaz de impedir a extinção do Homem. A missão de garantir a sobrevivência da última mulher grávida, Kee (Clare-Hope Ashitey).
O realizador mexicano Alfonso Cuarón, responsável pelo 3º capítulo da saga cinematográfica de Harry Potter, recria a atmosfera de “Os Filhos do Homem” como um painel “cinzento”, desprovido de qual magnificência ou fulgor. É amarga, assustadoramente próxima de algumas realidades que já hoje começamos a experiênciar.
Um guião bem estruturado se apresenta perante o olhar do espectador, a quem Clive Owen consegue sempre transmitir um “quê” deveras intrigante a cada um dos seus personagens, e este é manifestamente mais um destes casos. Julianne Moore também se apresenta em boa forma como a revolucionária Julian, assim como o eterno Michael Caine com o seu Jasper, um cartonista político, amigo de Theo.
Uma banda sonora adequada e planos de camara competentes, alguns em estilo documentário que fazem as delícias de qualquer espectador, fazem desta adaptação do livro homónimo de P.D. James, de 1992, uma fita recheada de pormenores e em que nada foi deixado ao acaso. Senão, que dizer do cenário desolador de uma escola abandonada, da luta por preservar alguma identidade cultural que ainda reste, e da composição de um retrato que quase nos retorna à conduta Nazi, que figurará sempre como uma das mais vergonhosas épocas da história humana? São estes pormenores que destacam esta película das demais com sentido apocalíptico, embora o seu guião seja algo previsível em alguns pontos, mas mantendo uma singularidade que o coloca no conjunto de filmes de topo.
De mencionar a sequência final, os ecos.. a sobreposição dos sons das balas sobre os gritos, e um choro... que finda um massacre. Os créditos finais que começam com sons de crianças, embora o final esteja aberto a uma leitura mais vasta do que a do simples “final feliz”. Uma conotação religiosa, com base no milagre que é o nascimento de uma criança, mas também no sacrifício próprio por aquilo que acreditamos ser um bem maior. Tal como a personagem de Owen o fez.
Uma curiosidade ainda a referir, é a existência de um take de 6 minutos de duração, sem cortes de qualquer espécie. Uma pequena proeza da qual Cuarón certamente se orgulha.
Um retirar e atribuir de esperanças que mexe com os nossos ideais, e nos faz pensar no que o futuro cada vez mais próximo nos pode reservar. Uma sobrevivência mergulhada no caos, uma lição e um dos melhores filmes de sempre.
“As the sound of the playgrounds faded, the despair set in. Very odd, what happens in a world without children voices.”
Nota Final: 9 / 10
Hoje decidi-me por uma abordagem diferente. Fazer a crítica enquanto vejo o filme.
Pois bem, esta é já a terceira vez que assisto a “Ghost Rider” e, como tal, a minha opinião está formada à bastante tempo. Pode-se dizer que o filme, é fraco. Realmente fraco.
Sim, temos as curvas de Eva Mendes para os espectadores mais atentos às beldades cinematográficas, e temos um dos personagens mais cool da Marvel (basta olhar para o poster). Mas isso, nos dias que correm, não chega, embora a facturação do filme tenha sido bastante positiva.
Mark Steven Johnson, o realizador de “Daredevil” e “Elektra”, apresenta-nos a história de Johnny Blaze (Matt Long), um jovem que realiza, juntamente com o pai, espectáculos de acrobacias com motos. Um dia, ao descobrir que o pai sofre de cancro, Johnny é tentado a realizar um pacto com o Diabo (Peter Fonda): ceder-lhe a sua alma, em troca da cura do pai.
O jovem acaba por assinar o pacto, mas logo é traído, assistindo à morte do progenitor. Desorientado, abandona tudo, incluindo a namorada Roxanne (Raquel Alessi).
10 anos depois, Johnny (agora interpretado por Nicolas Cage) é famoso pelas suas acrobacias, levando multidões ao delírio. Tudo parecia correr pelo melhor, não fosse um antigo “amigo” vir cobrar a sua parte do acordo. Mephistopheles, o Diabo, voltou para requisitar os serviços daquele que se vai tornar no novo Ghost Rider.
Cabe-lhe agora procurar o contrato de San Venganza, um contrato que possui 1000 almas demoníacas. Mas Mephistopheles não é o único a cobiçar o documento... Também o seu filho, Blackheart (Wes Bentley), pretende deitar-lhe a mão...
Estamos perante mais uma má escolha de Nicolas Cage, o que ultimamente tem sido bastante comum na carreira do actor. Com um argumento fraco, interpretações forçadas, diálogos medonhos (“My name is Legion. For we are many!”... Digam-me... o que é isto?...) e efeitos especiais que não são nada por aí além (porque é que sempre que ocorre a transformação parece que estamos perante um indivíduo sem pescoço?? E que proporções são aquelas?? Tenho de me lembrar de não fazer críticas enquanto assisto aos filmes... Assim sempre me vou esquecendo de alguns pormenores...), estamos perante o típico filme de super heróis que deixa muito a desejar. Meu querido “Batman” de Christopher Nolan...
O filme entretém, isso não se pode negar, mas apresenta momentos realmente maus, atingindo um expoente máximo de nulidade na sua recta final. Os vilões de tão ridículos que são, simplesmente não convencem. É mais uma boa história da banda desenhada que se perde com constantes recorrências a clichés e facilidades características deste realizador. Bom para ver numa tarde chuvosa, ou como é o presente caso, numa noite de rescaldo da passagem de ano. Quem aproveitou a passagem certamente não ligará muito à banalidade latente da fita.
“It's said that the West was built on legends. And that legends are a way of understanding things greater than ourselves. Forces that shape our lives, events that defy explanation. Individuals whose lives soar to the heavens or fall to the earth. This is how legends are born.”
Nota Final: 4 / 10
Porquê? Porquê esta adaptação completamente oca dos bonecos da Hasbro?
Enfim... Como o espectador já deve ter percebido, fui uma das pessoas que assistiu ao filme e que não se deixou "deslumbrar" nem pelo herói Duke, interpretado pelo atlético Channing Tatum, nem por mais uma prestação silenciosa, mas competente, de Ray Park (que já vimos em "Star Wars" no papel de Darth Maul) enquanto Snake Eyes, nem pelos efeitos especiais que, dou o braço a torcer, conseguem entreter quem vá com poucas expectativas para a sala de cinema.
A história do filme é muito simples: James McCullen (Christopher Eccleston) é um traficante de armas que planeia dominar o mundo através da criação de um exército de soldados nanotecnológicos, e por isso mesmo, mais fortes que os comuns humanos. Por forma a espalhar o terror, e dar início a uma nova era, pretende utilizar 4 ogivas concebidas com a mesma tecnologia, e que têm capacidade para destruir uma cidade inteira. É aqui que a equipa G.I. Joe entra em acção...
Stephen Sommers, o realizador de “Van Helsing” e “The Mummy” sofre aqui do mesmo mal que nos seus outros filmes (embora confesse o meu particular gosto por “The Mummy”), ou seja, consegue criar boas sequências de acção, mas com um argumento vazio e bastante parco em qualidade. E mesmo a acção é apressada, sem nexo por vezes, culminando num final atabalhoado e criado única e exclusivamente para permitir um insondável número de sequelas.
O mesmo se pode dizer das personagens, que conseguem uma profundidade igual a uma tábua rasa... Só Sienna Miller foge a esse rótulo, brindando o espectador com uma prestação deveras... sexy com a sua Baronesa, a vilã da história. E sim, também aqui o voyerismo para com a actriz está presente e diria até, bem latente. Mas numa fita em que as representações são quase que secundárias, dada a maior importância dada aos efeitos especiais, a jovem actriz britânica foi a única que me conseguiu convencer, num registo bad girl totalmente diferente daquele a que nos tem habituado.
Desta forma, “G.I. Joe: Ataque dos Cobra” vale somente pela acção frenética, efeitos especiais (que são, a par de Sienna, as únicas mais valias da fita) e pela quantidade industrial de vidros partidos.
Nada relevante e com uma potencial sequela a caminho, assim é um blockbuster rentável nos dias que correm...
“Technically, G.I. Joe does not exist, but if it did, it'd be comprised of the top men and women from the top military units in the world, the alpha dog's. When all else fails, we don't.”
Facto, é que falharam.
Nota Final: 4 / 10
Sidney Wells (Jessica Alba) é uma jovem violinista dotada de um enorme talento, mas que perdeu a visão ainda criança. Agora, perfeitamente adaptada a este modo de vida, vê a possibilidade de recuperar a vista através de um transplante de córnea.
Tudo parecia correr pelo melhor, até Sidney começar a ver algo mais do que esperaria...
Mais uma adaptação dos estúdios americanos de um filme de terror chinês, “Gin gwai” dos irmãos Pang, e que, segundo as críticas, nada mais é que uma cópia bastante inferior. Infelizmente (ou não, visto entrar na visualização desta fita com uma atitude mais neutra para com a mesma) não vi o filme original, de modos que não posso estabelecer um termo comparativo.
Ainda assim, posso dar a minha opinião sobre esta primeira incursão de Jessica Alba no género do terror. A jovem actriz consegue arrancar uma prestação razoável, bastante positiva em alguns momentos, e superior à dos outros actores. Mas, verdade seja dita, não era muito dificil consegui-lo... mas adiante.
A maneira lenta como a película se desenvolve, e o tempo que dispensa a cada espectro de acção conferem uma boa atmosfera para o que os realizadores David Moreau e Xavier Palud pretendiam mostrar.
Com alguns bons planos de câmara “O Olho” conjuga simplicidade narrativa com uma ou outra cena de “susto”. De frisar bem as aspas, porque são cenas agarradas ao mais comum dos clichés dentro do género. “Sustos” previsiveis, e que muito dificilmente o vão apanhar desprevenido.
Uma questão pertinente se coloca. O que mais gostei no filme foi a explicação dada para as visões de Sidney, mas, tendo em conta que estamos perante um remake, terá a versão original pormenores ainda melhores aos quais possa de facto atribuir a genialidade da ideia? Parece que tenho mesmo de deitar a mão ao original asiático...
Longe de ser incontornável, “The Eye” é o tipo de filme que entretém, funcionando talvez como uma boa aposta para quem deseja entrar neste género cinematográfico, já que se aproxima mais de um thriller sobrenatural do que propriamente de um filme de terror.
“I know you're scared. Don't be, 'cause the world really is beautiful.”
Nota Final: 6.5 / 10
Deslumbrante, único, um marco cinematográfico. O realizador James Cameron alcançou mais um feito, desta vez com a história de Jake Sully (Sam Worthington), um ex-marine confinado a uma cadeira de rodas, que foi convocado para uma missão no planeta Pandora.
A missão consiste na procura de um valiosíssimo mineral que é utilizado na Terra como fonte energética, localizando-se precisamente no seio da comunidade Na'vi, os habitantes daquele planeta.
Por forma a ganhar a sua confiança, estudar os seus costumes, e conseguir preciosas informações de como chegar ao mineral, Jake, através de um altamente avançado programa de avatares, vê a sua mente transportada para o corpo de um robusto Na'vi. E é aqui que o conflito interior do jovem tem lugar... Deverá ele lutar ao lado dos da sua raça, ou ao lado daqueles que agora o acolheram?
O filme é um deleite visual para o espectador, e a sua abordagem tridimensional é quase que obrigatória. Desde as paisagens, até às criaturas... Tudo é abordado com um enorme cuidado e bom gosto. Sim, a história é mais que vista, recheada de clichés, e sabemos desde cedo o desfecho provável, mas nem por isso o interesse do filme se vê gorado.
Certo mesmo é que Cameron é um mestre, e os 300 milhões de dólares que tornam “Avatar” no filme mais caro de sempre renderam, e bem! Nunca na vida, e afirmo-o com toda a convicção, vi uma tão perfeita simbiose de imagens reais com o mais refinado CGI. Esqueçam tudo o que viram até agora, e marquem uma nova etapa do cinema a partir do sucessor de “Titanic” no que aos sucessos do realizador diz respeito (já repararam como o senhor marca décadas com cada filme que faz? “Terminator” é mais um exemplo disso mesmo!).
A nível interpretativo, o leque de actores brinda-nos com convincentes performances. Quem me conhece bem sabe que opinião tenho sobre Michelle Rodriguez... Pois agora cabe-me dar o braço a torcer e dizer que, de facto, gostei imenso da sua prestação. A sua personagem, Trudy Chacon, embora com pouco tempo de intervenção, marca pela positiva. Nota de referência ainda para Sigourney Weaver, em boa forma, mas com uma condução do personagem que me confundiu um pouco. Gostaria de ter visto o “mau feitio” da personagem um pouco mais aprofundado, mas esteve a bom nível, assim como Stephen Lang, o implacável coronel Miles Quaritch. Com uma condição física invejável, Lang revelou-se o vilão perfeito, com tiradas que denotam bem o cariz político que Cameron tentou induzir na película.
Por fim, de frisar que “Avatar” é apontado como o novo salvador da indústria cinematográfica de Hollywood. As condições para tal estão reunidas, portanto não será de estranhar que o consiga!
Quase 3 horas de duração que servem como prenda de Natal antecipada para qualquer cinéfilo que se preze. Um verdadeiro must see!
“Everything is backwards now, like out there is the true world and in here is the dream.”
Nota Final: 9 / 10
Dá que pensar. Esta será certamente a melhor conclusão a retirar do filme sensação de 2009 nos Estados Unidos, “Actividade Paranormal”.
Um casal, uma casa, estranhos fenómenos e uma câmara de filmar. Estão lançados os dados numa história que, como é anunciado, não deverá ser vista por um solitário espectador. Mas elaboremos um pouco mais...
Micah (Micah Sloat) e Katie (Katie Featherston) são um jovem casal que, após se mudar para uma nova casa, começa a aperceber-se de estranhos fenómenos que ocorrem sem razão aparente. Por forma a desvendar o mistério, decidem instalar uma câmara no seu quarto, o local onde se dão a maioria dos fenómenos, registando assim tudo o que acontece enquanto dormem.
Nunca é demais referir que esta película do estreante Oren Peli foi filmada em apenas 7 dias, na casa do próprio realizador, contando somente com 4 actores e livre de grandes efeitos especiais. Assim, não será dificil concluir que os baixos custos de produção (cerca de 11 mil dólares) se vêem agora mais que rentabilizados, ou não fosse “Paranormal Activity” um tal sucesso de bilheteira que chegou mesmo a destronar “The Blair Witch Project” do topo da lista dos filmes que mais lucraram na sua estreia.
Essencialmente, podemos atribuir a “culpa” de tal situação ao incansável marketing em torno do filme. O trailer oficial utilizou uma metodologia já usada no sublime “REC” (foram publicitadas as reacções do público aquando do visionamento da fita), o que acaba por, de certa forma, levar o espectador a um engano.
Sim, um engano. Eu gostei realmente da película mas, verdade seja dita, o trailer é ambicioso demais, levando a espectador a ter uma noção bastante distinta da realidade. Existem somente dois ou três momentos de susto (momentos esses que se encontram presentes no trailer, o que condicionou, e muito, a minha reacção à visualização dos mesmos), e pouco mais. A restante fita prende-se bastante em alguns clichés comuns neste tipo de produção, e dá bastante relevância ao dia a dia do casal, o que para mim é uma mais valia, pois confere um maior realismo à história que nos é contada.
Por isso mesmo, o tom dramático que Peli consegue imbutir resulta, não só pelos efeitos da câmara que atribuem um nivel bastante elevado de veracidade e proximidade, mas também pelo facto de se basear em factos reais.
As cenas sem explicação são uma constante, e a tensão à medida que o filme se desenrola é palpável. Os actores têm também um bom desempenho, permitindo uma preocupação quase que imediata com a sua situação.
Fica a ideia que algo mais poderia ter sido feito (especialmente no final, que se prova demasiado repentino e quase que cortando o clímax da acção), mas se tivermos em conta os baixos recursos de que o realizador dispôs, estamos perante um bom filme, inquietante, perturbador, claustrofóbico, com carisma documental, e que se distancia dos demais títulos do género. A ver.
“You cannot run from this... It will follow.”
Nota Final: 8 /10
Há 10 anos atrás, a cidade de Harmony ficou marcada por um terrível acidente. Um grupo de mineiros ficou soterrado por culpa de um acto irreflectido de Tom Hanniger, um ainda inexperiente mineiro e filho do dono das minas Hanniger. Desse grupo, só Harry Warden sobreviveu, entrando porém num coma do qual só veio a despertar um ano depois, no dia 14 de Fevereiro.
Assim, sedento de vingança, o mineiro assassina 22 pessoas, entre os quais, um grupo de jovens que celebrava o dia de São Valentim. Nessa mesma noite, Harry reencontra Tom, mas é abatido pela polícia antes de conseguir matar o jovem. Agora, Tom está de regresso a uma cidade marcada pela tragédia, e cujos habitantes nada mais nutrem por ele que desconfiança e rancôr...
Eis a história da minha primeira experiência 3D no cinema. Boa companhia, pipocas e um filme... deprimente. Pois, não correu lá muito bem para primeira vez. “São Valentim Sangrento” apresenta-se como um remake do filme homónimo de 1981, e nada mais é que o típico filme slasher sem conteúdo. Uma premissa gasta à partida, nada inovadora, carregada de clichês, previsível e, guess what, extremamente aborrecida.
Vale talvez por algumas tiradas de humor negro, e por um ou outro efeito 3D bem conseguido. Embora, confesse, sejam bastante repetitivos. O instrumento de susto pouco varia, estando o espectador condenado a ser “atacado” constantemente pela picareta do assassino.
A única cena digna de relevo (e desculpem-me as mentes mais sensíveis), será mesmo a do hotel. Sim... há nudez gratuita. Mas é isso que destaca a cena das demais. É a única inovação da qual o realizador Patrick Lussier se pode gabar (e com um bom desempenho por parte da actriz Betsy Rue, apesar das condicionantes naturais neste tipo de cena).
Porque à parte disso, só há mesmo a retirar péssimas interpretações de um elenco jovem maioritariamente televisivo (“Supernatural” e “Dawnson's Creek” que, obviamente, não garantem bons actores cinematográficos), diálogos banais e monótonos, cenas sem nexo e uma fraca ambição (bastante notória na recta final do filme, que pouco mais é que risível). Tudo bem que estamos a falar de uma película claramente destinada ao entretenimento, mas não é razão para o profundo desleixe que se sente na fita.
Dispensável, a não ser que vá assistir ao filme livre de quaisquer expectativas.
“Damn Harry Warden. Got me aiming at shadows.”
Nota Final: 4 / 10
Numa algo atribulada ida ao cinema, optámos por um dos filmes menos publicitados, o thriller de terror “The Echo”, um remake do filme filipino “Sigaw” de 2004 e que conta, curiosamente, com o mesmo realizador, Yam Laranas. Ao contrário da maioria dos remakes, “The Echo” tem uma clara vantagem ao contar com o realizador do original para proporcionar uma melhor adaptação para os cinemas americanos.
Agora... Filme de terror? Bem, terror é uma categoria bastante subjectiva. Desde uma maior atenção da minha parte para filmes deste género que se tornou mais simples uma distinção dentro do mesmo. Uma divisão de classes, por assim dizer. É por isso mesmo que posso afirmar que “O Eco”, apesar de montado e publicitado como tal, está mais perto de um thriller do que de um filme de terror, puro e duro. Tem algumas cenas que apelam nesse sentido, mas pouco mais.
A fita prende o espectador com um suspense contido, difícil de digerir e compreender. Porque a situação assim o exige. Mas abordemos a história primeiro.
Bobby (Jesse Bradford) é um jovem em liberdade condicional que luta por refazer a sua vida. Volta à sua cidade natal, Nova Iorque, arranja um emprego e tenta reconquistar Alyssa (Amelia Warner), a sua antiga namorada. Agora, a viver na casa que pertencera à sua mãe, Bobby começa a apercerber-se de estranhos acontecimentos relacionados com os seus vizinhos. À medida que os ecos de uma história aparentemente por resolver galgam na vida do jovem, adensa-se o mistério em volta da morte da sua mãe. Conseguirá Bobby desvendar o mistério antes que este o leve à loucura e até, quem sabe, à sua própria morte e daqueles que ama?
A película deixa a sensação que algo mais poderia ter sido feito a nível de background da personagem principal. Embora sejam dadas algumas explicações, sente-se um desleixe nesse sentido, focando-se o filme num conjunto exarcebado de questões por responder.
A complexidade é uma constante, e alguns pormenores poderão confundir o espectador. Contudo, a fita vive muito dos efeitos sonoros, jogo de luzes e cores (os tons mortos conferem um ambiente interessante e claustrofóbico) e planos de acção capazes de provocar alguns “sustos”. E é nisso que se destaca. O trabalho de câmara está muito bem conseguido, de facto.
É um filme difícil de digerir, denso, e longe de ser perfeito, mas que se consegue consumar em competência. Cumpre aquilo a que se propõe.
“You hear them... don't you?”
Nota Final: 7 / 10
Baseado no anime criado por Hiroyuki Kitakubo, chega-nos a história de Saya (Gianna Jun), uma jovem japonesa de 16 anos, que trabalha para uma organização não governamental cuja principal missão é aniquilar seres demoníacos.
A particularidade, é que Saya é uma das últimas vampiras originais, filha de pai humano e mãe vampira. A jovem vive com um só objectivo: vingar-se de Onigen, o demónio que matou toda a sua família e cuja verdadeira identidade é abraçada por um segredo...
Alguns contornos da história permitem ao espectador afirmar estar perante uma versão feminina de Blade, porém, embora as semelhanças consideráveis, o que salta à vista é o facto deste “Blood – The Last Vampire” não chegar sequer aos calcanhares dos dois primeiros filmes da referida trilogia protagonizada por Wesley Snipes. Mas vamos ao filme em si...
Sem diálogos eloquentes ou extensos, “Blood: O Último Vampiro” deixa muito a desejar. Se por um lado realiza um bom esforço em dinamizar sequências de acção mais que vistas (destacam-se as cenas de luta na floresta nipónica, por exemplo), com efeitos especiais inovadores, por outro perde o rumo graças a uma actuação fraquíssima por parte dos actores.
Consegue alguns bons planos de acção e fotografia, mas quase de imediato desfaz esse crescendo desempenho ao apresentar-se com uma fraca montagem. A continuidade das cenas vê-se comprometida por inúmeras vezes, causando um desnorte natural no espectador. Falha grave ainda no CGI, como podemos observar pelo vilão fraquíssimo, mal conseguido, e pouco apelativo.
Completamente oco, sofrível, vazio e dispensável. Assim é mais este filme de vampiros, que prometeu mais do que aquilo que pode realmente oferecer. E agora pergunto-me: porquê colocar numa sala de cinema, um live-action tão mau que, aos primeiros minutos, se revela desde logo um erro? Dá que pensar.
"She's out there... searching..."
Nota Final: 3 / 10
Mais uma curta portuguesa que esteve a concurso no MOTELx e que se pode muito bem resumir numa palavra: poética. O jogo de luzes e cenários permite uma abordagem estéticamente bonita, claustrofóbica e convincente, que nos prende até ao final, numa expectativa crescente.
Ana Moreira, a par de Cláudio da Silva, protagoniza esta película realizada por Joana Linda e que tem a morte, e a espera pela mesma, como agentes principais da acção. São minutos de ansiedade por parte do espectador que pode ter várias leituras sobre o mesmo segmento que se lhe apresenta, ao mesmo tempo que vê a relação dos protagonistas como um contraponto atenuante da situação experienciada pela personagem de Ana.
Um filme de vampiros? Um filme de lobisomens? Algo com ou sem nexo? Que situação é esta que se desenrola perante os nossos olhos?
São diversas as questões que se levantam e que culminam num grito desesperado, que ecoa na memória findos os 15 minutos de duração da curta, e uma mensagem que fica, de que o caminho para aquele que se apresenta como o fim de um ciclo, deve ser trilhado de forma balanceada entre o consciente e o inconsciente. Porque há fugas que não são possíveis, nem concretizáveis.
A protagonista encontra-se numa dessas fugas, assim como o espectador, que não deve por nada perder este hino aos sentidos e a um dos maiores medos do ser humano. Imperdível, e a meu ver, uma das melhores curtas apresentadas no Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. O prémio teria sido bem atribuído, como poderão comprovar aqui: http://www.bright-white-light.com/diary/?page_id=1506.
"Ela está a chegar... Tem pressa, tem fome..."
Nota Final: 8 / 10
Noite de Halloween. 4 histórias intrinsecamente ligadas. Nada confuso, nada decepcionante. Simplesmente... soberbo!
Desta forma se resumiria aquela que foi, pelo menos para mim, uma das melhores surpresas a nível de longas metragens nesta terceira edição do MOTELx.
A premissa deste "A Noite de Todos os Medos" prende-se com as acções que conseguem relacionar 4 histórias tão diferentes como a de um professor que mantém uma vida secreta como serial killer, uma jovem virgem que aguarda pela pessoa certa, um grupo de jovens que prepara uma terrível partida, e ainda um velho rabugento com um segredo do passado prestes a ressurgir.
Contando com nomes como Dylan Baker, Anna Paquin, Brian Cox e Lauren Lee-Smith no leque de actores, não será difícil concluir que a fita saiu a ganhar em matéria interpretativa. Anna e Lauren, em particular, conseguem abrilhantar aquela que encaro como a melhor história em termos visuais. Recordo-me de imediato de uma transformação que quem tiver oportunidade de visualizar, saberá certamente ao que me refiro. Muito bem conseguida.
Uma outra mais valia da película prende-se com a abordagem às diferentes histórias como se de uma banda desenhada se tratasse. Um bonito e envolvente “separador” que ajuda o espectador a acompanhar melhor o desenrolar da fita, uma vez que esta se apresenta num “trás para a frente” constante, interligando as mais diversas personagens.
Outro pormenor que me cativou foi o jogo de comédia com um terror mais “sério”. As gargalhadas foram audíveis na sala, mas também não faltaram os comuns saltos na cadeira. Tudo se conjugou impecávelmente para um produto final coerente, interessante, original e divertido. Algumas sequências poderão até lembrar um qualquer episódio da série televisiva “Arrepios”, mas desengane-se o espectador ao pensar que isso é mau. Pelo contrário.
Considerado um dos melhores filmes sobre a festiva época do Halloween, desde... pois bem, “Halloween” de John Carpenter, “Trick r’ Treat” apresenta-se como uma lufada de ar fresco dentro do género, sendo extremamente injusto o seu lançamento directo para DVD.
Inteligente, provocador, onde nem tudo é o que parece. É assim se compõe uma película imperdível e que conquistou calorosos aplausos nos festivais de cinema em que se apresentou.
“Always check your candy.”
Nota Final: 9 / 10
“Mais valia ter ficado em casa…”
Foi desta forma que se expressou a maioria das pessoas que assistiram à película de Fabrice Du Welz, “Vinyan”. E devo dizer que concordo com elas.
Jeanne (Emmanuelle Béart) e Paul Belmer (Rufus Sewell) são um casal que vive preso à memória do filho, Joshua, que desapareceu no tsunami de 2004, na Tailândia. Porém, Jeanne sempre manteve a esperança de o filho estar vivo, muito pelo facto do corpo nunca ter sido encontrado. Agora, 6 meses depois, ao assistir a uma cassete filmada na Birmânia, Jeanne pensa ter vislumbrado Joshua.
O casal começa então uma busca desenfreada pelo filho, pelos estranhas e perigosas selvas tailandesas, onde o tráfico de crianças é uma constante.
Perturbador q.b., “Vinyan” desenrola-se monótonamente por entre paisagens deslumbrantes, mas pouco mais há a retirar do filme. Béart que nos costuma brindar com boas interpretações simplesmente não teve força para fazer frente a um enredo mundano, sem nexo e que peca por alguma falta de explicações.
Um outro factor que pode deixar os espectadores defraudados prende-se com a publicidade que se fez sobre o filme. Tudo leva a crer que estamos perante um filme de terror, no sentido lato da palavra, quando o que realmente se nos apresenta é um drama psicológico, com algumas cenas um pouco mais fortes mas que dificilmente justificam a tendência que se induz nos potenciais espectadores. O filme perde, e nós também. Se até o próprio realizador diz que “não de trata de um filme de terror”, não se percebe a insistência da produtora em proporcionar tal engano. Mas adiante...
Algumas questões ficaram sem resposta e o espectador fica sem saber até que ponto todos os “condenados” pelos Vinyan (os espíritos de alguém que foi morto sob terríveis circunstâncias, e que aparecem na fita sobre a forma de crianças... ou pelo menos, será essa uma das explicações) merecem ou não a sua punição.
A fotografia e efeitos competentes não são suficientemente fortes para desculpar as situações inusitadas, sendo bastante fácil concluir que estamos perante uma das grandes desilusões que passou pelo MOTELx. Vale pelos minutos iniciais, com uma entrada “ensurdecedora” e envolvente. Já o final... é melhor nem falarmos nisso.
“You let him go.”
Nota Final: 4 / 10
Coube a “Rogue”, filme australiano do mesmo realizador de “Wolf Creek”, dar as boas vindas a todos aqueles que no dia 2 deste mês se dirigiram ao Cinema São Jorge para a sessão de abertura do MOTELx.
Como diria o Diogo, “o videoclip do malogrado Michael Jackson, “Thriller”, foi a curta metragem non-official a passar antes do filme”, à semelhança de todas as sessões dos restantes dias do festival que contaram com o visionamento de uma curta (portuguesa ou internacional) antes da película em si.
Na presença de John Landis, responsável pelo já mencionado videoclip, desenrolou-se pois um filme que, contra alguma desconfiança, visto tratar-se de um monster movie (algo que me faz alguma confusão desde o triste “Lake Placid”), se provou um bom valor dentro do género.
A história passa-se numa Austrália remota, onde se encontra Pete McKell (Michael Vartan), um jornalista para uma revista de viagens. Lá, Pete embarca juntamente com outros turistas num passeio pelo rio do Kakadu National Park, por forma a observar crocodilos. Mas o que eles não esperavam era tornarem-se no principal alvo da besta...
Certamente pensará o espectador (e com razão) que estamos perante uma ideia mais que vista. O que diferencia então este “Rogue” dos restantes monster movies? A meu ver, a construção de personagens. Os momentos iniciais da fita são dedicados a conhecer os diversos tripulantes e a observar as belas paisagens com que Greg McClean nos brinda, tudo num estilo quase documental e que não deixa antever o momento que marcará o início do pesadelo para os personagens.
Num filme parco em sequências gore (uma vez que a maioria das mortes acontece em off-screen), Radha Mitchell e Michael Vartan (mais conhecido pelo seu papel na série Alias) são protagonistas à altura e não se excedem no típico “romance no meio de uma situação difícil”, construindo antes uma relação de mútuo respeito. Sam Worthington, mesmo que mal aproveitado, provou boas capacidades interpretativas, que certamente o ajudaram a conseguir o protagonismo em “Terminator Salvation”, a par de Christian Bale. A ter em atenção.
Pecando um pouco nos efeitos especiais finais do crocodilo e trabalhando alguns dos momentos de maior tensão com uma adequada banda sonora, “Rogue” é acima de tudo um filme consistente, que nos coloca em intímo contacto com a complexidade humana e que, dentro das suas impossibilidades, consegue ainda assim ser plausível em determinados pontos, fugindo do ridículo a que se renderam alguns dos seus antecessores.
Uma abertura digna!
“Are you sure you want to be the last one across?”
Nota Final: 8 / 10
Maria Álvarez é uma jovem colombiana que trabalha num viveiro de rosas, até ao dia em que, por ter uma má relação com o patrão, decide despedir-se. Agora, para sustentar a família, Maria decide entrar no negócio de transporte de droga que tem como destino os Estados Unidos da América. Ela, juntamente com Lucy (Guilied Lopez) e Blanca (Yenny Paola Vega), vê naquele transporte a hipótese de uma vida. Grávida do primeiro filho e com apenas 17 anos, transporta no seu estômago 62 cápsulas de droga, e basta uma rebentar para que tudo acabe. Mas o dinheiro que tem a receber, justifica o risco...
Esta é como se diz, e bem, uma história baseada em mil. Um submundo pouco explorado e que aqui se apresenta como um competente produto e, arrisco mesmo a dizer, um dos melhores filmes de 2004.
Com uma história bastante dura, “Maria Cheia de Graça” não é certamente um filme para as massas. Premiado em diversos festivais de cinema, como o Sundance ou o Festival de Berlin, este poderoso filme teve uma surpreendente e merecida nomeação ao Óscar na categoria de Melhor Actriz para a estreante Catalina Sandino Moreno, a protagonista que podemos também ver em “Paris, je t’aime” ou, futuramente, no 3º capítulo da saga de “Twilight”.
As boas interpretações são uma constante no filme. Um bom exemplo disso é a cena que acompanha a viagem das “mulas” (nome dado às traficantes que utilizam o seu corpo para transporte das substâncias). A tensão é palpável, bem como a angústia por que passam aquelas mulheres que raramente transportam menos de 50 cápsulas, consoante a sua massa corporal. Essa e a cena em que Maria ingere as cápsulas de droga são sem dúvida marcantes e destacam o filme do simples melodrama.
Realista e sem se deixar cair em situações caricatas ou saídas fáceis. Assim é este filme de Joshua Marston. No mínimo, indispensável!
“Y usted cuántas veces hecho esto?"
Nota Final: 8 / 10
Após as desistências de David Fincher e de Joe Carnahan em dar continuidade à saga de “Missão Impossível” eis que surge em cena J.J. Abrams. Depois de assistir a alguns episódios da conhecida série “Alias”, produzida por Abrams, Cruise viu nele o homem ideal para recuperar para este “Missão: Impossível 3” um potencial que desaparecera no capítulo anterior.
De imediato pensei que voltaríamos a ver o verdadeiro Hunt, e em plena sala, confirmei as minhas expectativas, naquele que é, para mim, o melhor capítulo até ao momento.
Neste 3º capítulo, Hunt (Tom Cruise) leva agora uma vida normal e pacata. Está noivo de Julia (Michelle Monaghan), que desconhece a sua condição de agente secreto, e deixou o trabalho no terreno, dedicando-se somente ao treino de novos agentes do IMF. Contudo, essa sua “nova” vida é alterada por completo quando Lindsey (Keri Russell, num papel que esteve destinado a Scarlett Johansson), uma das suas melhores alunas, é feita refém na sua primeira missão. Agora, Hunt terá de resgatar Lindsey e enfrentar o perigoso traficante de armas Owen Davian (Philip Seymour Hoffman) que o tem na mira, a si... e a Julia.
Comparativamente com o primeiro “M:I”, que nos oferecia um envolvente clima de espionagem, este “M:I 3” recupera esse clima, embora numa dosagem menor, é certo, mas que se vê compensada com boas sequências de acção. Ou seja, num balanço, “M:I 3” consegue ser um produto mais consistente, daí a nota superior em relação aos outros títulos da saga. Abrams mostra-se incansável nesta sua estreia cinematográfica e fala-se já num novo capítulo a seu cargo.
Os momentos iniciais do filme recuperam o início característico da série de televisão, e é-nos apresentado um determinado ponto do filme em que o confronto entre Hunt e Davian está já no seu limite. A partir daí, Abrams recupera o começo do filme onde somos introduzidos a uma outra faceta de Ethan: a vida que partilha com Julia. Assim, e ao contrário da fita de De Palma, somos levados a conhecer melhor o personagem e a criar laços com ele, algo que tinha sido bastante complicado de alcançar nos filmes anteriores (um pouco mais simples talvez na película a cargo de John Woo, embora a química do actor com Thandie Newton estivesse longe de ser perfeita).
Aproveito esta menção para abordar as interpretações. Os “veteranos” Cruise e Rhames mantêm-se nos seus papeís com o nível a que já nos habituaram, jogando bem com a entrada de Laurence Fishburne enquanto chefe de Ethan, e de Philip Seymour Hoffman, que se mostra um vilão à altura, conquitando bons momentos de tensão e roubando todas as suas cenas.
Resta-me pois recomendar este filme com acção vertiginosa e bem conseguida que não deixará o espectador indiferente!
“Who are you? What's your name? Do you have a wife? A girlfriend? Because if you do, I'm gonna find her. I'm gonna hurt her. I'm gonna make her bleed, and cry, and call out your name. And then I'm gonna find you, and kill you right in front of her.”
Nota Final: 8 / 10
4 anos depois, a cargo do realizador John Woo, eis que chegou o mais fraco capítulo da saga. Infelizmente, é possível resumir desta forma a película em que o agente especial Ethan Hunt (Tom Cruise) tem como missão recuperar um vírus mortal, criado em laboratório, e o seu respectivo antídoto. Ethan deve criar uma equipa de agentes à sua escolha, mas deverá recrutar também Nyah Nordoff-Hall (Thandie Newton). A sua importância para a missão é vital, uma vez que é a ex-namorada de Sean Ambrose (Dougray Scott), o agente da IMF que roubou o vírus.
A princípio a premissa parecia interessante, muito também pela bem desenvolvida trama do primeiro filme. Contudo, depressa nos apercebemos que o engenhoso guião foi esquecido e substituído por sequências de acção que, embora bem coreografadas, devem pouco à credibilidade. É facto que, por se tratar de um filme de acção, o exagero está muitas vezes presente, mas há sempre limites razoáveis dentro dos quais é possível executar um melhor trabalho.
Um bom exemplo disso são os minutos iniciais da fita. Em Dead Horse Point, Utah, vemos Hunt a praticar boulder, um tipo de escalada em que não são utilizados equipamentos de segurança. Exige muita perícia e força, daí ser indicado para alturas não superiores a 5 metros. Ou seja, locais completamente opostos áquele em que Hunt se encontra. Mas lá está, é um filme de acção, situações destas são quase imperativas. Agora, não roça o ridículo como, por exemplo, a cena de luta na praia... O espectador compreenderá ao que me refiro se tiver oportunidade de visualizar a película.
Mas fora esses exageros, “M:I 2” peca essencialmente pelo facto de ver o clima de espionagem do filme anterior transformado numa simples miragem. Há uma perda de identidade do agente especial bastante notória na fita, e o guião torna-se simples de mais, já para não falar no vilão, que está longe de ser interessante. Falha grave também no mau aproveitamento da qualidade interpretativa de Sir Anthony Hopkins.
Desta feita, “Missão Impossível 2” não passa do filme feito somente para entreter. Pena é que anteriormente nos tivessem “servido” um Hunt mais interessante, pois caso isso não tivesse acontecido, poderíamos encarar este segundo filme mais como um produto isolado, do que como uma sequela mal conseguida.
“Mr. Hunt, this isn't mission difficult, it's mission impossible. "Difficult" should be a walk in the park for you.”
Nota Final: 5 / 10
- Somewhere
- 127 Hours
- Blue Valentine
- The Dilemma